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S.R.C.E.S. PRIMEIRA DA CIDADE LÍDER - CARNAVAL 2004
Enredo: São Paulo de Piratininga – Pequena História de uma Grande Cidade

O Grêmio Recreativo
Autor: Jorge Henrique

 

Junho de 1553:

Um vento frio entrava pela janela da taipa e enregelava a pequena assembléia, onde alguns jesuítas davam a importância de reunir seus pupilos numa só aldeia. Por serem poucos, os padres poderiam mais facilmente catequizar os índios, juntando-os num mesmo local.

Todos de acordo separaram-se para procurar um sítio adequado que tivesse clima ameno e vastos campos. Acharam-no dois dias depois num planalto de 700 metros de altitude, onde construíram um colégio e ao lado uma capela. Na capela, o jesuíta Manuel da Nóbrega rezou a primeira missa, no dia 25 de janeiro de 1554, dia de São Paulo "santo da data". Por esse motivo o pequeno povoado situado no planalto de Piratininga, passou a ser chamado de São Paulo de Piratininga.

A VILA DOS CONFLITOS

Pouco distante do colégio vivia um certo João Ramalho, casado com a índia Bartira, filha do chefe Tibiriçá. Associado, a alguns brancos e mamelucos, Ramalho dedicava-se à caça e ao comércio de índios.

Essa gente formava um núcleo, Santo André da Borda do Campo, elevado a vila em 1553. A vizinhança dos jesuítas não foi vista com bons olhos por Ramalho e seu grupo, pois os padres eram inimigos dos caçadores de índios. Não tardaram as brigas entre os dois povoados.

O Governador Geral do Brasil, Mem de Sá, tentando eliminar os conflitos transferiu a sede de Santo André para São Paulo e ao mesmo tempo elevou à categoria de Vila (1560), mas isso de nada valeu, pois as escaramuças (pequenos conflitos) atravessaram todo um século e no período de 1612 a 1660 esses conflitos chegaram a paralisar o progresso do lugar. Nessa época a região de São Paulo estava desligada da Coroa e não recebia atenção de Portugal.

A única atividade rendosa era mesmo comercializar com os silvícolas. Em 1609, promulgou-se uma lei proibindo a escravização indígena. Os paulistas provocaram tal celeuma que a lei foi revogada em 1611.

Nem mesmo a Igreja com suas ameaças de excomunhão, aos mercadores de índios, conseguiu mantê-la. Esse era mesmo o único meio de vida da humilde Vila de São Paulo.

O OURO ATRAÍ E REPELE

Pela vila correu a notícia do ouro em Minas Gerais. Os paulistas largaram tudo e se embrenharam sertão a dentro rumo às minas, deixando em suas casas suas mulheres com alguns poucos escravos. As plantações ficaram praticamente abandonadas.

As boas novas também atraíram para a vila gente de toda espécie e de todo canto. Mas durou pouco o movimento na vila. Fim da euforia do ouro, os paulistas retornaram a sua vila, a maioria de bolso vazio, pois não encontrou o tão sonhado ouro. Nessa época São Paulo parou, nos primeiros séculos após a fundação da vila viviam gente mais humilde. Eis que os bandeirantes partem em busca de desbravamento e riquezas.

Enquanto isso, os proprietários de terras mantinham as casas em São Paulo apenas para descansar, tratar de negócios ou assistir uma festa. A população da vila fabricava utensílios, fiava, confeccionavam roupas e criavam gado. Plantavam trigo, algodão, cana, uva, banana, lima, laranja, tudo para subsistência. Cultivavam rosas para fazer água de rosas, que na época começava a florescer como produto comercial.

Começava a mudança de Vila de São Paulo para São Paulo e com o passar do tempo e a expulsão dos jesuítas em 1759, outros padres, franciscanos e beneditinos, foram encarregados da educação de São Paulo, mas só com o cultivo do café ampliou-se o campo da educação.

Por volta de 1830, o café irrompeu nos campos de São Paulo, a vila foi elevada à categoria de cidade em 1771. A face de São Paulo transfigurou-se, surgiram belos jardins, o mais antigo, o da Luz e belas mansões na região da Paulista e Campos Elíseos.

Mais tarde fundou-se a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, por onde passaram célebres como Castro Alves, Fagundes Varela, João Nabuco, Rui Barbosa e outros.

Na década de 1850 apareceram os primeiros jornais, o mais antigo era o Correio Paulista (1854), porém o mais importante era o Província de São Paulo (1854), que a República mudou o nome para Estado de São Paulo.

Em 1867, inaugurou-se o Mercado Municipal e em 1872 o serviço de bonde puxado à burro e a iluminação a gás.

Ergueram-se monumentos, um dos mais belos o Monumento do Ipiranga. Na extinta plantação de chá foi construído o Viaduto do Chá.

Em 1911, inaugurou-se o Teatro Municipal.

Com a construção da represa de Santa Amaro (Guarapiranga), as possibilidades industriais aumentaram graças a energia elétrica.

Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), São Paulo devido aos produtos importados iniciou um processo de industrialização inédita no Brasil e nunca mais parou.

Durante muitos anos o centro da cidade era o triângulo formado pelas ruas Quinze de Novembro, Direita e São Bento. Ali ficavam os bancos, repartições, lojas, etc.

Do outro lado do Viaduto do Chá ficava a Rua Barão de Itapetininga com suas lojas, seus cafés rodeados por teatros e posteriormente cinemas. Era o ponto de encontro de pessoas elegantes.

Hoje tudo mudou, o centro de atividades está na Avenida Paulista com famosos arranha-céus.

No entanto em 1930, o Edifício Martinelli pasmava por sua altura e seus 29 andares.

Hoje São Paulo é uma das cidades mais povoadas do planeta e continua sendo o centro financeiro do Brasil.

"Já não tem garoa, nem lampião de gás e nem muita paz, mas é querida por todos que aqui habitam, não é triste nem alegre, é autentica.

Parabéns querida cidade que já foi dos pardais e madrigais, das bancas de flores, de muita poesia e amores.

Será sempre e para sempre o coração do Brasil.

BANDEIRA DA CIDADE FOI CRIADA NUM ESTALO

Num estalo. Foi assim que Lauro Ribeiro Escobar, estudioso de heráldica (símbolos genealógicos) e vexilogia (bandeiras), criou a bandeira de São Paulo, no ano de 1987. "É uma bandeira simples e discreta, mas que fiz tudo sobre a cidade", afirma o criador, de 74 anos que admite sentir imenso orgulho quando a vê hasteada. "Só não chego ao ponto de ficar contando que fui eu quem criou, mas não escondo quanto tenho oportunidade".

Ele concebeu a bandeira seguindo a linha do brasão de armas da cidade, elaborado em 1917. Segundo ele, o brasão e a bandeira tem de estar em harmonia. Por isso, as cores vermelho e branco vieram do brasão. A inscrição em latim, Non Ducor, Duco (Não sou conduzido, conduzo) também na bandeira, Lauro colocou a cruz da Ordem de Cristo. "Por dois motivos. O primeiro pela influência portuguesa e o segundo por causa dos padres jesuítas".

Em 1958 a necessidade de ter uma bandeira na cidade ficou evidente. Caio de Alcântara Machado, fundador da Alcântara Machado Feiras e Negócios, estava realizando a primeira Fenit e mandou hastear quatro bandeiras no Viaduto do Chá: do Brasil, do Estado, da Fenit e da cidade. Mas não tinha.

Para contornar o problema, ele acabou improvisando uma bandeira branco com um retângulo, mandada fazer às pressas. Mas foi só em 1986 que Jânio Quadros nomeou uma comissão para a criação da bandeira. No ano seguinte, ela saiu do papel.

 


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