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G.R.C.B. PARAÍSO DO SAMBA - CARNAVAL 2004
Enredo: Theatro Municipal nos 450 Anos de São Paulo

O Grêmio Recreativo
Autor: João Carlos

 

São Paulo na virada do século XIX para o XX era uma cidade em expansão. A riqueza originada do café e o início da industrialização faziam acumular riqueza nas mãos da elite local, os "barões do café", que sentiam falta de local apropriado para um convívio social mais refinado. A colônia italiana, sempre ligada às artes cênicas e ao canto - como prova a popular tarantella - estava enraizada. Além disso, os italianos, exímios artesãos, supriam mão de obra nas artes industriais, área sempre carente por aqui. Some-se a obsolescência dos teatros locais e terrenos aí um quadro propício para a construção de uma nova casa de espetáculos: recursos e operários especializados. O público estava assegurado, pois havia na Capital Paulista um claro gosto pelas artes sucessoras da commedia dell'arte, das tradições dos arlequins.

Assim, em 1903, por iniciativa do Vereador Gomes Cardim foi lançada a pedra fundamental da obra, com projeto de Cláudio Rossi e Domiziano Rossi, em estilo predominantemente barroco. Os delicados vitrais da fachada e a suntuosa escada do saguão principal continuam sendo grandes marcas do prédio do Theatro Municipal. Em 1911, concluída a obra, o Prefeito Raimundo Duprat nomeou a comissão que tratou da abertura do teatro, afinal ocorrida em 12 de setembro, com apresentação de Hamlet de Ambroise Thomas, pela companhia do grande barítono Titta Ruffo.

Desde então o Municipal tem sido referência nas artes cênicas. Entre tantos momentos marcantes, registrem-se O Guarani, com a magistral Bidu Sayão interpretando árias como "Sento uma forza indômita", e de clássicos do balé, com os inesquecíveis Nijinski e Ana Pawlova. Teatro de prosa, nacional e internacional, não podem ser esquecidos, dignificados por Marcel Marceau e por estupendas montagens de clássicos como Hamlet e inovações como Véu de Noiva, de Nelson Rodrigues, que inaugurou o moderno teatro nacional.

Isso sem contar com o Teatro Nô japonês e outras atrações inolvidáveis, que dignificam a profissão de ator, herdeiros das tradições das bacantes, que exaltam a tragédia e comédia.

E o municipal marcou definitivamente a história da cultura nacional, ao sediar a Semana de 22, que abalou as estruturas da arte brasileira, sendo comparável em importância à produção de Aleijadinho para o barroco e à missão francesa para o classismo. Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e um Villa-Lobos regendo de chinelos fizeram o Brasil repensar a produção artística.

Hoje ainda o Municipal tem enorme influência nas artes, por suas duas orquestras, seus dois corais, seu quarteto de cordas e seu corpo de baile. O municipal permanece mais vivo do que nunca, por seus artistas e sua loboriosa técnica, que faz o grande espetáculo do povo desta capital.

O Theatro Municipal está mais preparado que nunca para o futuro, para viver mais uma grande produção das artes de São Paulo, testemunhando o engrandecimento de nosso espírito.

Parabéns Municipal. Parabéns São Paulo.

 


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