Nos fins do século,
XVI não se pôde ainda estabelecer exatamente o ano,
subleraram-se os escravos negros de um grande
engenho de cana-de-açúcar no sul da Capitânia de
Pernambuco.
Mal clareou o dia,
armados de foices, chuços e paus, atacaram e
dominaram, amos e feitores.
Viram-se assim,
senhores do mesmo engenho que tanto tempo havia sido
o instrumento de sua opressão.
Mas logo a
perplexidade: que fazer; liberdade, conquista?
Não ignoravam que, se
ficassem no engenho, seriam em breve atacados por
tropa bem armada, contra a qual seria vã qualquer
resistência.
Sabiam do mesmo modo
que não poderiam homiziar-se em alguma das
mesquinhas e solitárias povoações portuguesas
espalhadas ao longo do litoral.
Menos ainda se
sentiriam tentados a repetir a malograda experiência
de outros negros rebeldes que erguiam toscas moradas
em ponto situado a escassas léguas da fimbria
litorânea.
Esta última solução
oferecia como única vantagem a possibilidade de se
conservarem livres um pouco mais de tempo.
Mais dia, menos dia,
seriam descobertos e capturados pelos
Capitães-do-mato. Pois a tática empregada por esses
rafeiros profissionais do escravismo se
caracterizava por uma rigorosa infalibilidade.
Uma vez achado o
escravo; não tinha dificuldade em reduzi-lo graças a
superioridade das armas.
Levaram então o cativo
de arrasto até seu amo, recebendo a paga pelo
serviço prestado.
Os rebeldes tomaram
uma resolução desesperada: buscar refúgio na região
conhecida como Palmares.
Região da Serra da
Barriga, no território do atual Estado de Alagoas,
um dos mais famosos Quilombos do Brasil, tornou-se
refúgio de trabalhadores, escravos fugidos, brancos
descontentes com a corte portuguesa.
Como a maioria dos
refugiados eram homens a falta de mulheres era
muita, aí o rapto de mulheres índias para o Quilombo
que foi favorecido pela luta entre holandeses e
pernambucanos, milhares de cativos escapavam dos
engenhos pernambucanos e formaram na região
quilombos com mais de 1.000 habitantes.
Fortes resistiam por
décadas aos ataques holandeses e luso-brasileiros.
Para se oporem aos
ataques reescravizadores os quilombolas formaram uma
confederação sob o comando de chefe político e
militar. A confederação dos quilombos dos Palmares
constituiu um verdadeiro Estado Negro Livre no
coração do Brasil escravista.
Os quilombolas
praticavam a mineração clandestina, na Amazônia,
dedicavam-se ao extrativismo no litoral, perto da
cidade ou ao longo do caminho, viviam do desvio de
ouro, diamantes, produtos da floresta, os bens
desviados eram trocados por alimentos com
comerciantes, fazendeiros e regatões ávidos de
lucro.
Nas cercanias das
cidades, fujões viviam em pequenos quilombos e
vendiam caça, linha, ovos e etc..., à população
urbana.
Geralmente as terras
dos quilombos eram férteis e muito ricas em frutas
nativas, e caça em abundância.
A maioria dos
quilombos viveu da agricultura com ferramenta
rústica, plantavam pequenas roças de milho,
mandioca, feijão, abóbora e etc..., os quilombolas
vendiam parte gêneros agrícolas que produziam para
comprar armas, pólvora, ferro e outros produtos.
Os quilombolas eram
alegres, festeiros, lá os negros manifestavam-se
religiosamente pintavam figuras que recordavam as
lembranças da Mãe África e saudavam os Orixás.
Por mais de quatro
séculos os quilombos resistiram e ainda resistem.