À 06 de agosto de 1910, nasce Adoniran
Barbosa (nome de batismo João Rubinato) na cidade de Valinhos, ele foi o
sétimo filho de um casal de imigrantes italianos.
Viveu grande parte de sua infância com a
família em Jundiaí, onde trabalhou de entregador de marmitas no Hotel
Central, de varredor numa fábrica de tecidos e também ajudava o pai no
carregamento de vagões da São Paulo Railways (hoje Santos-Jundiaí).
Em 1924 muda-se com a família para Santo
André, onde foi tecelão, encanador, pintor e garçom, e em 1927 aprendeu
a profissão de metalúrgico-ajustador no Liceu de Artes e Ofícios de São
Paulo, já nessa época faz seus primeiros sambas, que logo joga fora.
Foi morar em São Paulo (1932) na Ladeira
Porto Geral, onde foi vendedor de tecidos no comércio da 25 de março.
Depois de muito insistir, consegue não ser
"gongado" no programa de calouros da Rádio Cruzeiro do Sul (1933)
cantando Filosofia de Noel Rosa. A convite de Paraguassu atua como
cantor num programa de 15 minutos.
No ano de 1935 conquista o 1º lugar no
concurso de músicas carnavalescas da Prefeitura de São Paulo, com a
música Dona Boa ( com J. Ambere), nessa ocasião passa a usar o
pseudônimo Adoniran Barbosa. A partir daí ele perambula por várias
emissoras, recebendo cachês e divulgando seus sambas. Atuou nas rádios:
São Paulo, Difusora, Cosmos e Cruzeiro do Sul.
Adoniran tinha vários parceiros de samba,
mas em 1941 veio conhecer a PRB-9, Rádio Record, o escritor radiofônico
e futuro parceiro Oswaldo Moles, que percebendo seu talento começa a
introduzi-lo em vários programas, e passa a escrever para os personagens
criados para Adoniran, como Zé Cunversa, Barbosinha- Mau Educado - da
Silva, Pernafina e Jean Runinet.
Da década de 40 até 1972, permanece na
Record se notabilizando como Grande Radioator Cômico, sendo líder de
audiência com vários de seus programas.
Seu segundo casamento aconteceu em 1949
com Mathilde de Luttis, companheira que viveu com ele até o último dia
de sua vida. No mesmo ano, com seu espírito inovador, fundou o primeiro
time de Dente de Leite que se chamava Barbosinha Futebol Clube e ficava
no Parque D. Pedro. Adoniran era um corinthiano apaixonado por futebol.
A carreira de Adoniran a partir daí vai
evoluindo cada vez mais, tanto como radioator cômico ou compositor, ele
sempre retratava situações do cotidiano paulistano em seus personagens
(migrantes e imigrantes) ou em bairros de nossa querida São Paulo.
Com a estréia do Programa "Charutinho" e
de "Histórias das Malocas" (Rádio Record) em 1956 ele retrata a capital
paulista de uma forma crítica e bem humorada. Nessa época os Demônios da
Garoa gravam Saudosa Maloca, As Mariposas e Samba do Arnesto,
composições que foram o maior sucesso, tanto que até hoje são lembradas
por vários segmentos de nossa sociedade.
O Rádio no Brasil sempre foi muito rico, e
nas décadas de 40, 50 e 60, foi instituído um troféu, tipo o "Oscar",
para prestigiar os profissionais da área, era o Prêmio Roquete Pinto, e
por várias vezes Adoniran Barbosa foi contemplado com o troféu, tanto
pelo seu talento como ator ou compositor, sendo que em 1965 recebeu essa
honraria por ter vencido o concurso do IV Centenário do Rio de Janeiro
com o samba Trem das Onze.
Apesar do grande sucesso, ele nunca foi
rico, tanto que no início da década de 60, fazia apresentações em circos
com "Histórias das Malocas", para ter um reforço financeiro para viver
bem.
Há quem diga, que embora se conheça
Adoniran por suas composições musicais, a sua grande paixão seria a
carreira de ator, pois além do rádio, ele teve participação no cinema em
filmes como:
Esquina da Ilusão (de Ruggero Jacobi)
O Cangaceiro (de Lima Barreto)
A Carrocinha (com Mazzaropi e direção de
Agostinho M. Pereira)
Bruma Seca (de Mário Civelli)
Na extinta TV Tupi, foi também ator das
telenovelas:
Mulheres de Areia
Os Inocentes
Ovelha Negra
Xeque Mate
As obras musicais de Adoniran foram
gravadas por grandes intérpretes como Elis Regina, Clara Nunes, Araci de
Almeida, Demônios da Garoa, Altemar Dutra, Maísa, etc...
No ano de 1972 se aposenta na Rádio
Record, mas continua compondo, e de 1976 à 1982, grava 03 Lps, sendo que
o último, que foi comemoração aos seus 70 anos (1980), teve a
participação de diversos intérpretes como Alocin, Carlinhos Vergueiro e
Eduardo Gudin.
São Paulo 23 de novembro de 1983, morre
Adoniran Barbosa, deixando saudades e uma grande obra que o eternizará
para sempre.
CONSIDERAÇÕES
Este enredo se propõe a homenagear
Adoniran Barbosa sempre enfocando o homem popular que ele era, buscando
no cotidiano Paulistano a inspiração para suas músicas e personagens.
Devemos avaliar também que suas letras,
embora aparentemente simples e compactas, tinha invariavelmente uma
crítica social ou um sentido muito mais profundo do que podia parecer.
Devemos perceber que nosso Poeta-Ator-Comediante, era um apaixonado pela
nossa São Paulo, e tinha a preocupação de falar de seus bairros,
monumentos, construções (arquitetura), dos migrantes e imigrantes, enfim
de tudo que compunha o cenário da Capital Paulista.
Homenageando Adoniran, certamente
estaremos também homenageando a cidade de São Paulo, que foi sua grande
paixão.
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