G.R.C.E.S.
Cachoeira Império do Samba, apresenta o seu tema enredo a distinta
Comissão Julgadora do Carnaval, aos sambistas e ao público em geral; com
o objetivo de divulgar a história do Quilombo do Jabaquara no Estado de
São Paulo, o maior do sul do país e a sua importância na libertação da
escravidão; e das figuras humanas que participaram desta epopéia.
Lei Áurea:
em 1888 a Princesa Isabel a redentora assinou a Lei Áurea já nesta época
o número de escravos em São Paulo já não era muito elevado.
E isso
devido a ação dos caifazes de Antonio Bento de Souza e Castro, que
formavam uma sociedade secreta de pessoas de toda a camada social;
pretos, brancos, mulatos, ricos e pobres, que num conjunto trabalhavam
para a fuga dos escravos das fazendas, escondiam-no e os encaminhavam
para regiões onde encontravam trabalho, inclusive em fazendas de
proprietários contrários à escravidão. Mas a maioria dos fugitivos iam
para o Quilombo do Jabaquara. Na Baixada Santista, que tinha uma
população estimada de 10.000 pessoas; como homens livres, esses
ex-escravos iam trabalhar no cais do porto de Santos.
O Quilombo
do Jabaquara; em Santo situava atrás das terras do fazendeiro Matos
Coelho, numa área coberta de matas fechadas e primitivas. Lá começaram a
ser escondidos os negros, cujo número se tornou expressivo, necessitando
de um chefe que liderasse aqueles homens livres e organizasse a
comunidade. Foi escolhido o negro Quintino de Lacerda, que se tornou o
Zumbi do Quilombo, que organizou a defesa, um sistema suficiente para
impedir a penetração dos capitães do mato atacassem em massa de
surpresa, Antonio Bento e seus caifazes os negros Ventania e Bento
autores de grandes façanhas que estão na memória do povo montaram um
posto avançado de proteção em Zanzalá, junto a Fazenda Ponto Alto.
Quando os
negros desciam do planalto para o Quilombo do Jabaquara, a única
barreira que interpunha a eles era a Ponte do Casqueiro, onde o Governo
destacou forças policiais para lhes cortar a passagem. No entanto,
geralmente eles conseguiam fazer a travessia devido ao ideal
abolicionista que dominava também muitos homens de farda, conta-se que
um dia apareceu lá uma caravana de fugitivos maltrapilhos crianças,
velhos e mulheres, sendo impedidos de passarem pela ponte.
Quem
comandava a força policial era um sargento do Exército, que mandou
formar a tropa e calar as baionetas e afirmou que cumpriria as ordens
recebidas, de impedir que qualquer fugitivo cruzasse a ponte.
No Rio
Casqueiro já se havia formado um flotilha de barcos do abolicionista,
disfarçados de pescadores, que haviam sidos avisados em Santos para se
dirigir àquele local para conduzir ao Jabaquara o magote de ex-escravos.
Por sinais o comandante deu a entender que pelo rio os mais de 300
negros poderiam passar utilizando os barcos e canoas... E assim
aconteceu; todos passaram navegando sobre o leito do Rio Casqueiro.
Vida Social
do Quilombo; todo trabalho no Quilombo eram dividir igualmente a todos
Quilombolas bem como todos os produtos resultantes deste. Na época da
colheita eles dividiam os frutos e trocavam o excedente por óleo e sal
com a população de Santos; terminada a colheita eles faziam a sua
Kizomba (festa do povo do Quilombo), onde havia fartura de comidas e
bebidas, danças do jongo, umbigadas, capoeira, batuque. A festa durava
vários dias onde eram relembrados fatos acontecidos com os seus
antepassados africanos. Por causa de Antonio e seus caifazes do Zumbi
Quintino de Lacerda e os Quilombolas do Jabaquara, na atuação da
libertação dos escravos em São Paulo; Rodrigues Alves, que na república
governaria São Paulo, por mais duas vezes, seria Presidente da
República, enfrentou grande dificuldades com a economia agrícola
entrando em processo de decadência por falta de braços, tumultos
constantes, as fazendas de cafés viam-se da noite para o dia sem um
único escravo para tocar o eito. Isso se dava principalmente na região
de Campinas, onde o café dominava a economia no final do século. Quando
a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea era voz comum em São Paulo que se
abolição demorasse mais alguns anos não encontraria aqui mais nenhum
escravo, pois os caifazes conseguiriam dar fuga a todos eles, e ainda
antes que isso acontecesse os escravocratas se convenceriam da
inutilidade de continuar mantendo o vergonhoso sistema de exploração do
seu semelhante.
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