PREFÁCIO
Inezita Barroso nasceu em um domingo de
Carnaval, 04 de março na Rua Lopes de Oliveira, na Barra Funda. Na
porta passava o Cordão Camisa Verde (hoje Escola de Samba). A música
foi o primeiro som que ouviu e como se diz, não poderia dexiar jamais
de amá-la. É mulher do Ano do São Paulo Woman's Club, foi eleita
porque representa a mulher valorrosa, lutadora e como personalidade de
destaque no ambito do folclore e música regional brasileira.
Cresceu ouvindo violas, catiras, vendo
café e gado; passando suas férias nas fazendas da família.
Com cinco anos Inezita já se apresentava
com o repertório completo de Carlos Gardel; O mais velho achava
impróprio, e os mais jovens aplaudiam e ensinavam mais.
Sua tia e madrinha estudavam violão por
música, e foi escondida atrás de um sofá que começou a tocar de tudo
o que ela ouvia e aprendia. Percebendo o quanto ela era dotada,
resolveram então matriculá-la no curso da Profª Mary Buarque, recén
chegada dos Estados Unidos: violão, canto, declamação e boas
maneiras!
De seu pai, com importante cargo na
Estrada de Ferro de Sorocaba, Inezita herdou o gosto pelas viagens,
pelos lados mais expressivos, das peculiaridades regionais que os
trilhos indiscretos revelavam. Aprendeu paisagens que se sucediam por
janelas que nunca param... (Desse pai Inezita ganhou no aniversário a
presença mais ilustre de Raul Torres colega de Sorocaba), com quem
aprendeu importantíssimas melodias, e até o antológico
"rasqueado", maneira de tocar nas cordas do violão como
ninguém o fizera tão bem.
A Sorocabana possuía então uma estação
de rádio com rede de transmissão interna. Pois nesse tempo, ainda
muito pequena, nossa Inezita já se apresentava ao lado, nada menos do
que de Raul Torres.
O LADO MATERNO, PAULISTA QUATROCENTÃO
Família de muitos filhos, o que propiciou
a inezita uma infância de passar as férias nas fazendas dos tios,
andar a cavalo, conhecer restos de senzalas e conviver com os caboclos
das colônias, nos tempos em que, sem outras influências que não a
força da própria raça, se ouvia a viola, violão e cantorias.
Por isso que a gente entende como cabe
tanto conhecimento em uma só pessoa. É preciso aqui mencionar que
junto de toda essa riqueza de influências espontÂneas, o lado formal
de sua educação foi igualmente bem cuidado. Formou-se bibliotecária,
conhecimentos que até hoje norteiam seu valoríssimo acervo. Dos
diversos cursos de teoria musical, técnicas de interpretação e
outros, resultaram sua carreira de Professora e concertista de
piano e violão. Afinal, falar de Inezita Barroso é falar de música.
Cantou, desde que se conhece por gente, em
todas as festas, formaturas, missas, serestas, concertos, recitais e
datas representativas.
Até que já casada, em Recife, numa
viagem de recreio, foi lançada para um recital no teatro Santa Izabel.
Era Outubro de 51.
Dali. Já saiu compromissada com a Rádio
Clube de Recife a quem curiosamente devemos a profissionalização de
Inezita Barroso, (sobrenome do marido. Falando de rádio, vem desde
então atuando por todos os cantos do país. Rádio Nacional do Rio,
Nacional de São Paulo, Rádio Jornal do Comércio de Recife, Rádio
Carve de Montevidéo, Rádio Tupi do Rio de Janeiro, Rádio Record de
São Paulo e muitas outras emissoras de quase todo o Brasil.
Enquanto isso na televisão, já gavia
protagonizado programas ao vivo na TV.
Há também um sem número de
significativas lembranças que só a ela conseguiram tocá-la (um guiso
de cascavel para dar sonoridade à viola, uma imagem de São Gonçalo
Violeiro de 300 Anos, uma Bandeira do Divino, uma viola de cocho...)
Cada qual desses documentos têm a sua referência viva no peculiar
cotidiano dessa criatura tão única, tão simples e verdadeira.
- Apresentadora e cantora, no programa
Viola Minha Viola, da TV Cultura de São Paulo.
- Apresentação, direção musical e
parte folclórica da Estrela da Manhã, Programa da Rádio Cultura AM de
São Paulo, que vai ao ar das 5:00 às 7:00 da manhã, todos os dias.
- Cursos de Folclore, ministrado para
professores pela Secretaria de Educação de São Paulo.
- Palestras inúmeras, sempre sobre temas
Brasileiros, sendo que só no ano de 1994 foram realizados mais de 20
eventos em Faculdades, Sesc, Sesi, Eletropaulo, dentre outras entidades
de importância similar.
- Trabalhos de pesquisa folclórica, em
especial pelo interior Paulista.
- Shows e Palestras por todos os cantos do
País, inclusive pelo exterior, também.
Alguns de seus principais grandes Sucessos
Musicais.
A Marvada Pinga, Rio de Lágrimas, Divíno
Espírito Santo, Estatuto das Gafieiras, Funeral de um Rei Nagô, Viola
Quebrada, Mineiro tá me Chamando, e tantos outros...
- Recitais em teatro com pesquisas
próprias, direção e apresentação com a colaboração de grupos
folclóricos.
- Muitos discos em sua carreira solo e,
diversas participações com renomados artistas.
- Agendadado com vários Festivais de
música Caipira e Folclore, no país e no exterior.
- Professora de Viola e Piano.
Que vida extraordinária desta incansável
e privilegiada mulher, aí está a razão de ser a expressão máxima do
Folclore e da música regional brasileira. Marca principal de sua vida
ensinando, divulgando, cantando, com sua divina voz, a todos nós que a
admiramos.
É o programa mais antigo da televisão de
São Paulo, com tradição e boa música... Espaço para reencontro com
artistas importantes e descobertas de novos talentos.
Misteriosamente, o Viola Minha Viola
agrada todas as gerações, de tal sorte, que não raro avós, pais e
netos pedem autográfos á Inezita onde quer que ela esteja (O que não
a impede de andar livremente por São Paulo adorada). Tem virado moda
pedir a opinião de Inezita sobre os mais variados assuntos e
personalidades, artísticas ou não.
Estudantes e professores, jornalistas,
antropólogos dos principais museus, professores universítarios,
religiosos de variadas corresntes, alunos, todos querendo
entrevistá-la.
Parece que as pessoas se deram conta de
alguém tão coerente sem intransigência, tão simples nas questões
mais controvertidas, tão firme sem ser dona da verdade, tem algo
relevante a dizer.
Isto nos conduz a outra importante faceta
de seu trabalho: Palestras e Cursos de Folclore para os mais diferentes
auditórios. Crianças, idosos, jovens Universitários, religiosos,
gerentes de bancos e executivos de Multinacionais, Cientistas em
educação, psicólogos, professores, radialistas, liberatos, médicos,
dentistas, biólogos.
Vejam e constatem que carreira
maravilhosa: De total dedicação e amor à música e ao estudo de
nossas raízes (folclore)
- Carreira profissional em discos.
- Docência Universítária. Há 13 anos,
nas cadeiras de Folclore Brasileiro e História da Musica Popular
Brasileira.
- Conservatório Musical de Pouso Alegre -
MG.
- Universidade de Mogi das Cruzes.
- Faculdade Capital - SP
Cinema: sete filmes, inclusive, tendo sido
laureada, com prêmio Saci, como melhor atriz do ano, pelo filme Mulher
de Verdade, em 1954, com direção de Alberto Calvacante.
Prêmios nacionais e internacionais em
todas as categorias em que atuou. Comendas, troféus, medalhas,
menções-honrosas, placas comemorativas, diplomas de mérito, votos de
louvor, são de frequência inimagináveis...
Tupi de São Paulo, assim como em várias
outras televisões do Brasil como Rio, Tupi do Rio de Janeiro, TV
Itapoá da Bahia, TV Jornal do Comércio de Recife, TV Farroupilha de
Porto Alegre, no Pará, Amazons, Maranhão, Paraná, Mato Grosso, Minas
Gerais e por aí vai...
Com
a TV Record de São Paulo, teve uma ligação maior. Participou da
inauguração em 54 e lá ficou até 64, com programas exclusivos de uma
hora semanal com direito a grande orquestra, cenários e trajes típicos
para cada música, tudo ao vivo!
A
discografia de Inezita Barroso dispensa qualquer elogio.
Recebeu
o título de "Rainha do Folclore Brasileiro" aliás, a que ela
faz jus em todos os dias da sua vida.
Além
do seu mágico violão e da querida viola, fez-se acompanhar por
orquestras regidas por Hervê Clodovil, Guerra Peixe, Gabriel Migliore,
Ciro Pereira, Radamés Gnatalli e outros.
Cantou
à capela com os Titulares do Ritmo e com corais como XI de Agosto.
Levou
aos estúdios de gravação catireiros, violeiros, berranteiros,
sanfoneiros, ritmistas, foliões de reis e grupos folclóricos do
Amazonas aos Pampas, sempre respeitando de cada qual o seu lado mais
popular.
Ressalta-se
que nessa trajetória, há um magnífico trabalho sobre os hinos
patrióticos, em que canta com a nossa Banda da Força Pública de São
Paulo, de quem é Madrinha mais querida.
Aliás,
madrinha, é considerada por inúmeras duplas sertanejas e caipiras que
hoje fazem sucesso. São gratos à luta de Inezita pela nossa música
raiz. É que estão bem lembrados nos anos 60, quando os ritmos
Americanizados varriam o País, com pretensões de trocar nossa
identidade.
Nessa
hora houve uma moça Paulista que gravou "Clássicos da Música
Caipira", em quatro discos da maior abrangência, fechando essa
cadeia que se teimava em quebrar.
No
cinema, em sua fase de ouro, Vera Cruz convoca Inezita para seis de suas
ótimas produções, época de Ziembinsk, Adolfo Celi e todos os nomes
que vieram a fazer cinema aqui com tecnologia Européia, para nossa
norte.
Contudo,
foi na Kino Filmes, dirigida por Alberto Cavalcanti em "Mulher de
Verdade", que recebeu um prêmio Saci como melhor atriz de
1954".
Aliás,
a tônica de seu programa Viola Minha Viola da TV Cultura de São Paulo
que vai ao ar aos domingos.
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