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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.B.C. TORCIDA JOVEM - CARNAVAL 2000
Enredo: Encantos e Poesias no Feitiço das Sereias

O Grêmio Recreativo
Autor:

 

O imaginário é a nossa via de saída, mergulhamos num Oceano de Mitos e Lendas, o homem defronta-se com monstros, serpentes marinhas, deuses e demônios...

"Mas navegar era preciso..."

Em busca de novas conquistas e de um sonho de felicidade, o homem envolveu-se num mar de mistérios e magias, descobrindo Novas Terras e Novos Povos. Ao satisfazer os seus anseios e inquietações, surpreendeu-se e fascinou-se por um Ser Místico com a metade do corpo para cima em forma de mulher e rosto de virgem e a outra metade em forma de peixe. O homem apaixona-se e encanta-se pelas belas e sedutoras Sereias.

Sereias: Consideradas Musas da Morte, célebre pela doçura de seu canto. Ninfas que têm o poder de cativar e seduzir com suas canções, todos aqueles que as ouvissem, que encantados irresistivelmente eram atraídos e levados à morte.

Ao longo do tempo, as Sereias mudavam de forma, por vezes surgiam como aves de plumagem avermelhada e feições de uma meiga e linda mulher. Convictas de seus poderes, as Sereias enfrentaram e desrespeitaram as Musas, filhas do Soberano Deus Júpiter. Por tal atrevimento, elas foram castigadas, sendo dispensadas e arremessadas ao Mar, assumindo definitivamente a imagem de meio mulher e meio peixe. Desta maneira passaram a viver entre pedras e rochedos, da onde chamam e atraem para a morte os navegantes enfeitiçados pelo som suave de suas vozes.

Divas de marinheiros e pescadores, foi fonte de inspiração para poetas, músicos e escritores. Coincidência ou não, sua imagem e seus símbolos estão presentes em Mitos, Contos e Lendas de vários países, culturas e povos de tradições e religiões diferentes, sempre narrando naufrágios, desafios e paixões.

Homero, poeta grego autor de "Odisséia", descreve as Sereias como: "... Sedutoras de todos os homens que delas se acercam..."

Ulisses, rei lendário e herói grego, para ouvir o canto das Sereias e não padecer, seguiu os conselhos de Circe, a feiticeira, tapou com cera os ouvidos dos remadores e de sua tripulação e ordenou que o amarrassem ao mastro de seu navio, para que resistisse à tentação de lançar-se ao mar.

Anfitrite, divindade marinha, que por sua intensa beleza, conquistou Netuno, Deus do Mar, que para provar o seu grande amor, realizou um cortejo com golfinhos, estrelas e luas.

Orfeu, com os sons melodiosos da sua lira, cantou mais suave e belo que as Sereias do Mediterrâneo, fazendo que elas se precipitassem ao Mar, transformando-as em rochas, pois era preciso morrer quando alguém não sentisse os efeitos dos seus feitiços.

Em Gales, durante o século VI, pescadores conseguiram capturar uma Sereia, que foi batizada e cultuada como Santa, sob o nome de Murgen.

Nas sagas narradas pelos Vikings, guerreiros e navegadores escandinavos que realizavam longínquas expedições marítimas, encontramos a presença das Sereias, que os acompanhavam durante suas viagens. Para evitar tal presença, os Vikings ornavam com esculturas de Deuses e Monstros as proas de seus barcos, acreditando que tais imagens assustariam as Sereias, assim como os espíritos do mal.

Nos canais e diques da Antiga Escócia, vivia uma Sereia que triste não cantava. Ninguém a compreendia, porém ensinaram-na a fiar e a venerar como por instinto a cruz. Mais tarde, tal Ser surgia na Noruega, onde muitos argumentavam que não era um peixe pois sabia fiar e não era mulher pois podia viver nas águas.

Iemanjá, principal divindade feminina das religiões afro-brasileiras, que segundo as tradições é a Deusa das Águas, que rege o Mar e o Amor. Também é conhecida pelos nomes de Janaína, Inaê, Aioca e Sereia do Mar. Durante a passagem do Ano Novo, tradicionalmente os fiéis, lançam flores e oferendas nas ondas do mar em sua homenagem.

Na cultura e folclore dos indígenas brasileiros, também encontramos a presença de símbolos e divindades associados às Sereias.

Iara, é uma índia de rara beleza, metade mulher metade peixe. Rainha das águas, que enfeitiça os homens entoando canções mágicas, ao ouvirem seu cantar os homens são atraídos para morte nas profundezas dos rios, lagos ou mares, pois ao olharem para ela ficavam cegos pelo esplendor de sua beleza. Os índios contam que Iara permanecia sobre os bancos de areia dos rios ou lagos, brincando com os pequenos peixes ou alisando seus longos cabelos com um pente de ouro, mirando-se no espelho de água, na espera de um valente namorado.

Em versos e prosas, poetas, músicos e escritores narram e descrevem as sensações e a satisfação que estar apaixonado pelas Sereias ou a tristeza e melancolia de não poder concretizar este amor impossível.

"Como é doce morrer no Mar... nos braços de Iemanjá..."

É neste universo de magia e sedução, entre mistérios e lendas, que o Bloco Carnavalesco da Torcida Jovem do Santos, vem transformar o Polo Cultural do Anhembi, num imenso Oceano de Paixões, onde navegantes, marujos, marinheiros e pescadores, provam o seu grande amor por estas Deusas e Musas que os seduziram e enfeitiçaram, unindo alegria e sofrimento com dor e prazer, num Cortejo Místico de luzes e cores.

 


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