INTRODUÇÃO

O tema deste ano vem prestando uma homenagem aos 70 anos de Vai-Vai, pois sua vida quase que resume a história do samba de São Paulo, graças a sua tradição hoje podemos dizer que nos orgulhamos da beleza e luxúria apresentada por esta escola em nossa passarela.

A FUNDAÇÃO DO CORDÃO

A presença do criolo na quermesse era marcada principalmente pelo batuque, mas havia também a língua africana. Nessa época, o carnaval de São Paulo se caracterizava por apresentações de grupos de choro e batuque. Esses grupos saíam às ruas e se encontravam em locais diversos, a eles se juntavam também jogadores de pernada, tiririca e capoeira.

Em 1914, surgiu o primeiro cordão de São Paulo, - O grupo Carnavalesco Barra Funda, onde se encontravam o choro e o batuque para animar o cortejo que começava a se estruturar. O cordão teve grande aceitação popular e logo formaram-se novos grupos entre eles o Vai-Vai.

Há 70 anos era conhecida como Saracura, parte do Bexiga que ficava às margens do Riacho Saracura, que hoje localiza-se mais ou menos entre as ruas Rocha e Rui Barbosa.

A Saracura tinha como principal ponto de encontro o Largo São Manoel (hoje o cruzamento da Rua Rocha com a Rua Una), ali perto ficava o campo de futebol do Lusitana. Nos fins da década 20, o outro time do bairro, o Cai-Cai, branco e preto, tinha um grupo de choro; Este organizava festas geralmente freqüentadas por um grupo de "penetras" liderados por Livinho e Benedito Sardinha. Esses "penetras" foram se tornando cada vez mais notados e talvez, por ironia em relação ao Cai-Cai, ficaram conhecidos como a turma do "Vae-Vae". Os penetras resolveram formar seu próprio conjunto e assumir o nome Vai-Vai, e logo o grupo se organizou, mas voltado para o batuque e o carnaval.

Já no sábado de carnaval de 1930, lançava o bloco dos esfarrapados que sairia por muitos anos da própria casa do Sardinha, na Rua Rocha 547, em frente ao campo Lusitano.

No ano seguinte (1931), além do bloco sairia também da casa do Sardinha o grupo carnavalesco Vai-Vai. Era o primeiro ano do Cordão que adotou como dia oficial de fundação 1º de janeiro de 1930 e escolheu para suas cores o Branco e Preto, provavelmente em decorrência de rivalidade ou mesmo, de simpatia em relação ao Cai-Cai.

Quando se formou o Vai-Vai, os Cordões já tinham uma estrutura definida que incluia rei e rainha, talvez por isso ou por alguma alusão ao Império ou à Princesa Isabel a coroa passou a fazer do símbolo do Vai-Vai; Os ramos de café representariam as riquezas paulistas, pois o café era um dos assuntos mais importantes da época (crise do café).

A atividade carnavalesca se juntou ao futebol e o grupo passou a se chamar Cordão Carnavalesco e Esportivo "Vai-Vai", e assim permaneceu até 1972 quando se transformou no "Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Vai-Vai.

O NASCIMENTO DA ESCOLA VAI-VAI

Em sua mudança foi criado o samba enredo, grande parte das comissões se transformaram em alas, apareceram os primeiros carros alegóricos, surgiu o Mestre-Sala acompanhado da Porta-Estandarte.

Todos os enredos apresentados pelo Vai-Vai cordão tratavam da história do Brasil, daí a identificação do "reinado" tradicional com a corte portuguesa. Em 1968, foi oficializado o carnaval paulistano e criado o "Regulamento de Carnaval", tornando assim, mais rígida a organização do desfile. Nessa época existiam 3 cordões: Camisa Verde e Branco, Fio de Ouro, Vai-Vai e trinta escolas de samba que constituíam 2 categorias de concurso, Cordões e Escolas, embora o Camisa e o Vai-Vai fossem as maiores agremiações em número de componentes foram sentindo a necessidade de se transformar em escolas e concorrer com um maior número de entidades. O camisa foi o primeiro a se decidir pela nova estrutura, em seguida o Fio de Ouro e o Vai-Vai se estimularam a se transformarem também e assim nasceu o "Grêmio Recreativo Escola de Samba Vai-Vai". Os três cordões desfilaram pela primeira vez como escolas de samba em 1972, neste ano, a estrutura do Vai-Vai foi totalmente modificada; na bateria foram introduzidos instrumentos leves como: tamborins, pandeiros, etc..., o andamento e a batida do samba tornaram-se mais leves e com mais balanço. O estandarte deu lugar à bandeira, nasceu a Comissão de Frente, a ala das baianas, e a alegoria de mão, as fantasias perderam seu peso tradicional e a evolução ficou mais dinâmica, surgiu o "Criolé" criado por Otávio como um novo símbolo que passou a acompanhar o Vai-Vai tanto nas glórias como nas tristezas.

A escola permanece no Bexiga na Saracura onde nasceu e cresceu, conquistando 10 títulos de campeã do carnaval paulistano; Sendo 9 vezes vice-campeã, por isso se envaidece pelo título "Orgulho da Saracura".

Hoje recebe os parabéns de todos, "pelos 70 carnavais". Parabéns Vai-Vai.