O Sol se põe no horizonte, as pessoas se
movimentam, os que voltam e os que vão para casa ou para o trabalho. A
noite mantém no espírito popular sua impressão de mistério. Para a
população do interior as horas das trevas são sinistras, mas para as
pessoas da cidade a noite é uma criança onde tudo pode acontecer.
De acordo com muitas tradições clássicas
da Grécia, não se pode pronunciar nomes malditos, nem praguejar porque
acontece o que se sugeriu e que o diabo acorre ao chamamento, pois é seu
domínio, a noite escura. As horas "abertas" são os dois crepúsculos,
vespertino e matutino, e a meia noite, o pino da noite, hora horrível, é
de universal assombro fantástico.
O respeito que os gregos e romanos tinham
pela noite, filha de Caos, irmã e esposa de Erebo, era complexo e cheio
de minúcias e cerimônias. As entidades terríveis de infinito poder
tinham nascido da noite e algumas sem união carnal, como o Destino, a
Morte, o Sono, os Sonhos e a Miséria.
Uma cultura reminiscência do culto grego,
à Noite é frase popular aconselhada à reflexão, à meditação raciocinada
e tranquila: o sertanejo diz que "tudo que é ruim anda do bote uma noite
no meio". Para decidir-se ante um problema de vulto, diz-se, no sertão,
que é preciso "deixar uma noite no meio", entre a proposta e a decisão.
A noite ensinará, serenamente, a melhor sentença. Os gregos a diziam "Enfonê",
a Benfazeja, e Embulia, "Mãe do bom conselho". Com essa invocação se
prende a noite conselheira dos sertanejos do Brasil.
Como em qualquer parte do mundo, durante a
noite, aparecem os fantasmas, almas do outro mundo, luzes espantosas,
gritos, gemidos, tesouros enterrados, penitências estranhas, animais
fabulosos, todos os cortejos apavorantes que vivem nas trevas da noite.
Mas na noite não é só pavor. As pessoas
trabalham, brincam e se divertem, à noitinha, os corações das pessoas
batem em uníssono nas paqueras, num chopinho gelado e nas surpresas que
a escuridão proporciona.
Contraditória, criativa, espontânea a
sombra da noite oferece a quem procura o gosto de um amor verdadeiro,
aquele que é emoção sempre renovado, constante descoberta que a
convivência e os problemas cotidianos não destroem.
Quando o sol se põe, não há lugar para o
tédio, tudo o que você procura acha. A cidade não dorme. Está
permanentemente aberta e disponível à sede de informação, lazer e
trabalho de quem procura.
Na verdade, a coceira do lazer começa a
bater no começo da tarde. E coça. Igualmente nas gatinhas que trabalham
e nas gatinhas da fatura, no alto executivo, trancado nas salas
refrigeradas dos espigões e auxiliar. Este é claro sequer imagina
terminar a tarde e início da noite, bebericando num barzinho da moda,
enfrenta mesmo é condução de volta para casa enquanto a seresta corre
solta, encoberta pelo véu da noite. Importante é assinar o ponto
diariamente, nem que seja só de passagem encontrar os amigos para saber
o que está pintando, para logo mais a noite ou no dia seguinte.
Os negócios que quase nunca dão certo,
grandes romances que ocasionalmente dão, começam ao anoitecer diante de
dois copos de chopps e um prato de batatas fritas. Já disseram ou dizem
que as pessoas, invariavelmente, tomam um porre para comemorar o que
ganham e outro para esquecer o que perdem. Dessa forma será quase
impossível encontrar um botequim, lanchonete ou restaurante vazio à
noite, mesmo nestes tempos de pouca grana, quando só se fala em crise.
Mas é uma desforra que não deve doer no bolso. O custo de vida não é
barato na cidade, mas o chopp bem gelado é baratinho, por isso é a
bebida padrão de nossa terra, do velho boêmio da periferia ao gatão
abastado.
Dançar, no sentido exato do termo, é a
palavra da moda em qualquer época, em qualquer idade. Dança-se em toda
parte por qualquer razão. Seja ao som da música moderna ou dos velhos
sucessos, samba rasgado, twist, rock ou valsa, o velho e gostoso hábito
de dançar coladinho, tipo caso sério, está contaminando gerações.
As gafieiras, antes freqüentadas por um
público cativo, próprio, são hoje os grandes bailes populares,
democracias dançantes, onde todas as classes se misturam pelo prazer de
mexer o corpo em qualquer ritmo, mulheres desacompanhadas são sempre bem
recebidas e dificilmente, tomam chá de cadeira.
Se o negócio não é samba e muito menos
dança, aproveite a maré de boa música instrumental, ao vivo, ou então
curta um bom show nas grandes casas de espetáculos.
Quando chega a noite com a lua, as
estrelas e o romance, acabam-se os problemas do dia, as broncas
profissionais, sem o relógio de ponto para chatear.
Ideal para ir às compras, passear nos
shoppings, visitar, visitar os amigos, treinar um gol e jogar no time do
bom humor.
Nada como uma boa noite para relaxar em
boa companhia, principalmente quando o enredo é o próprio carnaval.
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