A grande
maioria das pessoas possuem um vaio interior que as fazem viver em busca
de mil artifícios para obterem prazer. Essa busca constante varia
conforme as necessidades individuais. Alguns afogam suas mágoas num copo
de bebida ou pensam encontrar nas drogas a evasão de seus sentimentos
mais profundo, subestimando seus efeitos clínicos, psíquicos e
sociológicos. Achando que ao passar pelos estados de violência,
grandeza, alucinação poderão se livrar da realidade.
À procura da
auto-afirmação pessoal, quer à nível material pensando em firmarem-se
financeiramente ou até mesmo à nível de ego, atiram-se aos jogos de
azar.
Há aqueles
mais sérios, voltados do seu interior, na evolução do ser, intelectuais,
mas, igual e interiormente vazios, pois, alheiam-se do mundo místico, os
chamados esotéricos, que fazem das cartas, da quiromancia, arma para a
solução de seus problemas mais variados, em busca da fortuna, da
condição de suas vidas.
Piores,
talvez, são aqueles que, ao invés, de buscarem seu mundo de ilusão,
criam-no para levarem milhares de pessoas nele. São os que procuram
atingir, através das insatisfações já não pessoais, mas sim em termos de
coletividade. São chamados políticos de carreira que se aproveitam do
desespero coletivo para se elegerem com uma arma forte que a vítima nem
sabe ao certo, que possuem: o voto. Talvez, essa seja a mais cruel de
todas as ilusões.
Pensando
bem, nem mais, nem menos, cruel que a da imagem, da mídia, que ilude
famílias inteiras fazendo com que as mesmas saiam de suas cidades e
venham para a "cidade grande" em busca de trabalho, habitação, saúde,
escola e acabam embaixo de um viaduto qualquer. Numa viagem muitas vezes
sem retorno e assim continuam se iludindo que amanhã será melhor. Nesse
círculo são criados heróis nacionais, que, na realidade representam a
fuga constante dos problemas e preenchimento deste vazio interior, das
frustrações.
Neles
depositamos tudo o que queríamos de melhor, de grande, de total e que
por instantes nos identificamos com eles conforme as necessidades de
nossos momentos. Mas a utopia maior acontece todos os anos à todo "bom
brasileiro" e a oportunidade de ser, por alguns instantes, um rei, um
imperador, uma árvore, uma batata. Nesses minutos são colocados à flor
da pele todas as frustrações obtidas durante um ano inteiro. Talvez, a
mais pura e completa de todas as ilusões e que realmente traz a alegria
não só pessoal, mas coletiva, que nos embriaga de plena satisfação e nos
enche de orgulho de sermos brasileiro: o Carnaval.
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