ANÁLOGO
A maior festa popular urbana do Brasil é
sem dúvida os desfiles de Escolas de Samba, no sábado e domingo de
carnaval, nas principais cidades do país, principalmente no Rio de
Janeiro e São Paulo.
Assim nós da Unidos de São Miguel sempre
nos preocupamos em seguir a tradição, que o regulamento em São Paulo e
Rio de Janeiro, em que os temas devem ser objetivamente nacionais,
devendo relatar fatos e personagens históricos, mitos e lendas
brasileiras, fatos que de alguma forma contribuíram para o
engrandecimento desta terra.
Artistas, movimentos artísticos e lendas
já tiveram a oportunidade de através da Unidos de São Miguel,
despertarem na alma e no coração dos espectadores, o amor, orgulho e
gratidão pelos momentos de prazer e enlevo que proporcionam.
Quanto a escolha de um tema, a Unidos de
São Miguel usa de critério próprio, objetivamente a escolha do
personagem, destacando-se o que é apresentado e o mérito a ser exaltado.
Em "Jorge Amado no Reino de Oxalá" estes dois pontos foram de crucial
importância, embora a idéia tivesse nascida no momento em que a Bahia e
todo o Brasil estava por lamentar a perda do maior escritor baiano, toda
imprensa do mundo relatava o fato. E assim concluímos que tal fato
poderia resultar num desfile carnavalesco para podermos prestar a nossa
homenagem a este grande homem que em uma das suas obras exaltou o
carnaval dando o título o "País do Carnaval", e o fato seguiu-se.
Pelo que se verá nas páginas seguintes,
com desenrolar do tema, o período que retrata o episódio "Jorge Amado no
Reino de Oxalá" está dividido em etapas.
APRESENTAÇÃO
Quem são os Orixás: Eles foram criados por
Deus para representar todos os seus domínios aqui na terra. Segundo a
cultura religiosa afro-brasileira, Deus criou os Orixás e deu a cada um
deles uma incumbência de domínio sobre o firmante, a terra, o mar, os
rios e cachoeiras, montanhas, florestas, a chuva, os trovões e os raios,
as folhas e os frutos.
Portanto, são qualificados como divindades
da natureza e não como espíritos desencarnados que incorporam nos
médiuns, uma vez que foram criados para ensinar aos primeiros homens da
terra a sobreviverem e, tão logo cumprida a missão, voltariam para o
espaço sagrado.
Os cultos realizados na Umbanda e no
Candomblé, são uma forma de agradecimento e adoração direta a Deus e os
Orixás que ensinaram em nossos primórdios tempos como resistir diante
das vicissitudes deste mundo.
Os Anjos Guardiões: A natureza é composta
por quatro elementos: água, terra, fogo e ar, regida pelos "Odus"
(presságios), que estão ligados aos Orixás, estes podem ser definidos na
versão africana como nossos anjos da guarda.
Todavia, diferente do catolicismo, o
Candomblé defende que não temos apenas um anjo, mas três anjos da guarda
que marcam de forma específica nossa origem e destino.
Para explicar melhor a função de cada um é
preciso adentrar nos caminhos da psicologia e atentar aos caminhos que
guiam cada anjo, mas isto é uma outra história.
Nós da Unidos de São Miguel nos
preocupamos apenas com o nosso personagem que de acordo com a cultura
religiosa afro-brasileira, tinha os seus anjos da guarda, que com
certeza o conduzia para o espaço sagrado dos Orixás.
SINOPSE
PARTE I - OS ANJOS
No momento em que a Bahia chorava a perda
de Jorge Amado, Oxalá ficou comovido com todos os pedidos do povo que
vive na terra de todos os santos.
Nomeou uma comitiva de anjos para que
conduzisse Jorge, o "Oju-Obá" do mundo dos mortais para o espaço
sagrado.
PARTE II - RUFAM OS TAMBORES
Os candomblés da Bahia em respeito à
Oju-Obá, "Ministros de Xangô" presta à homenagem dobrando todos os
atabaques da Bahia ecoando um rufar de tambores digno de um Rei Negro.
PARTE III - AMADO NO CANTUÁ (GANTOIS)
Foi mãe menininha Gantois que deu-lhe o
título de Oju-Obá, o Ministro de Xangô.
E lhe falou que a baianidade dele era
melado pelo ouro do cacau, e que ele era uma mistura de pai-de-santo e
pajé, sim um pajé que conta histórias bonitas a respeito do santo e do
povo baiano, para a imensa taba global.
PARTE IV - O ARCO-ÍRIS
Oxumaré, divindade do arco-íris atendendo
o pedido de Xangô, para que o mesmo estendesse o arco-íris, a ponte
celestial do céu até a Bahia, terra de todos os santos, para que Oju-Obá
fizesse a sua viagem até o castelo de Oxalá para receber o seu posto de
direito, e assim foi feito e todos os Orixás se colocaram postados ao
longo do arco-íris para reverenciá-lo.
PARTE V - O PAÍS DO CARNAVAL
Assim Jorge partiu para o espaço sagrado
dos Orixás. Mas em um lampejo de lembrança o nosso Amado Jorge, que
recorda algumas obras literárias que marcaram a taba global, uma destas
foi "O País do Carnaval".
PARTE VI - CACAU
Foi outra obra literária que relatou a
importância do cacau na Bahia que era chamado de fruto do ouro.
PARTE VII - JUBIABÁ
Outra obra que mostra a ligação de Jorge
com os pais-de-santo da Bahia, Jubiabá foi um pai-de-santo que lutou
contra o trabalho escravo nos cais do porto na Bahia ensinando o povo
humilde, unir-se e lutar contra o trabalho escravo.
PARTE VIII - CAPITÃES DE AREIA
Outra obra que tinha finalidade social.
Ele relatou o cenário de crianças sem família que viviam nas ruas,
praias e cais do porto.
PARTE IX - TENDA DOS MILAGRES
Tenda dos milagres foi uma das muitas
obras suas, que Jorge mais gostava porque ele abordava o tema que ele
mais admirava e respeitava, a espiritualidade do povo baiano e o amor do
negro para com o seu Orixá.
PARTE X - O CASTELO
Assim apagou suas lembranças e seu
espírito se viu atravessando a ponte celestial que ligava os dois lados:
a vida e o plano espiritual, e neste momento Jorge teve a sua mais linda
visão, o momento que deparou-se com o castelo de Oxalá que refletia
luzes e clara muita paz.
PARTE XI - ÁGUA DE CHEIRO
E neste momento, os tocadores soaram as
suas trombetas e foi ouvido em todo o castelo que logo após cessar o som
das trombetas vem um cortejo com lindas sacerdotisas todas vestidas de
branco carregando vasos de água com flores e lavaram a escadaria do
castelo, purificando assim o caminho para Oju-Obá, e foi neste momento
que Jorge lembrou das baianas lavando a escadaria do Senhor do Bonfim.
PARTE XII - OXALÁ
Assim Jorge foi conduzido até a presença
de Oxalá que o recebeu com todo o seu sacerdócio no salão principal com
toda a honraria que deu a ele o direito de sentar-se ao lado de Xangô
como Oju-Obá, tornando assim um dos doze ministros de Xangô, formando
assim o ministério literário do castelo. E neste momento todos os seus
encantos sobre a Unidos de São Miguel que hoje canta em homenagem a
Jorge Amado.
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