A maior festa urbana
do Brasil, é sem dúvida o desfile das escolas de
samba. É a maior não apenas pela quantidade de
pessoas que fazem parte do desfile e pelo dinheiro
envolvido, mas também pela união de pessoas de
diferentes quadros sociais, raças e crenças, que se
encontram e podem se manifestar com igualdade.
Colocando para fora suas alegrias, frustrações,
anseios, enfim, conseguem se libertar das pressões
do dia-a-dia.
Aproveitando a
oportunidade, o G.R.C.E.S. Unidos de São Miguel traz
em forma de protesto estilizado este dia-a-dia só
dos seus componentes, mas de todo o Brasil, ou
melhor de todo o mundo.
Em forma de teatro de
rua, mostraremos nossa indignação, incredulidade e
revolta com a situação atual. Traremos carros, alas
e destaques representando a luta pelo dinheiro e
poder social, a injustiça do sistema político que só
protege as classes mais altas da sociedade, as
negociatas feitas pelos cartolas sem escrúpulos, a
falta de voas escolas, o fracasso do sistema de
saúde, a pobreza que tira a dignidade dos adultos e
põem as crianças nas ruas, as drogas que corrompem
nossos jovens, as agressões praticadas contra os
homens, contra a fauna e flora em forma de poluição
e desmatamento entre outras, e quando estivermos na
avenida, daremos nosso grito de revolta.
PARE O MUNDO QUE EU
QUERO DESCER
Com isso, vamos propor
que existe uma esperança. Que existe no Brasil
pessoas que querem trabalhar e estudar, para fazer o
nosso país mais forte na política, na cultura, no
esporte, e porque não também na religião.
Ao final do nosso
desfile este será o Brasil que mostraremos. Se de um
lado faz parte de toda a maldade do mundo, do outro
lado traz pessoas boas, dispostas a mudar esta
situação, lutando para que no novo milênio não
apenas o Brasil, mas o mundo seja melhor.
INTRODUÇÃO
A maior festa urbana
do Brasil, é sem dúvida o desfile das Escolas de
Samba, em dias de festa de momo nas principais
cidades brasileiras, destacando-se São Paulo e Rio
de Janeiro.
Atualmente as Escolas
de Samba, estão sendo de forma progressiva,
conhecidas pela população em todo o país.
Assim, nós da Unidos
de São Miguel, que sempre tivemos como preocupação,
seguir as tradições regulamentadas em São Paulo e
Rio de Janeiro, em que temas para o Carnaval devem
ter como objetivo assuntos nacionais, relatando
desta forma, fatos e personagens da história.
Personagens e fatos
que de alguma forma vieram dar sua contribuição para
a história do mundo.
Artistas, movimentos
artísticos e lendas, já tiveram a oportunidade de
aparecer como tema na nossa Escola de Samba em
carnavais do passado, que despertaram não só em
nossas almas, mas também em nossos corações, com
amor, orgulho e gratidão, em momentos de prazer e
enlevo que ofereceram.
Assim na escolha do
tema, o Grêmio Recreativo Cultural e Escola de Samba
Unidos de São Miguel, no uso de critério próprio,
com único objetivo de valorizar fatos e personagem a
serem exaltados, sem esquecer a crítica inteligente,
que é fundamental, levará para avenida no Carnaval
de 1998 o tema: Pare o Mundo que Eu Quero Descer.
A idéia do tema surgiu
de uma visão do mundo atual, onde a fome e a miséria
convivem lado a lado com a riqueza e a mesa farta,
onde ricos escolhem em qual de suas casas passarão a
noite e crianças pobres não tem onde dormir, onde
estas duas partes com realidades tão diferentes se
defrontam todos os dias, porém os ricos, nos seus
carros de luxo, e os pobres pedindo nos faróis da
cidade. Cidade esta que pode ser qualquer uma do
mundo, já que muita pobreza e alguma riqueza são
problemas mundiais.
Este tema, é apenas
uma idéia do que pode ser o Apocalipse, o fim do
mundo, na visão do artista. Muitas pessoas acreditam
na profecia do final do mundo, outras não. Mas uma
coisa é certa, se o homem continuar a cultuar tantas
diferenças sociais, a maltratar a natureza, a
agredir seu próximo da forma que está fazendo, o
mundo com certeza vai chegar a seu final, é deste
mundo que eu quero descer, para quem sabe, com a
ajuda de Deus encontrar uma vida melhor.
Por isso, a Unidos de
São Miguel dá seu grito. Um grito que vem do fundo
da alma do artista, e irrompe a avenida para mostrar
em forma de fantasias, danças e música não apenas o
lado ruim de nossa realidade, mas também a esperança
que cada brasileiro tem de viver num mundo melhor.
Pois se a realidade é triste, nós somos um povo
alegre, comportados e sensuais, conformados e
exigentes, realistas e sonhadores. Em geral
combatemos o mal pelo outro lado, contra miséria, a
opressão e o desespero, nós fazemos um esforço para
viver o sonho da alegria, da liberdade, do prazer e
da felicidade.
Esta é a nossa maneira
de ser. Queremos não apenas a nossa própria
felicidade, mas também a solução para o mundo, para
as crianças do mundo todo, para a flora e a fauna,
bem como para todo ser vivente.
É desta forma, através
da linguagem do ritmo, da dança, do canto e da
alegria que tentamos mostrar na avenida a nossa
preocupação com o mundo. Esperamos conseguir "dar
nosso recado".
A FINALIDADE DO
TEMA
Serão fantasias
lembradas de maneira difusas e logo esquecidas por
todos.
Serão visões do
futuro, do sofrimento do povo no dia-a-dia de todos
nós.
Serão as maldades que
cometeremos contra a ecologia sem nos preocuparmos
com o futuro.
Serão a corrupção dos
nossos líderes que não respeitam o povo e nem os
animais.
A descrença dos homens
poderosos, que acreditam que o Deus deles é o
dinheiro que ganham facilmente.
Será a poluição do ar,
que é a essência da vida de todos os homens.Será a
poluição dos rios que saciam a nossa sede e irrigam
o solo para que possamos plantar nossos alimentos.
Será a miséria entre
os homens, a miséria do nosso dia-a-dia com
personagens atuais de nossas vidas.
Será os filhos da
sociedade, abandonados pelas ruas, a mercê de sua
própria sorte.
Na idade antiga, Deus
exterminou toda a vida sobre a Terra porque o homem
havia se corrompido, a luxúria não mais tinha
controle, a maldade já havia atingido até os
animais. Assim ele anunciou que iria acabar com toda
vida sobre a Terra. Talvez este dia torne a
acontece...
1ª PARTE - O
CARTOLA
Os líderes ganham
poder através do voto do povo, que também atribuiu a
eles vários apelidos como Cartolas, os tubarões, os
magnatas, os colarinhos branco.
Não importa como são
chamados, apenas sabemos que eles são responsáveis
90% do sofrimento do povo; Praticamente a corrupção,
conhecidas fraudes, as sonegações. O velho crime do
colarinho branco que assola o mundo inteiro.
2º PARTE - O PODER
DO DINHEIRO
Hoje vivemos em uma
época em que todos nós somos escravos do dinheiro,
nós que somos do povo, trabalhamos por um salário de
miséria que é taxado como mais baixo do mundo, mas
por outro lado encontramos os que tem dinheiro como
poder supremo, homem que transformou o dinheiro num
Deus, e para consegui-lo é capaz de trair a sua
própria nação, como causar uma guerra penas para
obter o dinheiro de outros povos, e assim intitular
o pode em seu ego corrupto sem importar-se, com quem
ele está ferindo, se é criança ou velho, mulheres ou
animais, o que importa é apenas engordar sua conta
bancária.
Então perguntamos se o
dinheiro é obra de Deus ou do Diabo, o que nós
sabemos, é que o dinheiro e felicidade de uns, é
sofrimento de outros.
3ª PARTE - O EFEITO
DO SISTEMA
Todos nós vivemos sob
um sistema que nos é imposto, este sistema têm seus
efeitos sobre o povo, que na mais é os efeitos
colaterais da corrupção, a ganância dos cartolas,
que acaba causando o desemprego mergulhando a
maioria do povo em miséria, fome e falta de
dignidade; Sabemos que o povo sem emprego, é um povo
fraco e fácil de ser manipulado.
4ª PARTE - O BE A
BÁ
Seguindo os efeitos
colaterais, vivemos em um mundo, onde o ensino
deixou de ser importante, sendo apenas privilégio de
poucos como por exemplo os filhos dos cartolas ou
marajás, um filho do povo é obrigado abandonar as
salas de aula, pois já não consegue aprender mais
nada devido o grande desvio de verbas da educação,
causando os baixos salários dos professores, que
acabam perdendo o prazer de lecionar.
Ficando assim o povo
com pouca instrução e um povo sem instrução é um
povo que não sabe fazer política, não sabendo fazer
política todos vivem a mercê dos cartolas, que
apenas fazem um grande investimento, que é construir
grandes presídios para prender os leigos e seus
filhos que são transformados em marginais por falta
de instrução.
5ª PARTE - A ROLETA
NA SAÚDE
Ainda sob efeitos
colaterais do sistema, vivemos sem direito a saúde,
o povo hoje trabalha, rezando a Deus, para que os
membros de sua família não venham ficar doente
precisando do sistema de saúde que todos poderiam
ter acesso, mas nem sempre é assim. A ganância dos
cartolas que encontraram nos planos de saúde uma
forma de ganhar muito dinheiro, lesar milhares de
seres humanos.
Elevando vários
profissionais que fizeram o pacto com a medicina
onde eles fazem o voto de ética humanitária, onde
eles juram viver a vida a salvar vidas, mas a
história é outra, hoje deparamos com um grande
problema, os médicos sofrendo os efeitos do sistema,
são obrigados a fazer a roleta da vida, eles
precisam escolher que vive ou que morre.
6ª PARTE - A VIAGEM
SEM VOLTA
Lembramos que o homem
sem trabalho é um homem a mercê da violência, da
bebida e das drogas, explicamos quando um chefe de
família fica sem trabalho, sem um ganho honroso ele
pára de dar o sustento para sua família e é capaz de
envolver-se em atitudes criminosas ou envergar-se a
bebida alcoólica, ou talvez às drogas. Fazendo ir
contra a sociedade de que tanto faz sofrer. Então
surgem os grandes assaltos, grande violência, o
grande índice de mortalidade, mortalidade esta que
quando não causadas pelas drogas, se causam pelas
armas, que vem ferindo cada vez mais a nossa
sociedade, onde os cartolas acusam o povo pela
violência e o povo acusa os cartolas pela falta de
emprego, forçados a surgirem o caminho da violência.
7ª PARTE - O MUNDO
DE MISÉRIA
Nunca em toda história
do mundo, tivemos tamanha onda de miséria como
estamos vivendo neste final de século. Jamais
esperamos ver uma população inteira transformada em
mendigos, um povo miserável, um crescimento das
famílias nas ruas, homens, mulheres e crianças,
vivendo de forma desumana que contribui para o
aumento da violência e da criminalidade fazendo com
que nos tornemos um povo fraco e sem identidade.
8ª PARTE - OS
FILHOS DAS RUAS
Quem já não foi
abordado nas ruas das grandes cidades por um moleque
de rua, um, apenas pedindo um troço para comer? E
outros já partem para o ataque à sociedade cometendo
pequenos furtos e outros embarcam na viagem das
drogas, então fazemos a pergunta: Por que tantas
crianças abandonadas? Por que tantas crianças
passando fome? E tudo nos leva a uma direção a
desigualdade social. Sabemos que a sociedade que não
cuida de suas crianças, no futuro só terá homens
violentos e poucos profissionais para contribuir
para a nação.
9ª PARTE - A
REVOLTA DA NATUREZA
Ainda seguindo os
efeitos dos cartolas estamos vivendo em um mundo
envenenado com os mais diversos venenos criados pelo
homem, como as drogas, a poluição dos rios, a
poluição do ar, o ataque a fauna e a flora, a
poluição do universo. Após tantos ataques, a
natureza hoje tem revidado na forma com que ela
sabe, forma esta que o homem batizou de fenômeno El
Nino.
Fenômeno este que tem
feito muito estrago no mundo e causado pânico em
toda população, fazendo com que muitos tenham o
mesmo pensamento, em querer com tudo.
Então, nós da Unidos
de São Miguel, pedimos: - Pare o Mundo Que Eu Quero
Descer!