INTRODUÇÃO
Os fenômenos celestes e
as constelações ocupam importante lugar na mitologia Amazônica. Em
certas tribos, o Sol é um verdadeiro objeto do culto e, juntamente com a
Lua (na maioria das vezes representada por um rapaz), é o herói de
vários contos indígenas.
No carnaval de 1999 o
G.R.E.S. Acadêmicos do Ipiranga traz para a avenida o enredo: Os Amores
do Sol e da Lua.
SINOPSE
Disse o Pajé homem
sábio conselheiro, que na criação do universo, índio forte era o Sol,
que a Mãe Natureza fez nascer no horizonte da floresta mais densa e
verdejante - A Amazônia - com raios que perfuravam o ar por entre as
folhas das árvores gigantes.
índio Sol cresceu à
percorrer tal floresta e juntamente com ela, constituiu o cenário
perfeito e deslumbrante. Da amável natureza de belas plantas e animais
exóticos, o céu era sua oca. Mas não morava só, dividia a sua morada com
o Índio Lua, seu melhor amigo.
Lua era um rapaz jovem
e sedutor, trocava de aparência quatro vezes todo mês, e fascinava as
moças com sua bela imagem refletida nas águas dos rios.
Certo dia, o Sol partiu
à caça e no caminho escutou infinitas gargalhadas que o fez parar. Havia
acabado de passar o veneno em suas flechas e prestando atenção ao menor
movimento das folhas, foi quando de repente, avistou um garoto ao pé de
um árvore acompanhado de magníficos papagaios.
Deteve-se à descansar
junto a eles, nem viu escoar o tempo. O Sol se impressionou tanto com
aqueles pássaros falantes que resolveu oferecer seu imenso e brilhante
cocar de plumas, em troca da tal maravilha.
O pequeno jovem índio
que sonhava em usar suas tranças e que já poderia passar urucum e
jenipapo no corpo, ficou tão entusiasmado com a proposta do Sol, que não
hesitou na troca e foi correndo a sua aldeia afim de mostrar a todos o
seu cocar... Assim também fez o índio Sol, louco para mostrar a seu
amigo Lua as novas companhias.
Lua ficou encantado com
a beleza dos pássaros que logo adotou um. Preferiu o verde de cabeça
amarela, deixando o outro, todo amarelo, para o amigo Sol.
Na manhã seguinte,
saíram juntos para pescar. Levaram arco e flechas, também arpões, afim
de pescar o Pirarucu que era o peixe preferido e mais difícil de
capturar. Ao anoitecer, voltando para a casa exaustos, ainda assim
teriam de preparar os peixes que haviam pescado, mas deitaram-se em suas
esteiras e dormiram. Os papagaios pareciam tristes por vê-los assim.
Como poderiam falar e brincar se seus donos que os alimentavam, que os
tratavam tão bem, não poderiam desfrutar da mesma mordomia? Então
naquela noite ficaram em silêncio e continuaram assim por vários dias.
Mas um dia, o Sol e seu
amigo Lua, ao voltarem da caça se surpreenderam. Os papagaios estavam
mais falantes do que nunca e dentro da oca, uma surpresa os aguardava:
junto ao fogo havia duas grandes vasilhas com comida fumegante! Quem
teria preparada a comida? Eles comeram o delicioso pirão e se deitaram,
mas não conseguiram dormir. Que mistério!
No outro dia foram
caçar e mantíam a cabeça cheias de perguntas sem respostas. Enquanto
isso, na oca, acontecia uma cena fantástica. Os dois papagaios se
transformavam pouco a pouco em duas índias encantadoras, de cabelos
longos, pretos e brilhantes como a noite sob a chuva, mas nas costas
ainda existiam as plumagens em forma de asas que tanto encantou os
índios. Com a metamorfose já completa, uma delas se escondeu perto da
porta para ver quando os dois amigos voltavam, enquanto a outra
preparava a refeição.
E que surpresa tiveram
os dois mais uma vez! Resolveram chegar mais cedo na oca e pelos fundos.
Ficaram deslumbrados com a beleza das duas moças, e se apaixonaram por
elas pedindo em súplicas que nunca mais se transformassem em papagaios
de novo. Fizeram uma grande festa para celebrar os casamentos. Agora a
casa havia ficado pequena demais para quatro pessoas. Então decidiram se
revezar para ocupá-la. O Sol e sua mulher escolheram o dia e a Lua
aceitou a noite.
A partir daí nunca mais se viu o Sol e a
Lua ao mesmo tempo no céu.
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