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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.E.S. TRADIÇÃO DA ZONA LESTE - CARNAVAL 2003
Enredo: Pirapora - Tradição e Samba

O Grêmio Recreativo
Autores: Alexandro Michelini e Nilda L. D. Remoto

 

O início do samba paulista aconteceu há cerca de cinqüenta quilômetros de São Paulo, em Pirapora do Bom Jesus. O samba desta cidade, que ocorria durante sete dias, recebia os nomes de samba campineiro e samba de bumbo.

Quem chegou primeiro a Pirapora foi o mameluco Afonso Sardinha, que fora explorar a Serraria do Voturuna.

Em um mil, seiscentos e vinte e cinco, o Conde de Monsanto instala um pelourinho em Santana do Parnaíba, sede do Município de Pirapora do Bom Jesus, e concede sesmarias a três moradores. José de Almeida Naves comprou destes as sesmarias em um mil e setecentos e passou a cultivar a cana-de-açúcar.

Pirapora, em Tupi-Guarani, quer dizer peixe que pula. Pira: peixe, Pora: pula.

As palavras do Bom Jesus foram anexadas ao nome Pirapora porque, as margens do Rio Tietê, no Beco do Rio Santo, José de Almeida Naves encontrou a imagem do Senhor Bom Jesus em madeira, em vinte de maio de um mil, setecentos e vinte e cinco. Tornou-se, então, o padroeiro da cidade. As primeiras romarias de devotos que iam a Pirapora cumprir as suas promessas, banhavam-se nas águas milagrosas do Beco do Rio Santo.

O Rio Tietê foi importante fator na fundação da cidade de Pirapora. Serviu durante muito tempo de via de transporte e comunicação. Foi, também, importante fator na produção de energia elétrica, devido as várias quedas d'água existentes em seu curso, levando progresso e conforto às cidades.

Os dias quatro, cinco e seis de agosto são chamados de: Os dias da festa do Bom Jesus. Nesses dias, são rezadas missas especiais.

No dia quatro, é comemorado o dia de São José.

No dia cinco, há uma procissão em louvor a Nossa Senhora das Dores. Tempos atrás, era uma procissão fluvial, organizada pelos barqueiros da cidade.

No dia seis, é comemorado o dia do Bom Jesus. Inúmeros romeiros, autoridades e artistas comparecem à cidade, irmanados na demonstração de fé ao Senhor Bom Jesus.

No mês de agosto, durante os dias de festa, romeiros, de vários pontos do estado, participam do samba de rosa, também chamado de samba paulista. Originou-se em Pirapora com os negros que, nos barracões, dançavam e tocavam numa maneira particular para demonstrarem sua crença. O batuque primitivo e com ritmo apressado era feito com bumbo (bumbão) e acompanhado com ganzás. As negras dançam frente ao bumbo, sacudindo todo o corpo num gingado próprio e rítmico, enquanto os negros cantam versos engraçados e zombeteiros alusivos à festa, às pessoas e ao santo. Os personagens históricos do samba piraporano foram: Honorato Missê (o fundador do samba de bumbo); Adolfo Missê; Norberto de Oliveira, o Bertinho; Sebastião, o Bastião Preto; Nhô Abel; Norberto Martins e Maria Esther.

O batuque, avô do samba moderno, também foi reprimido em Pirapora, reduzindo a festa do Bom Jesus a seu caráter exclusivamente religioso. Este batuque era um protesto contra a religião, que discriminava o samba. A formação instrumental do batuque de Pirapora determinou a formação instrumental dos primeiros Cordões carnavalescos: Grupo Barra Funda, fundado por Dionísio Barbosa, o pai do samba em São Paulo, em um mil, novecentos e quatorze, cores branca e verde. É através de Dionísio, que o negro começa a ter um pouco de chance em participar do carnaval; Campos Elisios, fundado em um mil, novecentos e dezessete, cores branca e roxa; Cordão Esportivo e Carnavalesco Vai-Vai, fundado em um mil novecentos e trinta, cores branca e preta; Cordão Carnavalesco Paulistano, fundado em um mil, novecentos e quarenta e quatro, cores branca e verde.

Nesta época, até valsa era tocada nos Cordões; porém o ritmo predominante era a marcha e o carnaval ainda era uma festinha de inspiração européia.

A primeira escola de samba paulista fundada foi a Primeira de São Paulo, em um mil, novecentos e trinta e cinco, cujas cores eram branca, preta e vermelha. A segunda escola, Lavapés, fundada em um mil, novecentos e trinta e sete, com as cores branca e vermelha, existe até hoje.

Entretanto, se um dia alguém contar uma história pra valer do samba no Brasil, vão ter que falar do Geraldo Filme, uma figura fantástica, porque brota desta terra paulista. Ninguém como ele pra falar dos negros aqui em São Paulo. Era um craque. Compôs muitos sambas-enredo para as escolas paulistas. Era um profundo apaixonado por esta cidade.

Geraldo Filme nasceu em São Paulo, em um mil, novecentos e vinte e sete, quando o samba já existia no carnaval, mas ainda era marginalizado.

Os negros paulistas teimavam e faziam samba o dia inteiro, em diversos lugares da cidade. Um dos principais lugares era o Largo da Banana, na Barra Funda. Este local foi o núcleo de formação do batuque em São Paulo, pois acontecia o movimento de samba, oriundo da cidade de Pirapora do Bom Jesus. Os funcionários da estrada de ferro, que ficava no Largo da Banana, iam para Pirapora e, de lá, traziam o batuque e o samba de bumbo. Nas adjacências deste extinto largo, fazia-se samba de roda e jogava-se tiririca (jogo de pernadas, semelhante ao jogo da capoeira, com duas pessoas se defrontando, fazendo visagens, aplicando golpes e sambando no pé, ao som da batucada na caixa de engraxate).

Revoltado pela admiração, a seu ver exagerada, que o pai possuía pelo samba carioca, Geraldo compôs, aos dez anos, seu primeiro samba. No eu caso, acabou sendo uma espécie de carta de intenção da sua vida de sambista.

Adolescente, Geraldo passa a fazer parte da bateria do famoso Cordão Paulistano que, mais tarde, tornou-se o G.R.C.E.S. Paulistano da Glória, deixando de existir em um mil, novecentos e oitenta e um.

Durante o período em que ficou afastado do Paulistano, Geraldo Filme fez parte da ala de compositores do G.R.C.E.S. Unidos do Peruche. Ao lado de Benedito Lobo, o Belobo, foi autor do samba-enredo Festas e Tradições de Pirapora.

Em um mil, novecentos e setenta e cinco, Geraldo começa a freqüentar a escola que ele já admirava como Cordão, desde os tempos de menino, Deste ano em diante, passa a ser mais conhecido como Geraldo, compositor do G.R.C.E.S. Vai-Vai para esta escola, a fim de prestar uma homenagem ao poeta Solano Trindade. É autor do famoso samba "Quem nunca viu o samba amanhecer, vai no Bexiga pra ver, vai no Bexiga pra ver".

A maioria das agremiações carnavalescas de São Paulo tem a influência direta de Geraldo Filme.

Em janeiro de um mil, novecentos e noventa e cinco, morre Geraldo Filme. Deixa como testamento, um disco intitulado Reencarnação. Nele, Geraldo reafirma seu desejo de ser negro e sambista novamente, caso fosse possível ter outra vida.

Agora que você já conhece um pouco mais sobre onde, como e quem foram os baluartes do samba paulistano, cante e sambe com o G.R.C.E.S. Tradição da Zona Leste.

 


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