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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.E.S. UNIÃO INDEPENDENTE DA ZONA SUL - CARNAVAL 1995
Enredo: Um Sorriso Negro

O Grêmio Recreativo
Autora: Cláudia Venutto

 

PROPOSTA

Nosso objetivo principal é divulgar a música e a dança negra e suas contribuições, num contexto atual, não podemos falar do negro, sem falar da religião também. Vamos mostrar a arte de cantar e dançar de uma nação que desperta um sorriso incomum, o sorriso da felicidade. Por isso, aqui vai um tema onde o orgulho e a sensibilidade da raça negra é exaltada. Os negros podem sorrir, porque é através desta manifestação espontânea é que o Brasil se torna um país negro, de um sorriso lindo: O Sorriso Negro.

PRIMEIRA PARTE - UM SORRISO NEGRO NA MÚSICA

"A música dos brancos é negra". A frase é de negro, falta de senhas, disco de Adriana Calcanhoto, e é perfeita para exemplificar a influência dos negros da música. Tirando a música erudita, os criolos mandam em tudo e a Mãe África é o berço de todos os ritmos, fornecendo-lhes o molho e o tempero. O descendente do escravo negro entrou em contato com as harmonias européias e criou o Jazz, que sintetiza a música do século XX. É claro que quem mais aparece fazendo este tipo de música são os brancos, os negros criam, os brancos copiam e contabilizam. Não é regra geral, mas tem sido há muito tempo, é só observar.

A negritude da MPB tem um de seus momentos máximos em Missa dos Quilombos, disco de Milton Nascimento gravado em 1982, um exaltação à figura de Zumbi dos Palmares. Melodia e harmonização perdem de goleada para ritmo nas composições de Jorge Ben Jor, autentico alquimista de sons. África e Brasil estão unidos na sua música, assim como na de Gilberto Gil. Gil vem da Bahia, caldeirão rítmico por excelência e fonte de inspiração para astros pop, como Paul Simon e David Byrne, que já foram até lá para se abastecer da energia pulsante do ritmo negro inesgotável.

SEGUNDA PARTE - UM SORRISO NEGRO NA DANÇA

Capoeira, samba, lambada, fricote... Afinal qual o significado da dança para o povo negro? Para responder a esta questão precisamos voltar às origens dos africanos que se instalaram aqui no Brasil, que se dividem, basicamente em três grupos.

Um desses grupos é representado pelos sudaneses; da Nigéria, gegê do Daomé, e fai-ashanti, da Costa do Ouro. O segundo é formado por guineo-sudaneses, habitantes da linha abaixo do Saara. Finalmente, temos os bantos, vindo de Angola, do Congo e do Moçambique.

É sabido que quando várias culturas se misturam acabam gerando uma nova, que representa a soma do melhor de cada uma delas. Foi o que se deu por aqui: a mistura desses grupos com os brancos e índios resultou na africanização da cultura brasileira.

Esses povos africanos tinham uma forma própria de organização e uma maneira de se relacionar com o meio ambiente que era muito diferente da propiciada pela visão de mundo européia. Enquanto os europeus viam o homem como dominador de todas as coisas, à imagem e semelhança de seu deus, todos poderosos, os africanos viam o homem como um todo, integrado pelos deuses, pela terra e pela natureza. Toda cultura africana é representada nesse universo, em que os valores morais, sociais e ecológicos são traduzidos por meio da religiosidade, dos mitos e artes em geral.

Tais valores estão intimamente representados na dança, que é para os povos africanos o mais potente elemento de aglutinação social. Originalmente a dança estava tão ligada à cultura do ancestral africano que, com certeza, poderíamos considerá-la como mais um órgão que tivesse em seu corpo. Para eles a maneira de se relacionar com o ambiente era percebida pelos sentidos naturais e traduzida pela dança.

Representações e ritos de passagem e do dia-a-dia, em que o corpo aparecia livre e exuberante, foram reprimidos como a capoeira angola, de origem banto, cuja base foi n'golo, um ritmo de casamento praticado na África que reproduzia as danças de acasalamento de alguns animais.

A cultura de um povo, porém, pode ser mutilada mas não morre. Adapta-se e sobrevive. Herdamos o código. Um dia, a dança afro-brasileira será novamente, e de forma livre, aquele "órgão" suplementar de nosso corpo que tentaram suprimir. Os sinais disso já estão por aí, em muitos lugares e manifestações de nossa dança.

TERCEIRA PARTE - MÚSICA E DANÇA... ISTO DÁ SAMBA!

A Escola de Samba é o maior e mais organizado reduto das tradições negras do país, apesar de ser recentemente dominado por profissionais e "oportunistas", ainda consegue trazer um legado antigo quanto às suas origens. O samba-enredo atravessa as barreiras da comunicação e se transforma em cultura musical, pos a partir dele podemos aprender parte da nossa história ou dos nossos costumes e a dança?

O remelexo das cadeiras, o movimento dos braços e pés, o sorriso negro é evidenciado naturalmente. A dança do samba sempre será mágica. Há quem diga que futuramente o samba será apresentado na forma de um pandeiro e um coração sorrindo.

 


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