
Abre a roda! Vem mexer as cadeiras, vem sambar! A S. R. B. E. E. S. LAVAPÉS PIRATA NEGRO celebra os 90 anos de CANDEIA em um cortejo de arte negra, valorizando o protagonismo de um dos maiores pensadores do samba e o maior partideiro de todos os tempos. Antônio CANDEIA Filho é um dos personagens fundamentais para o enaltecimento da G.R.E.S. PORTELA, defensor fervoroso do samba autêntico e de suas raízes.
Sinopse do Enredo
Nas asas da águia altaneira de Madureira, o mestre resplandeceu. Tambores ressoam no ar! São as raízes ancestrais que vieram de além-mar com suas bases em África, que se consolidaram em cada esquina, em cada beco, em cada viela, no samba de roda, com seus acordes musicais que soltam o grito preso na garganta e expressam o sorriso e o gingado de um povo, que é sentido na palma da mão. A africanidade é traço marcante em seu DNA. Suas vivências, percorridas pelos caminhos das manifestações culturais de matriz africana deram à sua alma o pulsar em ritmo de Axé. CANDEIA sempre esteve perto do sagrado. A força de sua fé apresenta uma marca plural de sua devoção... Com ladainhas, benzimentos, batuques de terreiro, procissões e cortejos, sua arte voa em novas direções.
CANDEIA é luz que não se apaga, é o samba eternizado em cada verso, é poesia em forma de resistência, é o samba como ferramenta de expressão e conscientização. A G.R.E.S. PORTELA foi ninho e caminho, voz para sua manifestação, expressando o orgulho de sua identidade e da cultura negra enquanto nação. Artista da cultura popular e do povo, gostava de ouvir, numa simbiose sonora entre a faca de serra riscando no prato, cavaco e tamborim, a improvisação e os versos livres do partido alto onde a gira que gira, responde e rima. Enquanto defensor dos valores da arte popular e da resistência de suas raízes, CANDEIA liderou o Manifesto ao Povo propondo a preservação das tradições da cultura negra e do samba raiz. Inconformado com os passos que o samba seguia e a falta de autenticidade, CANDEIA busca na revolução a expressão da sua força, o silêncio cantado que vira brado. Sua música se firma como instrumento para questões sociais e políticas. Cantar, denunciar, resistir torna-se, assim, um acalento para a alma! Como flores mortas pelo chão, a voz do poeta é sufocada pelas forças daqueles que detinham o poder nos anos de chumbo e sua música, Morro do Sossego, chegou a ser censurada. Em sua voz, o samba além de festa – virou afirmação, revolução, canto de orgulho. Golpeado ou não, ao dizer “de qualquer maneira eu canto”! Entoando que negro viva como rei, mesmo que seja apenas num dia de graças.
Em cada acorde musical, há um grito de alerta, um manifesto em favor do empoderamento da cultura negra. Mais que sambista, ele foi griô moderno, inspirando sambistas de todas as gerações. Suas canções ficaram eternizadas e fazem parte da nossa identidade nacional. Quando o mar serenou e ela pisou na areia, tivemos uma das maiores heranças deixadas por CANDEIA. Ainda vivemos o sonho de um carnaval que volte a exaltar o povo negro, sua memória, sua estética, sua luta e autenticidade, mas ao fundar a Escola de Samba Quilombo deu um passo importante nessa direção. E hoje, CANDEIA retorna em glória, entronizado na avenida como merece: Rei da Palavra, da Coragem e da Consciência Negra! A S. R. B. E. E. S. LAVAPÉS PIRATA NEGRO desfila em cortejo como oferenda e reverência. É a rua sendo templo, o samba sendo arma, e arte sendo escudo.
|