
Grêmio Recreativo Cultural Unidos do Jaçanã ocupa seu lugar de fala clamando por justiça e igualdade em seu canto de paz, num tom de liberdade. Hoje apresenta outra versão da história que muitos de nós não tomamos conhecimento.
Temos como ponto de partida a abolição da escravatura no Brasil, fato este que ocorreu após vários movimentos e tentativas de revolta organizadas por parte dos escravos. Vale ressaltar que também ocorreu por pressão política exercida pela Inglaterra, na época, a maior potência mundial. Em 13 de maio de 1888 se declara extinta a escravidão no Brasil e assim se inicia um novo ciclo onde muitos desses ex-escravos, vistos como meros objetos de seus senhores passam a ser cidadãos com suas cartas de alforria em punho, e que na prática estavam sem direito a terras, trabalhos dignos e salários justos. Muitos se sujeitavam a trabalhar em troca de alimentação e até mesmo moradia, não tendo acesso ao básico para sua subsistência, situação esta que contribuiu severamente com a pobreza e a miséria em nosso país.
Sem grandes perspectivas, muitos dos ex-escravos se juntaram e se abrigaram em regiões que eram conhecidas como quilombos (lugares onde se abrigavam escravos refugiados na época da escravidão). Esses espaços físicos, mais tarde, se tornaram favelas no período do Brasil Colonial no século XIX. Essa que abriga até hoje muitos "filhos da pátria" que ganharam como herança todas as adversidades sociais, tornando-os refém de acusações e perseguições, muitas vezes, injustas.
Hoje caminhando pelas ruas da cidade conseguimos facilmente identificar resquícios da pós- abolição, ainda que já se tenha passado mais de um século. O sistema deixou muitas famílias desestruturadas e traumatizadas. Presenciamos crianças com olhares dolorosos pedindo auxílio nos semáforos, moradores em situação de rua vivendo sem o mínimo de dignidade por tamanha miséria, garotas se prostituindo para sobreviver e ajudar suas famílias em situações difíceis, jovens à mercê da marginalidade e escravos do vício de entorpecentes e do álcool, presos em cárceres criados pelo sistema. Muitas vezes julgamos nosso próximo ao invés de ajudar, não tentamos entender pelo qual motivo ele se encontra naquela situação. Hoje a Unidos do Jaçanã quebra as correntes e solta as algemas, conscientizando e orientando que a vontade de vencer, agregada a força do pensamento e do conhecimento pode mudar qualquer placar ou circunstância. Não há mal que dure para sempre! Que possamos correr atrás bravamente dos nossos objetivos e sejamos positivos para nos libertarmos de qualquer prisão! Essa é a nossa mensagem para o carnaval de 2022. Liberdade!
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