O Império Inca era impressionante. Pelo
seu poderio e por sua rica cultura. Os Incas não deixaram registro de
sua história, mas levou à humanidade intocáveis trabalhos em ouro,
pedra, prata, sistemas de irrigação, aquedutos, construção e técnicas de
agricultura, estudos astronômicos, cálculos primorosos de engenharia,
entre outros.
Em todas as criações do mundo, houve um ou
mais elementos que ajudaram a civilizar, colonizar e estruturar um povo
e devidamente sua cidade. Este elemento sempre era aclamado, enaltecido
e reconhecido como um deus ou o próprio filho de deus. O Império Inca, é
cercado de lendas maravilhosas, bem como maravilhosas também são nossas
lendas indígenas. Neste enredo enfocamos a Lenda do Eldorado. Devido os
nossos indígenas cultuarem o sol como um Deus criador e tantas outras
semelhanças de culto e vivências, tão semelhante à maneira que os Incas
cultuavam seus deuses e sua maneira de viver. Aqui no Brasil, no meio de
algumas tribos o Sol tido como Coaracy era considerado Deus da Criação,
bem como Tupã, tinha poderes e direitos a culto e rituais sagrados. Não
há como dissociar o histórico da criação dessas duas culturas.
Como num passe de mágica e no sopro
sagrado do Deus Ínti o Sol, nascem as lendas do Império Inca e a Lenda
Indígena Brasileira "O Eldorado".
Viracocha - uma das maiores divindades
respeitadas pelos Íncas. Sendo considerado o colonizador e civilizador
daquele império, muitas vezes confundido com o próprio Sol.
Vendo ele o modo bárbaro que vivia as
selvagens nas Cordilheiras dos Andes, decidiu então enviar para a terra
seus dois filhos prediletos, Ayar Manco e Mama Ocllo, tinham eles por
obrigação em primeiro plano fundar uma cidade, e dentro dela erguer um
templo em sua homenagem, para que Viracocha, Ínti e os elementos
naturais da terra fossem venerados. Mas para que seus filhos tivessem
êxito, deu-lhes um bastão de ouro e os avisou - levem este bastão junto,
e assim que chegaram e fizerem o reconhecimento do território, devem
enficar o bastão na terra, aonde o instrumento entrar com facilidade,
ali será erguida a cidade. O desejo desse deus protetor fora realizado.
Em um dos dias em que o Sol tinha um
brilho diferente, Aymar Manco decidiu enficar o bastão, pois as
tentativas anteriores em nada resultaram, mas decidido introduziu o
bastão na terra, desta vez entrou com muita facilidade, eram terras na
região da Lagoa de Titicaca e finalmente haviam encontrado o local,
pediu a sua irmã que reunisse os selvagens, assim foi feito. Ele então
levantando o bastão de ouro em direção ao sol, feliz disse "Nasce aqui o
Império do Sol - Cuzco".
A CRIAÇÃO DE CUZCO
Os selvagens foram doutrinados pelos
irmãos e estava se iniciando um ciclo, sócio-econômico e cultural. Eles
trabalhavam com muita garra para auxiliar Ayar Manco e Mama Ocllo, tudo
estava sendo feito com muita rapidez, mas também tudo que eles erguiam,
com a mesma rapidez era destruído, devido a altitude em que estavam, o
vento os impediam de construir a cidade.
Ayar Manco, teve uma inspiração de seu pai
Viracocha e em seguida pôs em prática. Prendeu o vento no curral da
Lhamas, e este não parava de sibilar, fazendo muito barulho, atraiu a
atenção de Ayar Ucho irmão de Ayar Manco e Mama Ocllo, que vivia na
planície por ser amigo do vento exigiu que eles o libertassem e para
isto deu-lhes somente mais um dia para concluir o desejo do pai
Viracocha.
Mais uma vez Ayar Manco foi iluminado,
desta vez, amarrou uma grossa corrente de ouro numa pilastra da muralha
aonde estava sendo erguida a cidade, esperou o sol passar entre as
montanhas, o aprisionou com a corrente. Assim não escurecia, e o dia se
prolongou, até que ele e seu exército concluísse a cidade e o templo.
Ao ver que tudo estava pronto, verificou
pedra por pedra, canto por canto, ao ter certeza que a cidade estava
firme, ele soltou o sol e o vento, em seguida desposou sua irmã Mama
Ocllo, para dar início a primeira dinastia e daí surgiram a lenda dos
Ovos Misteriosos, do Arco Íris, do Guerreiro Ollantay, a do Grande Titou,
do Índio Rico e do Índio Pobre, das Mulheres Estrelas e do Eldorado.
A cultura Latina entre nós brasileiros
somente foi possível ser preservada, graças a uma obra que abre as
portas a todos os países irmãos, obra que sintetiza e irmana, os
costumes, as raízes, estamos falando do Memorial da América Latina,
porte de entrada entre o Brasil e as Américas.
LENDA INDÍGENA - O ELDORADO
O cacique Araguari todos os anos, na mesma
data leva oferendas e sacrifícios para Coaraci o Deus Sol, nas margens
da imensa lagoa abaixo de sua aldeia.
Mas hoje, no ritual ele avistou a silhueta
de uma enorme serpente saindo das águas da lagoa, logo em seguida, como
sempre avistava seres da lagoa, não se importou com o rosto da serpente.
Virou as costas e se foi, durante a
madrugada junto com pajé preparando um ritual ficou sabendo que sua
esposa e sua filha, haviam sido roubadas pelo Dragão da Lagoa e que o
rosto da serpente na aparição na lagoa era o dela.
Quando soube da tragédia pediu ao pajé que
o ajudasse, foram para a beirada da água, o pajé efetuou suas magias,
adormeceu e se viu no fundo da lagoa. Ao retornar ele disse que tinha
avistado a esposa e a filha do cacique, e que elas estavam ao lado do
dragão e de uma serpente, mas estavam felizes e não queriam voltar a
terra.
O cacique desesperou-se decidiu aumentar
cada vez mais os sacrifícios, queria ao menos vê-las. Coaraci o Sol lhe
soprou aos ouvidos o que deveria fazer, o Cacique Araguari construiu uma
jangada de taras de madeira, colocou dentro dela, objetos de ouro,
esmeraldas e procurou uma resina de árvore para passar no corpo, mandou
triturar o ouro, para que ficasse pó, mandou trazer aves raras de penas
vermelhas, para fazer um cocar de penas de fogo.
No dia do ritual, Araguari subiu na
jangada levando o tesouro, passou a resina no corpo e espalhou o pó de
ouro, ficou dourado, colocou o cocar na cabeça e as guirlandas abaixo do
joelho.
O Sol. Apareceu no meio de duas montanhas
e o iluminou. O "El Dorado" lançava no ar em todas as direções objetos
de ouro, todos fizeram pedidos e foram atendidos, a mulher e a filha do
cacique não retornaram, mas se tornaram motivos de culto e todas as
manhãs naquela data e na mesma hora, um homem de ouro falava ao sol. A
lagoa ficou forrada de tesouros, pois os índios mantiveram a tradição.
Até hoje, muitos pesquisadores procuram o "El Dorado".
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