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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.S.E.S. ÁGUIA DE OURO - CARNAVAL 2022
Enredo: Afoxé de Oxalá. No cortejo de Babá, um canto de luz em tempos de trevas

O Grêmio Recreativo
Autor: Sidnei França

Sob a luz do carnaval, o G.R.C.S.E.S. Águia de Ouro pede agô às energias ancestrais e declara todo o seu orgulho como eterna guardiã da cultura afro-brasileira. Desta maneira, orgulhosamente, fazemos do nosso desfile para o carnaval 2022 verdadeiro afoxé – cortejo — de exaltação à diversidade étnica, ode à pluralidade cultural e manifesto contra a intolerância religiosa. Afinal, somos frutos de um país miscigenado na pele e sincretizado na fé!

Que Oxalá atenda ao clamor de sete iaôs… Que o Grande Pai derrame sua luz sobre nós… Que saibamos pedir, mas também agradecer… Que seu Alá nos cubra com a profunda e verdadeira paz!

Axé, Águia de Ouro!

Xeu Êpa, Bàbá!

Evocação

- Be wi rò ko Ájàlá (Oxalá… Suplicamos que venha nos trazer a paz)

- Mò rò Bàbá e ye (Pai… Queremos sua paz em nossa vida)

Compadecidos dos rumos sombrios da humanidade, carregando a fé ardente de quem vive e conhece os caminhos do axé, assim clamaram setes iaôs — iniciados no candomblé e filhos do grande pai funfun… Orixá da criação… Senhor de sabedoria ancestral… Guardião da paz…Orixalá — O Grande Orixá!

- Bàbá o ké di am-nó re ki Ájàlá (Pai Supremo, saudamos a sua misericórdia, saudamos Oxalá)

Num gesto de amor e proteção, Oxalá — unindo o Orum ao Ayê e emanando intensa luz — baixa em Terra, bate três vezes seu opaxorô, e diz:
- Óh, filhos meus… Se clamam por misericórdia e paz, somente há um caminho a seguir: Ouçam a voz da energia ancestral emanada no ritual das Águas de Oxalá e conhecerão um intenso canto de luz… Peçam com toda a fé que houver em seu coração e — somente pelas bençãos celestiais — a luz triunfará sobre as trevas!

Águas de Oxalá

Ó fúruù lóòréré o Àilaá Bàbá (O grande Pai Oxalá aparece no horizonte trajado todo de branco!) Oxalá, saudoso de seu amigo Xangô, decide visitá-lo… Após longas paragens, finalmente chega ao distante reino de Oyó. Ainda na fronteira, reconhece — perdido — o cavalo branco que ele mesmo havia presenteado o rei. Afinal, na África somente os grandes reis possuíam cavalos… Eis que o animal passa a segui-lo e, desta maneira, os guerreiros de Xangô confundem Oxalá com um ladrão e o prendem. São sete anos de prisão. Neste período, Oyó padece da fome, da peste, as chuvas não caem e o fim era iminente… Xangô decide consultar Ifá, que revela o motivo de tantas mazelas em seu reino: um inocente estava preso em seus domínios. Manda então vasculharem as prisões e descobre o grande equívoco ocorrido com Oxalá. Curvando-se ao orixá funfun, Xangô roga piedade e misericórdia ao povo de Oyó. Ordena a todos que se vistam de branco e que tragam águas das mais límpidas fontes, três vezes, para lavar o Grande Pai. Ao retornar para o seu reino — Ejigbó — Oxalá foi celebrado e recebeu um banquete com seu prato predileto — o inhame — como prato principal. A felicidade voltou a reinar em Oyó e Ejigbó. Assim, respeitosamente, essa passagem da vida de Oxalá é revivida no ritual das Águas de Oxalá! Cumprido o ritual com sagrada e usual reverência, é concedido aos sete filhos do Grande Orixá a dádiva de ouvir, conhecer e propagar o entoar do ‘canto de luz’, dedicado à sagração às duas principais qualidades de Oxalá — Oxalufã e Oxaguiã –, que trará alento aos mortais sedentos de amor, respeito e esperança… Eis o único caminho para a conquista da paz profunda e verdadeira!

Canto de Luz - Sagração à Oxalufã e à Oxaguiã

Bàbá é Senhor idoso
É o Moço que faz a guerra
É o ar que alimenta o fogo
É a chuva que molha a terra
Cajado e Opaxorô
Bàbá me estenda a mão
Alivia minha dor enquanto pila o pilão

O canto de luz, ouvido pelos sete iaôs após o ritual das Águas de Oxalá, traz o amor de Oxalufã….

Oxalufã — velho e paciencioso — é dono de sabedoria ancestral, haja visto que recebeu a missão de criar não somente o universo, como todos os seres, todas as coisas que existiriam no mundo. Para que cumprisse sua missão foi dotado de duas poderosas forças: o poder da perpetuação e o poder da realização. Saudar Oxalufã — o Grande Pai — é um ato de amor. Amor pela humanidade. Criar os seres humanos não é o que faz de Oxalufã, o pai da humanidade. Sua proteção constante, seus cuidados, é o que faz dele o Grande Pai. Oxalá é pai que ama, que acalenta, aconselha e mostra o caminho do bem. É pai a vida inteira — dos filhos que erram e dos filhos que acertam — que perdoa porque ama, porque é Pai!

O canto de luz, entoado pelos sete iaôs após o ritual das Águas de Oxalá, traz o respeito de Oxaguiã….

Oxaguiã — jovem e guerreiro — defende o respeito, pois carrega consigo a contradição básica de todo ser: ser igual na essência, mas diferente na aparência. Superar essa guerra e viver em comunhão é o grande desafio deste orixá. A guerra pela comunhão parece contraditório, mas é importante destacar que Oxalufã luta para que todos estejam unidos em torno de um mesmo diálogo, para que o respeito às diferenças possa prevalecer e a paz seja a bandeira de todos os homens. O canto de luz em sagração à Oxalufã e Oxaguiã nos preenche de esperança… Esperança de misericórdia, esperança nas bençãos de Oxalá, esperança por dias de paz… Esperança!

Oferendas

Do alto de sua sabedoria ancestral, Oxalá segue nos ensinamentos a serem repassados aos seus filhos, para que esses façam do canto de luz do orixá funfun o triunfo daqueles que buscam a paz como fim dos dias de trevas. Placidamente, diz Oxalá:

- Óh, filhos meus… O equilíbrio, no axé, se faz de muitas maneiras… Todas elas ricas e valorosas…

Das mais belas e sublimes está o ato de saber pedir, mas — sobretudo — saber agradecer… Vocês entoaram o canto em sagração à Oxalufã e Oxaguiã, e louvar ao sagrado em súplicas é preciso; mas, para que seus desejos sejam alcançados, consagrem sua fé em oferendas… E eu vos darei toda a minha misericórdia aos homens! Assim, em profunda reverência ao Grande Pai, os filhos-de-santo se curvam aos preceitos do divino orixá. Afinal, é preciso compreender que os orixás devem ser agradados para que seus desígnios recaiam sobre nós! Que se façam as oferendas funfun… Muito ebô, acaçá, igbin e inhame pilado!

Regozijo em Oxalá

Ó fí là aláyé ó… Iré ilé awá (Oh! Senhor do mundo que usa Alá… Faça nossa casa feliz)

E assim, louvado pelos seus, Orixalá — O Grande Pai Funfun — se compadece da humanidade assombrada pelas trevas e cobre a todos com seu imaculado Alá — sagrado pano branco — que nos protege e faz sentir sua assombrosa força, inundando-nos na mais profunda e verdadeira paz. Oxalá, altivo e orgulhoso dos sete iaôs — invocadores do canto de luz — convoca um xirê dos orixás para reunir as forças do Orum e decretar o fim dos dias sombrios… Pois onde estiver Oxalá no comando, a luz se fará presente… A luz que se propaga pelo ar, elemento de seu domínio… O ar que nos sustenta no chamado… Sopro da vida!

Xeu, Êpa, Bàbá!

Glossário da Sinopse

Afoxé — Cortejo
Bàbá — Pai, Papai
Agô — Licença; Permissão
Iaô — Iniciado no Candomblé Que Não Chegaram aos 7 Anos de Iniciação
Alá — Pano Branco de Oxalá; Forte Representação da Paz Oferecida Por Oxalá
Axé — Energia Vital; Poder Vital; Força Vital
Xeu, Êpa Bàbá — Saudação ao Orixá Oxalá
Funfun — Termo Utilizado em Menção aos Orixás da Criação; Orixás “Brancos” (Cor da Criação)
Orum — Céu
Ayê — Terra
Opaxorô — Cajado; Acessório de Oxalá/Oxalufã
Pilão — Acessório de Oxaguiã
Ifá — Orixá da Adivinhação e do Destino; Oráculo de Adivinhação
Ebô — Milho Branco Cozido (Comida de Oxalá)
Acaçá — de Milho Branco (Comida de Oxalá)
Igbin — Caramujo (Comida de Oxalá)
Inhame — Comida de Oxalá; Na África Ancestral-Tribal o Equivalente ao “Pão Nosso de Cada Dia”
Xirê — Festa; Congraçamento; Roda dos Orixás; Reunião do Panteão dos Orixás


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