A lenda indígena criada pelo GRES Unidos do Vale Encantado conta os desafios enfrentados pelas sete tribos indígenas que habitam o Vale Encantado em um dos jogos indígenas que acontecem anualmente. Os jogos celebram a vinda da chuva que traz fartura e ambudância na pesca, caça e colheita saudando e agradecendo o Deus Supremo, Tupã.
Naquele ano, o conselho tribal declarou que, além de prendas, o índio vencedor dos jogos desposaria Raio de Sol, a filha do cacique geral do Vale Encantado.
O fogo sagrado foi aceso em uma grande fogueira e seria apagado somente ao final dos jogos.
Ao entardecer, os jogos se deram por abertos com cânticos e danças para que tudo fluísse com segurança, na mais perfeita harmonia, com a proteção de Tupã e das cobras guardiãs do Vale.
O sol já se escondia no horizonte, a lua brindava com todo o seu esplendor e as estrelas brilhavam no céu como diamantes.
Até que sorrateiramente, uma nuvem densa e escura invadiu o Vale Encantado. Misteriosamente o fogo sagrado se apagou e nada mais se via. Só se ouviam incrédulas vozes e a escuridão tomou conta do lugar...
Os habitantes do Vale não se deram conta do perigo que se aproximava. Enquanto a nuvem pairava, sem que ninguém percebesse, um ser estranho se escondia atra´s da lenha da fogueira recém apagada. A fumaça foi inalada pela filha do cacique, Raio de Sol, que desfaleceu em um sono profundo.
Preocupados com os acontecimentos, o conselho tribal se reuniu. Pajés e feiticeiras descobriram que tudo fora provocado por Ikirutã, o Senhor das Trevas, a besta de sete cabeças. A fera que tinha como único objetivo transformar o mundo em trevas e fazer do mal a nova era.
Tupã foi consultado para saber como derrotar a fera e ordenou que fossem escolhidos sete guerreiros, um de cada tribo do Vale. Estes guerreiros deveriam adentrar a floresta e, da árvore mais rígida, retirar sete galhos para serem transformados em flechas e então, alvejar Ikirutã. Unidas, todas as tribos deveriam entoar cânticos sagrados de guerra para desestabilizar a fera, que permanecia escondida.
Os guerreiro também precisariam tomar um banho de ervas sagradas preparado pelas feiticeiras, as anciãs detentoras dos saberes tradicionais, para protegê-los da fera. O espírito da onça pintada, animal muito respeitado e reverenciado no Vale, também deveria ser evocado trazendo a força, a coragem e a habilidade, além de abençoar a batalha para a retomada do território.
O plano foi traçado e assim executado.
Os bravos guerreiros foram ao combate e lançaram as flechas ao alto. Uma delas acertou a fera que deu um alto rugido e revelou onde se escondia.
Com a fera abatida uma forte ventania de repente tomou conta do Vale. A núvem negra deu lugar à claridade vinda do brilho da lua e das estrelas. Com alívio e felicidade o fogo sagrado foi aceso novamente.
As tribos comemoraram a vitória até surgir no horizonte os primeiros raios de sol anunciando um novo dia, um novo tempo. Revoadas de borboletas azuis tomaram o Vale e bailaram sobre a filha do cacique, que despertou do sono profundo, cheia de alegria.
Os jogos foram reiniciados e, ao término, anunciou-se a tribo vencedora. O atleta mais valente foi agraciado com prendas e aclamado como integrante do Conselho Tribal. E conforme prometido, casou com a bela Raio de Sol.
E a paz voltou a reinar no Vale Encantado!
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