
INTRODUÇÃO
Para o Carnaval de 2024, a Escola de Samba Penha apresenta em seu enredo a História do Quilombo de Quingoma, o primeiro quilombo do Brasil e ainda em atividade.
Local de muitas dores e aflições... Hoje luta pela conquista de sua titulação para que os remanescentes de comunidade do quilombo que estejam ocupando suas terras, tenham reconhecimento pela propriedade definitiva.
Contaremos aqui, a história que a história esqueceu de contar.
Desde a chegada dos negros escravizados até os dias atuais, passando pelo sofrimento dos trabalhos forçados, do plantio e colheita, de sua fé, ancestralidade, cultura e reconhecimento de primeiro território Yorubá fora da África.
A Penha convida você a embarcar neste enredo rico do nosso povo, nossos irmãos quilombolas, descendentes africanos, onde os costumes passam de geração para geração, onde a terra não é só terra, ela é memória!
Nossa pequena homenagem para que o Quilombo seja reconhecido e continue sendo símbolo de resistência. Viva a memória do nosso povo!
SINOPSE
Que comecem os trabalhos! Abram a gira. Hoje a Penha recebe o Preto Velho que ilumina este terreiro. Nosso altar do samba se transforma num Congá para exaltar a ancestralidade e a resistência.
Somos todos um grande Quilombo! Exaltamos a força de Quingoma, o primeiro Quilombo do Brasil!
Rufem os tambores!!! É a força do samba... é a força do negro.... é a força de Quingoma!
De origem Bantu, Quingoma, "Quin” muitos, "goma" atabaques, tambores pequenos - e assim foi batizado nosso Quilombo, ainda em atividade.
Quingoma é uma etnia africana vinda em menor número para Bahia, vieram forçados pelas mãos do açoite. Trabalhavam nos engenhos e nas fazendas da freguesia de Santo Amaro de Ipitanga (hoje, Lauro de Freitas) como escravos na produção de cana de açúcar e no plantio e colheita do café, nos séculos XVIII e XIX.
Resistência quilombola, que de tempos de dor vividos na senzala, agora é de liberdade. Quebram-se as correntes da humilhação! Com muita luta, suor e lágrimas.... a conquista pela igualdade.
Como num raio de sol, raiou, a liberdade.
Das mãos do açoite, para as lutas e resistência do povo negro e quilombola.
Sob a luz do luar, o povo de Quingoma construía sua fortaleza, nascia a irmandade para se afugentar do homem branco, todos os hábitos do povo do Quilombo, como o plantar e colher para dividir entre eles, eram noturnos, evitando assim que fossem encontrados pelos seus opressores e fortificando o elo de amizade e igualdade.
E, neste terreiro, o negro louvou sua fé, suas origens, sua raiz! Roda gira, candomblé! A proteção aos Orixás! Emana o Axé para essa gente guerreira! Assim, aconteciam seus rituais, no terreiro do Quilombo. Acendam-se as velas, ofertam-se as flores, Axé!!!
Este povo, que leva a arte e a cultura por toda parte, trouxe suas raízes. E nesse chão deixou um legado, sem igual. A arte da cultura do artesanato, da palha, das mãos que emolduram a arte, das danças que balançam e gingam o corpo, da capoeira, do maculelê. É a tradição que se perpetua entre as gerações. Um legado que jamais se apagará.
Malungo, meu irmão e parceiro de jornada, venha ver! Essa rica ancestralidade, nessa terra se espalhar. Terra de história e de luta por justiça social de sua gente. Uma pequena África, fora da África, o primeiro território Yorubá oficialmente reconhecido sob as bençãos do Rei Adéyeye Ènitán, Ooni Ifè, o Rei de Ifé! Plantando uma árvore na entrada do Quilombo, deixando gotas sangue junto a este ato de plantio, firmando assim toda a essência de ancestralidade, força e raiz de um povo. É Quingoma em sua essência.
E com punho cerrado, a Penha, se une à Quingoma por esta luta, para contar a história que a história não contou.
Resistir sempre! Viva Quingoma, patrimônio de nosso país!
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