PROPOSTA
Nosso
objetivo principal é divulgar a música e a dança negra e suas
contribuições, num contexto atual, não podemos falar do negro, sem falar
da religião também. Vamos mostrar a arte de cantar e dançar de uma nação
que desperta um sorriso incomum, o sorriso da felicidade. Por isso, aqui
vai um tema onde o orgulho e a sensibilidade da raça negra é exaltada.
Os negros podem sorrir, porque é através desta manifestação espontânea é
que o Brasil se torna um país negro, de um sorriso lindo: O Sorriso
Negro.
PRIMEIRA
PARTE - UM SORRISO NEGRO NA MÚSICA
"A música
dos brancos é negra". A frase é de negro, falta de senhas, disco de
Adriana Calcanhoto, e é perfeita para exemplificar a influência dos
negros da música. Tirando a música erudita, os criolos mandam em tudo e
a Mãe África é o berço de todos os ritmos, fornecendo-lhes o molho e o
tempero. O descendente do escravo negro entrou em contato com as
harmonias européias e criou o Jazz, que sintetiza a música do século XX.
É claro que quem mais aparece fazendo este tipo de música são os
brancos, os negros criam, os brancos copiam e contabilizam. Não é regra
geral, mas tem sido há muito tempo, é só observar.
A negritude
da MPB tem um de seus momentos máximos em Missa dos Quilombos, disco de
Milton Nascimento gravado em 1982, um exaltação à figura de Zumbi dos
Palmares. Melodia e harmonização perdem de goleada para ritmo nas
composições de Jorge Ben Jor, autentico alquimista de sons. África e
Brasil estão unidos na sua música, assim como na de Gilberto Gil. Gil
vem da Bahia, caldeirão rítmico por excelência e fonte de inspiração
para astros pop, como Paul Simon e David Byrne, que já foram até lá para
se abastecer da energia pulsante do ritmo negro inesgotável.
SEGUNDA
PARTE - UM SORRISO NEGRO NA DANÇA
Capoeira,
samba, lambada, fricote... Afinal qual o significado da dança para o
povo negro? Para responder a esta questão precisamos voltar às origens
dos africanos que se instalaram aqui no Brasil, que se dividem,
basicamente em três grupos.
Um desses
grupos é representado pelos sudaneses; da Nigéria, gegê do Daomé, e
fai-ashanti, da Costa do Ouro. O segundo é formado por guineo-sudaneses,
habitantes da linha abaixo do Saara. Finalmente, temos os bantos, vindo
de Angola, do Congo e do Moçambique.
É sabido que
quando várias culturas se misturam acabam gerando uma nova, que
representa a soma do melhor de cada uma delas. Foi o que se deu por
aqui: a mistura desses grupos com os brancos e índios resultou na
africanização da cultura brasileira.
Esses povos
africanos tinham uma forma própria de organização e uma maneira de se
relacionar com o meio ambiente que era muito diferente da propiciada
pela visão de mundo européia. Enquanto os europeus viam o homem como
dominador de todas as coisas, à imagem e semelhança de seu deus, todos
poderosos, os africanos viam o homem como um todo, integrado pelos
deuses, pela terra e pela natureza. Toda cultura africana é representada
nesse universo, em que os valores morais, sociais e ecológicos são
traduzidos por meio da religiosidade, dos mitos e artes em geral.
Tais valores
estão intimamente representados na dança, que é para os povos africanos
o mais potente elemento de aglutinação social. Originalmente a dança
estava tão ligada à cultura do ancestral africano que, com certeza,
poderíamos considerá-la como mais um órgão que tivesse em seu corpo.
Para eles a maneira de se relacionar com o ambiente era percebida pelos
sentidos naturais e traduzida pela dança.
Representações e ritos de passagem e do dia-a-dia, em que o corpo
aparecia livre e exuberante, foram reprimidos como a capoeira angola, de
origem banto, cuja base foi n'golo, um ritmo de casamento praticado na
África que reproduzia as danças de acasalamento de alguns animais.
A cultura de
um povo, porém, pode ser mutilada mas não morre. Adapta-se e sobrevive.
Herdamos o código. Um dia, a dança afro-brasileira será novamente, e de
forma livre, aquele "órgão" suplementar de nosso corpo que tentaram
suprimir. Os sinais disso já estão por aí, em muitos lugares e
manifestações de nossa dança.
TERCEIRA
PARTE - MÚSICA E DANÇA... ISTO DÁ SAMBA!
A Escola de
Samba é o maior e mais organizado reduto das tradições negras do país,
apesar de ser recentemente dominado por profissionais e "oportunistas",
ainda consegue trazer um legado antigo quanto às suas origens. O
samba-enredo atravessa as barreiras da comunicação e se transforma em
cultura musical, pos a partir dele podemos aprender parte da nossa
história ou dos nossos costumes e a dança?
O remelexo
das cadeiras, o movimento dos braços e pés, o sorriso negro é
evidenciado naturalmente. A dança do samba sempre será mágica. Há quem
diga que futuramente o samba será apresentado na forma de um pandeiro e
um coração sorrindo.
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