“Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.” (Mario de Andrade)
Eis a Lira Paulistana! Sim, a mesma do poeta Mario de Andrade, os mesmos sentimentos, a mesma paixão, a mesma cidade. São Paulo é inspiração, São Paulo é saudade, São Paulo é amor! São Paulo é música, São Paulo é poesia, São Paulo é Independente!
Em seu retorno no Anhembi, a Independente levará ao sambódromo o enredo Canção Paulistana: quando a inspiração, a saudade e o amor cantam por ti, São Paulo. Lembrando as inúmeras músicas que cantaram esta cidade, que sempre acolheu a todos de braços abertos, servindo de inspiração para belas melodias e poesias. “Palco da arte e cultura, cenário do nosso carnaval…” A Independente declara seu amor por São Paulo e vai buscar na saudade a inspiração para cantar a cidade de todos os brasileiros, especialmente dos compositores de diversos estilos e tendências, vindos dos cantos mais remotos deste Brasil, apaixonados por uma cidade que, longe de suas aspirações, apresenta a dura realidade de uma selva de pedras, mas com um “coração de mãe que alimenta o sonho dessa gente…”
Cidade que inspira
Cada canto da cidade é inspiração musical; diversos momentos nos trazem saudade; e o amor se declara em melodias e versos! “Musa de poetas e atores, pintores e escritores. Tão linda, tão bela…” São Paulo é a beleza revelada em poesias. Canto de sentimentos diversos, extremos, contraditórios. Perplexidade, surpresa, resignação. Tantos sentimentos… São Paulo.
Mario de Andrade descreveu o amor por São Paulo, sua cidade arlequinal, assim como a cidade é. Sem pieguice, viu beleza nas águas turvas do Tietê e, ao partir, quis ficar. Dividido como o mártir da Inconfidência, a jazer em cada praça, em cada rua, em cada esquina, em pedaços de inspiração e saudade!
Mote para artistas da Semana de Arte Moderna, Mario de Andrade ainda apresenta a cidade aos compositores da velha e da nova geração. E os sentimentos que traduziu nas palavras de Quando Eu Morrer, por exemplo, foram se reproduzindo em canções. Da saudade do Lampião de Gás, ao amor conformista de Sampa, nunca faltou inspiração pra cantar São Paulo!
Saudade que vai além da
poesia
Saudade, saudade… “A luz do lampião iluminava os caminhos da evolução…” A saudade de uma cidade tranqüila , pequena. O progresso destruindo tantas coisas… Todas as músicas que cantam São Paulo conversam entre si.
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva.
Assim, cantaremos a saudade, tão presente nas músicas de grandes compositores. Sob a luz dos lampiões de gás, a noite apresentar-se –a. Então, a lua, que nos inspira a cantar ainda mais, romperá os arranha-céus e iluminará o palco da mais sublime poesia. É a Independente pedindo passagem e saudando os grandes poetas paulistanos – de alma, coração e sentimento –, porque São Paulo é de todos nós. São Paulo é daqueles que amam suas contradições e mazelas, mas têm esperança de que um dia melhor sempre há de vir. Na noite que tudo esconde, “alguma coisa acontece no meu coração…” A busca do amor bandido pelas ruas e avenidas. A desconfiança dos olhares. “São Paulo é convite para amar…” São Paulo é desilusão, é o sangue quente no asfalto frio da madrugada.
“Onde estará o meu amor?” Perdido em um trem de periferia? Na pressa dos horários, que não esperam, o amor segue o tempo da fábrica, da produção, do trabalho… Na cidade que não para, o amor tem limite.
É a saudade que inspira o sonho… Amor de cidade… Feliz cidade!
São Paulo, onde tudo acontece
E quando dizem que “não existe amor em SP”, o que dizer? Na cidade que amanhece, “o tempo não para”, mas “no meio de olhares” ainda é possível encontrar alguém, ainda é possível sonhar, porque a realidade da grande cidade é muito dura, é dura demais…
A São Paulo de tantas tribos amanhece pulsante, corre sem parar, transmite emoções e traduz sua beleza – mesmo que cinzenta – em versos e melodias, em música. São Paulo é isso e muito mais.
Cidade que o amor cantou, na qual o coração se fez presente. Mesmo fria em suas cores se tornou uma cidade quente e musical na inspiração de tantos compositores que se encantaram com o amor e a saudade que pulsam em suas ruas, esquinas, vielas; em seus rios, praças e avenidas; em sua gente apressada, mas sempre solidária. É surpreendente em gestos e atitudes, é a cidade dos sonhos de todos os brasileiros, é a cidade da esperança. São Paulo é “trabalho, seresta e samba…”
Cidade de sambistas que sempre cantaram sua História. Cidade que inspira os corações apaixonados.
A canção paulistana que nos inspira vem de uma sinfonia nítida e confusa, contraditória por definição, perfeitamente inteligível para aqueles que a amam incondicionalmente. Muitos a traduziram em música, que não serve apenas para explicar São Paulo, mas, principalmente, para senti-la, com o coração e a mente aberta, num momento mágico de amor e saudade!
“A Paulicéia é a morada do esplendor…” Desvairada em sua essência, a cidade é um palco por onde estrelas cintilam numa noite escura. A obra de Mario de Andrade é a “mais perfeita tradução” de São Paulo. Ousada e inquietante, a obra do mais paulistano de todos os poetas é o paradigma de todos os compositores que a cantaram, dos mais eruditos aos mais populares. É como uma “teoria”, que sustenta todos os olhares que se voltam pra São Paulo, que a decantam em versos de amor e saudade. Mario de Andrade é inspiração! Pai e filho da cidade arlequinal, criador e criatura, brasileiro, paulistano… A cidade geométrica, assimétrica, desigual, desencontrada, contraditória, cinza, linda…
Inspirada na saudade a Independente vem cantar seu amor por ti, São Paulo!
É sempre lindo andar na cidade de São Paulo, de São Paulo
O clima engana, a vida é grana em São Paulo
A japonesa loura, a nordestina moura de São Paulo
Gatinhas punks, um jeito yankee de São Paulo, de São Paulo.
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