Quero aqui comentar
De um fato corriqueiro
Que em todo lugar existe
Nesse mundo brasileiro
É mesmo uma coisa chata
O fato é que ninguém escapa
Da língua do fofoqueiro.
Uma fofoca legal
Começa por “nem te conto”
Fica só entre nós dois
Fazendo cara de espanto
Falando ao pé do ouvido
Faz-se de besta e tonto.
Há muitos tipos de fofocas
Vou falar das principais
Pois a coisa é infinita
Nas camadas sociais
Quem nasceu pra fofocar
Num deixa o Vicio jamais
Dizem que um tal de Lúcifer
Um cabra feio da peste
Era um anjo muito querido
De toda corte celeste
Mas um dia resolveu
Abrir a boca demais
E agora tem que aguentar
O nome de Satanás.
Esse tal de fofoqueiro
É mesmo de amargar
É da briga o mensageiro
Companheiro do Azar
O chefe das desavenças
Que terá por recompensa
Um inferno a lhe aguardar.
Se a fofoca é das boas
A coisa é gostosa demais
Pois até Adão e Eva
Infernizou Satanás
Eva fez o coitado do Adão
Comer a maçã da tentação
Para Deus poder julgar.
Pois veja como é a fofoca boa
Na história ela teve influência
Pois até os homens das cavernas
Praticaram essa delinqüência
Pois pra ser o que somos hoje
Os brutos ficavam de longe
Bisbilhotando a ciência.
Até a poderosa senhora
Cleópatra rainha do Egito
Usou do poder da fofoca
Para enganar seu marido
Fez-se de morta pro amante
E a fofoca chegou num instante
Pra Antonio se tornar falecido.
Pois veja que Seu Michelangelo
Famoso pintor renascentista
Também foi alvo de fofoca
A vida de tão grande artista
Dizem que matou seu modelo
Um rapaz belo e faceiro
Só por ser perfeccionista.
Em uma obra de Shakespeare
Cujo “Otelo” nela enfoca
O general Iago mata
Na mentira que provoca
Sua esposa Desdêmona
E se mata por fofoca.
E a inveja, quem diria!
Um boato na Europa correu
Mozart, um grande compositor
De febre reumática morreu
Mas as más línguas contam
Que Salieri na trama
A fama da morte assinou.
Outro grande compositor
De fofocas Brahms não escapou
Para utilizar em suas sinfonias
Gatos ele estrangulou
E foi seu grande rival
Que esse boato espalhou.
Da língua ferina e mordaz
A monarquia tampouco escapou
Maria Antonieta, rainha da França
Com outros homens se deitou
Diziam que até impotente ele era
Nem o casamento o rei consumou.
E foi o colunismo social
Que inaugurou a fofoca moderna
Artistas, atletas, políticos, celebridades
A lista é simplesmente eterna
Sofreram por causa de línguas soltas
Boatos publicados de forma nada terna.
E olha que o tempo passa
E passa rápido demais
Mas a bendita fofoca
Nunca fica pra trás
E todo tipo de gente
Pode ser até nosso parente
Faz fofoca demais.
Tem a fofoca inocente
Nós falamos sem querer
Numa conversa informal
Solta sem querer dizer
Pensa que tá ajudando,
Mas só atrapalha você.
As fofocas inventadas
Feitas por gente maldosa
Por inveja ou despeito
Conta estória mentirosa
Essa cobra infeliz
Fica feliz nessa prosa.
A fofoca por inveja
De gente de baixa estima
Se mordendo de ciúme
Todo seu ego se anima
Só pra derrubar o outro
Querendo ficar por cima.
Tem a velha faladeira
Que fala do mundo inteiro
Vive à vida dos outros
Do seu modo fofoqueiro
Tem a língua mais ferina
Que espinho de limoeiro.
Fofoca por telefone
Tem fofoca por e-mail
Usando até celular
Faz uso de qualquer meio
Sabe quem saiu com quem
Fulano de tal é feio.
Você já sabe da última?
Fulana se separou,
Beltrano traiu cicrano
Viu a Maria? Que horror!
Já sabe quem é culpado?
A viúva já se casou.
Quem faz fofoca demais
Vai morrer sem salvação
Sua alma vai pro inferno
Seu corpo vai num caixão
Sua língua vai em outro
Puxada por caminhão.
E pra terminar com a fofoca
Às vezes é preciso saber
Que tudo que a gente fala
Tem um motivo e por que
Mas hoje na Imperatriz
Tomamos uma decisão
Pois o Ministério da Fofoca Adverte
Que Fofoca Boa é Divulgação! |