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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.E.E.S. BOÊMIOS DA VILA - CARNAVAL 2013
Enredo: Na rota da fé salve o candomblé!

O Grêmio Recreativo
Autor: J. Ivo Brasil

 

Defesa da Logomarca Carnaval 2013

O fio (de conta) representa a rota/caminho que cada um escolhe para seguir, seja ele tortuoso ou  não, pois depende da visão de cada um (livre arbítrio). As cores/círculos do fio, simbologicamente, representam as muitas religiões existentes hoje no mundo além de simbolizar o “fio de conta”, que no Candomblé cada filho de santo usa para representar seu Orixá.

A figura do negro (escravo) representa uma boa parte da história de nosso país (Brasil), pois foi a partir da escravidão que muitos costumes, ritos e/ou crenças foram aqui introduzidos pela gente que vinha de longe (trazidos a força). A coroa na cabeça do “negro” representa os muitos reinos/famílias que foram destruídos pelo advento da escravidão. A cor vermelha na coroa representa o sangue derramado, antes, durante e depois da escravidão.......sangue este que foi, é e será derramado (infelizmente) em nome da “fé” de cada um. 

Sinopse

"Andá com fé eu vou. Que a fé não costuma faiá..."

(Gilberto Gil)

De maneira simples ter fé significa confiar, acreditar em algo ou em alguém.

Geralmente este sentimento, ou sensação, vem do fundo da alma, nasce do coração e pode ir além da razão e do simples entendimento, pois tem coisas que é possível vivenciar e jamais explicar, ou seja, a fé não precisa de argumentos racionais.

Sua manifestação se dá de várias maneiras, podendo ser vinculada a questões emocionais (tais como reconforto em momentos de aflição desprovidos de sinais de futura melhora, relacionando-se com esperança).

Pode também estar direcionada a alguma razão específica ou mesmo existir sem razão definida.

Muitos são os caminhos (rotas) que a fé percorre e muitas são as suas ramificações e seus entendimentos, entretanto quando nos embrenhamos na rota da fé pela ramificação da religião, crença, quer dizer que aceitamos as visões dessa religião como verdadeiras e quando não nos baseamos em credos significa que alguém é leal para com uma determinada comunidade religiosa.

Algumas vezes, fé significa compromisso numa relação com Deus. Nesse caso, a palavra é usada no sentido de fidelidade. Tal compromisso não precisa ser cego ou submisso e pode ser baseado em evidências de caráter pessoal. Outras vezes esse compromisso pode ser forçado, ou seja, imposto por uma determinada comunidade ou pela família do indivíduo.

Resumindo: Muitos são os caminhos que levam ao Senhor. Gosto e fé: cada um tem o seu próprio caminho a seguir.

No Brasil, quando falamos de fé, falamos de um povo mestiço, falamos de uma cultura que combina elementos de diferentes origens que variam de lugar para lugar. Nessa perspectiva, o panorama das manifestações de fé do povo brasileiro transcende o espetáculo e mergulha em outra dimensão das palavras e imagens. Por conta disso iremos adentrar na rota (caminho) do ritual do candomblé.

Os ritos e mitos do Candomblé pouco falam de história.

 O Candomblé no Brasil, nasceu nas senzalas!

Isso significa que o culto (crença e/ou religião) tem sua origem na África e é uma junção de diversos costumes provenientes de milhões de negros de diversos países e cidades africanas que foram arrancados de seus lares, famílias, pais e filhos para trabalharem nas plantações de cana e café em diversas cidades do nosso país.

Essa parte da história é uma velha conhecida nossa, entretanto, o que poucos sabem é que, nas senzalas, este aglomerado de culturas e de raízes servia de troca de informações culturais, fundamentos, cultos e práticas religiosas que, apesar dos pesares, veio enriquecer, e muito, nossa própria cultura, de modo geral, através de conhecimentos passados de geração a geração...

Estas práticas religiosas acabaram se tornando a base da resistência negra neste país, porque cada negro tinha, ou sabia que seu avô teve um Orixá protetor que, de alguma forma, o ligava a uma estrutura familiar maior, mesmo que temporariamente desfeita.

O culto aos Orixás está diretamente ligado à família, geralmente numerosa e originária de um mesmo antepassado (os vivos e os mortos). Esse ancestral “divinizado” manifesta seu poder através de uma força mágica e sagrada que anima a vida e que por sua vez se chama “asè” (ou axé como falamos em português), sendo que essas forças (pura e imaterial) geralmente estão ligadas à natureza e só se torna perceptível aos seres humanos quando se incorpora em um deles.

Toda essa riqueza cultural foi seriamente ameaçada pelos conquistadores portugueses, franceses, ingleses, padres e bispos da época, pois no continente africano, muitos reinos, com suas ricas e milenares cidades, foram extintos ou enfraquecidos pela escravidão. Nascem assim uma legião de órfãos de orixás, órfãos das forças puras vindas da natureza (energia/axé).

Até hoje é possível verificar, em muitas regiões africanas, a ausência destas energias, é possível verificar um povo carente em vários sentidos e deficitários em vários setores (Sem água para beber (Oxum); Sem trabalho ou sem ferramentas de trabalho (Ogum); Sem justiça (Xangô); Sem paz (Oxalá); Sem estudo ou com problemas psicológicos (Iemanjá); Sem saber qual sua origem/ família (Nana); Sem comida/caça (Oxossi); Sem remédio (Ossain).....e por ai vai.

Um passado escrito pela força das mulheres

Apesar do culto ao Orixá ser um bem de família os cuidados exigidos à sua “cultuação” só era possível através da figura masculina e seus conhecimentos transmitidos pela linhagem paterna (os sacerdotes).

Naquele período as famílias mais ricas tinham o que chamavam de “sacerdote familiar” (cuidava exclusivamente do culto de Orixá daquela família). Nos outros casos poderia acontecer de não haver a figura desse sacerdote, ou seja, o culto era realizado entre os próprios membros da família ou havia um sacerdote comunitário.

As mulheres podiam participar das cerimônias, algumas podiam incorporar o Orixá, mas se eram casadas a devoção recairia sobre o Orixá cultuado pela família do marido, pois, de forma geral, elas eram encaradas como "doadoras de filhos", apenas parcialmente integradas à família do marido, junto da qual deveriam viver após o casamento. Tanto assim que, quando morriam, seu cadáver era sepultado junto à sua família de origem, para que voltassem às suas raízes.

Mas como sobreviveu um culto familiar, aqui no Brasil, já que os membros destas famílias eram separados na época da escravidão?

A resposta está nas confrarias e irmandades religiosas que se organizaram aqui, a partir do século XVI, sob a égide da Igreja Católica. E foi justamente uma ramificação destas confrarias (a Confraria de Nossa Senhora da Boa Morte da Barroquinha) só para mulheres (e mulheres da Nação Ketu) que deu origem à primeira casa de candomblé da Bahia e do Brasil : a Casa Branca do Engenho Velho (início do século XIX) de onde se originaram todas as outras casas.

Dentre estas casas, a que mais se destacou, no início do século XX, foi a Opô Afonjá, por sua atuação política e social conduzida pela figura carismática de Mãe Aninha. Uma ex-escrava que foi responsável não só pelo resgate das tradições originais da religião, mas, também por intercâmbios culturais entre a África e o Brasil, a integração do Canbomblé à sociedade, a recriação do tradicional "Ministério de Xangô" (que reforçava o lado masculino do culto), pela inserção e participação de políticos, artistas e intelectuais que acabaram fazendo uma “ligação” do “mundo” do culto com o mundo exterior (dentre os "Ministros de Xangô" - os Mogbás ou Obás - constam nomes como Jorge Amado, Pierre (Fatumbi) Verger, Caribé, Arthur Ramos, Edson Carneiro e Antônio Carlos Magalhães).

Outro grande feito de Mãe Aninha foi resgatar o maior cargo masculino dentro do Canbomblé, o "Oluô" (adivinho, oráculo para situações especialíssimas, sendo que o maior de todos foi o Sr. Agenor de Miranda - Pai Agenor), isso sem contar sua influência política, responsável pela descriminalização dos cultos africanos (na década de 30) junto a Getúlio Vargas.

A casa é sua também, mas, peça licença para entrar.

A estrutura de uma casa de Candomblé, geralmente, é composta por dois espaços: o espaço público, que é o "barracão" onde são realizadas as cerimônias abertas e o espaço reservado onde ficam as Casas dos Orixás, ou Casa dos Assentamentos (ilé-òrìsà), e a Camarinha ou Roncó (local dos rituais de iniciação), tudo isso procurando reproduzir elementos originários da África.

É possível observar em qualquer casa, de qualquer nação, outros elementos, por exemplo: no quintal do terreiro, um espaço com vegetação natural é o "espaço mato" (procura reproduzir a atmosfera primitiva e de contato com a natureza). É aí que ficam alguns "assentamentos" de Orixás.

Dentro desta estrutura há uma hierarquia rígida que começa pelo Pai ou Mãe de Santo (os únicos que podem jogar búzios) e termina nos filhos de santo.

A religião, além de vasta, tem uma cultura rica em preceitos e são pouquíssimas as pessoas que realmente a conhecem a fundo pois é necessário muita dedicação e anos de estudo para se chegar a um conhecimento profundo da sua totalidade, mas, qualquer um pode se dedicar ao seu estudo e desfrutar seus benefícios pois existe muita energia positiva no candomblé, e o seu culto pode trazer paz e felicidade.

“O ritual do candomblé é uma conjugação de sons, cores e movimentos exuberantes, onde quem está assistindo não consegue ficar apático. Da batida do atabaque, que parece encontrar ressonância no próprio peito, ao movimento corporal que comunica uma história, que por mais que seja desconhecida não consegue ser indiferente, tudo se mescla e se amplifica na emoção do visitante. Por tudo isso, procure aproveitar sua presença numa cerimônia carregada de significações que podem lhe parecer estranhas e distantes mas que, com certeza, vão lhe seduzir nos sons dos cantos e dos instrumentos, na exuberância das cores e no sabor característico das comidas servidas ao final da cerimônia. Afinal, é uma festa familiar e todos, deuses e homens, devem partilhar o mesmo alimento, numa demonstração explícita da intensa comunhão”. (Heloisa Ribeiro – Universidade Federal do RJ)

Sabemos que falar de religião é algo que pode trazer certo desconforto para os mais descrentes ou os mais fervorosos, entretanto, a única que coisa que nos interessa é oferecer a população de foliões muitos mais que pão e circo.

Queremos passar informação, queremos mostrar que tudo pode ser visto de um anglo diferente, o anglo da história, da informação.........e queremos, acima de tudo, defender nossa liberdade de expressão (prevista na carta magma da nação).

E como diz a estrela do rock brasileiro a Sra. Rita Lee “queremos brincar de ser sérios e queremos levar a sério esta brincadeira” de fazer carnaval e aprender com isso.

Boa sorte para toda equipe que rala o ano todo para poder mostrar seu trabalho em 40 minutos. Que todo o “axé” da natureza esteja do nosso lado (e dos outros também) e que esta “dança dos deuses” no envolva com sua beleza e ensinamentos.


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