Para chegar onde chegou, a Edléia passou por muitos percalços na vida. Caçula e décima filha de família humilde de um casal de negros "cariocas adotivos" de Madureira, que tentavam a vida em São Paulo, esta paulista nasceu na região da Vila Matilde e Vila Esperança, um dos berços do Carnaval de São Paulo do Ipiranga ao ypê roxo.

Seu primeiro desafio aos nove meses, do colo saiu andando, a Léia nunca engatinhou.

Teve uma infância difícil, mas sempre foi abnegada.

Conviveu desde pequena com sua Escola de Samba do coração, a Nenê. Por isso simboliza esta águia azul e branca, a simpatia da Império Serrano (a Serrinha), as cores da Portela de Madureira e bateria da Mangueira.

E a caçulinha foi crescendo e vencendo. Sintetiza uma família de gente simples, mas honesta. Família unida jamais será vencida.

Sempre foi observada, e tem um senso crítico aguçado, tem cara de enfezada. Mas é um grande coração. Sua maior virtude: ser justa.

Outro desafio: É campeã pela Vai-Vai, em 1997, na quebra do tabu da Camisa Verde. Toda fantasia de dourado, toda de amarelo desafio é que não falta.

Não contente com a forma que a Nenê desfila ao final da década de 70, fez crescer uma das alas da escola e acabou fazendo crescer toda a escola, nos carnavais de 81 e 82.

Passou à secretária da U.E.S.P. em 83. Em 85 campeã pela Nenê desfilou no sambódromo do Rio de Janeiro (foi uma glória na época).

Foi secretária por uns tempo da Liga de São Paulo, voltou à U.E.S.P. Com muita perseverança, conhecimento, amor e carinho ao samba, transformou-se numa pessoa muito querido no meio sambístico.

Daí a idéia do Bonelli da Império Lapeano de sua candidatura á presidência.

Formou um grupo de pessoas honestas e venceu a 1ª eleição.

Mais um desafio em 97.

Mulher, de meia idade, negra, 1ª presidente sambista.

A UESP precisava crescer e ela foi arrumando a casa. Como a casa estava ruim, literalmente derrubou e reconstruiu o novo prédio.

Novo desafio: Convidou escola do Rio para a 3ª feira gorda, Mangueira, Grande Rio e Vila Isabel. Todas de berço.

Criou o museu do samba, um grande acervo histórico.

Terminou a sua diretoria como começou: inédito.

Em 2001 venceu outra vez.

E com perseverança continua vencer caprichosamente.