Das várias
tentativas de extermínio da gloriosa República Negra Independente: "O
Quilombo dos Palmares"; houve uma delas onde a tropa contratada pela
metrópole portuguesa, invadiu Macaco, uma das cidades-estado.
Dentre os
capturados após o massacre haviam várias mulheres e uma criança negra
recém-nascida.
O bebê
negro, que nasceu livre, na nação palmarina, foi enviado para a cidade
de Porto Calvo praticamente como escravo e doado ao Padre Miguel.
A criança
logo foi batizada com o nome cristão de Joaquim, cresceu na capela sob
os cuidados do padre recebendo a cultura branca, escolaridade e o que é
mais importante: foi adquirindo conhecimento da metodologia de massacre
e pressão do branco sob o seu povo.
Aos poucos
foi conhecendo a sua verdadeira história.
Por volta de
seus dezesseis anos de idade a sua revolta era tanta, que o menino
resolveu assumir a sua história real. Abandonou o padre e a Igreja e
fugiu rumo à sua terra natal: "O Quilombo dos Palmares".
Após várias
luas, perdido na mata, pois só conhecia o Quilombo através do nome e das
histórias que ouvira os brancos contaram. Caiu ao chão faminto e
cansado, desfaleceu.
Neste
período ele sonhou com toda a sua história, visionou o seu nascimento, a
invasão do quilombo, a morte cruel de seus pais e seu transporte para
Porto Calvo, e ainda todas as histórias assassinas dos brancos
opressores.
Acordou
sendo carregado nos braços de um negro, adentrando o tão sonhado
"Quilombo dos Palmares".
Logo após
ser tratado, alimentado. Contou sua história e sua visão ao feiticeiro
Anajuba, que ouviu atentamente todos os detalhes.
Concluindo
os últimos comentários o feiticeiro Anajuba, convoca a guarda-de-honra
os (guerreiros de elite) do rei e determina num linguajar africano, que
os guerreiros lhe rendam homenagens, pois tratava-se do novo rei.
Ganga-Zumba, encontrava-se totalmente velho, fraco e desmoralizado pelos
últimos ataques, que levaram a cidade quase à ruína.
O garoto não
entendeu nada. Abismado com as homenagens fitou os olhos profundamente
para o feiticeiro. Como num passe de mágica, foi só ai que ele
compreendeu a sua nova responsabilidade.
O menino
estava pasmo e sob trêmula emoção, quando Anajuba caminhou até o centro
da aldeia dirigindo sua visão aos céus, exclamou:
- Viva
Zumbi!
- Viva
Palmares!
- Viva a
Liberdade!
Neste
momento, todos os palmarinos iniciam uma grande festa e cantando num
ritmo africano alucinante.
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