E TUDO
PORQUE... RECORDAR É VIVER
De quando em
quando, cheio de saudade, nosso coração nos convida a recordar. E então,
de olhos fechados e sorriso no rosto, lá vamos nós pelos sinuosos
caminhos da memória, saboreando felizes lembranças... ao ritmo
contagiante do samba.
Eis que
então é o Carnaval. O tempo agora dorme, e os nossos ouvidos, como doce
mel, chegam os primeiros acordes de sucessos de antigos carnavais,
perdidos ao longo dos anos, porém nunca esquecidos. Imagens do povo
cantando nas ruas de então vão formando-se tal qual uma grande tela em
nossa lembrança, salpicando de confete e serpentina o véu da saudade que
aos poucos vai nos envolvendo.
Marchinhas,
sambas e samba-enredo narram com sutileza - e também com picardia e
romantismo - a essência do alegre espírito do povo brasileiro sob o sol
tropical fazendo a felicidade de toda a gente, que canta, dança e
fantasia-se para festejar o reinado da ilusão, o reinado de Momo. Pula
no peito o nosso coração, como um menino-passarinho em manhã de
primavera, até porque, nas felizes recordações dos tempos que não voltam
mais, um sentimento de esperança renova-se cada vez mais intenso, cheio
de vida.
CARNAVAIS
ANTIGOS
Desde nosso
coração - irremediável folião - retiramos as fantasias que travestiram
de beleza, luxo e riqueza os carnavais passados.
Surgem então
reis e rainhas, damas e cavalheiros... príncipes e princesas...
palhaços, moleques pés-no-chão... malandros e capoeiras... soldados e
odaliscas, baianas girando alegria... pierrôs, arlequins e colombinas...
piratas e jardineiras... cabeções e pernas-de-pau. Todos, embalados pelo
mágico balanço da bateria.
UMA FOLIÃ
DE PRIMEIRA GRANDEZA
E se
recordar mais do que nunca é viver, vamos homenagear uma destacada
figura do carnaval paulistano: Benedita Firmino dos Santos, a "Dona
Ditinha", madrinha e fundadora do Bloco Unidos de Vila Carmosina,
"unidos" sob a batuta desta incansável batalhadora. Foliã de primeira
grandeza, militando no carnaval de São Paulo há quarenta anos, atuou
também em programas de calouros, como amante da arte popular que é.
E lá vai a
menina mulata, sambando no pé e esparramando seu inconfundível sorriso
pelas avenidas do tempo, pelas avenidas da vida... do passado ao
presente, num piscar de olhos.
Paulistana
do Bairro de Vila Maria, já foi pastora de escolas de samba como a Preta
e Branca (Santa Cecília) e Unidos da Galvão Bueno (Liberdade), ambas já
extintas, em como rainha de bateria de tradicionais agremiações como
Unidos de Vila Maria e Lavapés, sem contar, naturalmente, o próprio
Unidos de Vila Carmosina, há treze anos fundado.
Todo o nosso
carinho, então, à nossa madrinha querida, e que a sua garra e a sua
alegria levem a nossa agremiação a um inesquecível desfile na avenida do
samba.
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