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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.S.C.E.S. PÉROLA NEGRA - CARNAVAL 2000
Enredo: Canta Brasil... A Tropicália no Ano 2000

O Grêmio Recreativo
Autor:

 

A Tropicália reavalia o momento sócio-econômico, político e cultural do Brasil na década de 60 tomando como gabarito o seu instrumento mais afinado: A Canção/Música.

Música de protesto, além da atitude que vinculou, aproveitou o samba, o folclore, a música rural e urbana e definiu uma nova forma expressiva de cantar (pois a tradição era um banquinho, um violão e a voz "A Bossa Nova"), os compositores e cantores que aderiram ao movimento tropicalista realizavam-na de maneiras diversas que quanto ao texto, quer quanto a música, algumas inspirações vinham da Bossa Nova e os mais novos surgiram dos festivais ou espetáculos de Arena Canta Zumbi e Opinião, os músicos e cantores tropicalistas ao lado de poetas, cineastas, teatrólogos e artistas plásticos uniram-se, apesar de suas peculiaridade de estilo em torno de um projeto: falar do país, denunciar a miséria, a exploração de grupos econômicos, a dominação estrangeira, o autoritarismo político e a repressão. Falar por aqueles que não podiam, os pobres da cidade e do campo.

As canções tropicalistas resultam quase sempre da mescla de ritmos brasileiros tradicionais (urbanos e folclóricos) com ritmos que foram difundidos pelo rádio, disco, televisão, cinema: samba, baião, ponto de macumba, rock, bolero, etc... Tropicalismo é escola de filosofia aplicada, é prazer crítico, que não se deixa aprisionar por um único referencial, os tropicalistas realizaram a arte de seu comunicar (expressar) de uma forma diferente, debochada de um jeito extravagante e cafona no modo de se vestir chamando com isto, a atenção de todos.

O movimento tropicalista teve a participação de várias facções de artistas e intelectuais tais como:

1) Música: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Torquato Neto, Tom Zé, Rogério Duprat, Capinam os Mutantes (Rita Lee), Jards Macalé e tantos outros.

2) Artes Plásticas: Maria Álvares com seus cubos sambistas, Hélio Oiticica reconhecido mundialmente com sua arte em fitas, etc.

3) Cinema: Glauber Rocha, autor do filme Terra em Transe que levou Caetano Veloso a propor um novo movimento: a "Tropicália", a princípio sem êxito.

4) Teatro: Zé Celso, na peça O Rei da Vela.

Depois de uma temporada no Recife, Gilberto Gil voltou transformado e decidido a dar o seu grito de alerta sobre a violência e a miséria em que vivia o povo do Nordeste, exigiu de todos a participação e um programa de ação. Gil viera encantado principalmente com os músicos toscos do interior de Pernambuco, dizia que não podíamos seguir na defensiva, nem ignorar o caráter de indústria do negócio em que nós tínhamos nos metido. Percebera nessas andanças que o grande amigo Caetano está coberto de razão.

INÍCIO DO MOVIMENTO

Para Caetano Veloso e Gilberto Gil os festivais foram um ponto de atividade que seria conhecida como Tropicália: no festival da Música Popular Brasileira (MMPB), as canções Alegria, Alegria e Domingo no Parque foram um fio condutor que destoava dos demais participantes, "a prova dos nove" para os tropicalistas, um espanto na época foi o tratamento veloz que Caetano Veloso empresta às estrofes a nível de palavras, paródias e comentários ou invenções carnavalescas dos valores (coisas ridículas, exagero) ou a nível de frases (tomo um coca-cola, ela pensa em casamento), imprimiu uma dinâmica inédita nas letras da canção, fazendo a ponte da Bossa Nova para a Tropicália.

Desta mistura toda nasceu o Tropicalismo; com o intuito de denunciar nosso subdesenvolvimento que nossos governantes tentavam "maquiar". Partindo exatamente do elemento cafona da nossa cultura, fundindo ao que houvesse de mais avançado, como as guitarras (uma heresia usar guitarra em um festival de MMPB para os não Tropicalistas). Mesmo o povo e, principalmente o nordestino sob o sol escaldante, passando muita necessidade e falta de cultura em todos os sentidos nossos governantes construíram Brasília; mais uma tentativa de passar para o povo que estávamos a um passo do desenvolvimento, fato este denunciado na música Tropicália de Caetano Veloso e Parque Industrial de Tom Zé.

ORIGEM DOS PERCUSSORES DA TROPICÁLIA

Os percussores do movimento tropicalista na sua maioria são originários da Bahia de todos os Santos, terra do Afoxé Filhos de Gandhi (um amor deste criança de Gilberto Gil), ou seja, os Baiunos como eram chamados carinhosamente. Sempre que podiam Gl, Caetano, tom Zé, Capinam, Torquato Neto, Maestro Rogério Duprat e outros reverenciavam à Bahia através de músicas/canções, entre tantas destacamos Hino ao Senhor do Bonfim, inclusive Batmacumba

ÍDOLOS DOS TROPICALISTAS

Estes adorados Baiunos juntamente com outras facções Tropicalistas do país (anos 60) tinham como ídolos:

1) Abelardo Barbosa, "Chacrinha" o Velho Guerreiro pelo seu visual extravagantes e brega (como usar cartola com plumas, roupas coloridas, extravagantes e bugigangas). Um artista muito avesso para sua época fazendo um programa que de uma forma ou de outra levava todos ao Circo e ao Carnaval, esta grande festa profana. Uma cena que marcava muito era o troféu abacaxi que era entregue ao calouro que era "buzinado" pelo próprio quando este não era aprovado (Chacrinha é citado na música Tropicália de Caetano Veloso).

2) Carmem Miranda, a Pequena Notável, pela sua Brasilidade sendo a mesma natural de Portugal. Em seus espetáculos hollywoodianos, Carmem Miranda quase sempre se apresentava com a vestimenta em cores que lembravam o Brasil, cantava músicas brasileiras e usava como adereços as frutas tropicais do nosso país (Carmem Miranda é citada na música Tropicália de Caetano Veloso).

3) Ernest Chê Guevara, pelos seus ideais e sua luta pela igualdade social em seu país. Um projeto socialista parecido com o dos Tropicalistas, principalmente o não ao estrangeiro pregado por Chê Guevara na América Latina, pois os povos latino americanos sempre foram subdesenvolvidos e discriminados por isto. Gilberto Gil e Capinam retratam esta admiração na música/canção Soy Loco Por Ti América.

PRÉ-EXÍLIO E EXÍLIO

Como muitos Brasileiros os Tropicalistas também sofreram muito com a ditadura implantada em nossa Pátria na década de 60, Gilberto Gil, Caetano Veloso e tantos outros foram presos pelos militares que tornaram o poder e antes de serem exilados, no período pré-exílio e exílio Caetano Veloso compôs a música Baby tão bem interpretada por Gal Costa, talvez a intérprete preferida dos Tropicalistas. Com o exílio Tom Zé, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Dedé e muitos outros foram obrigados a viverem longe do Brasil. Os Baiunos escolheram Londres (Inglaterra) para tentar viver longe da Nossa Pátria Mãe Gentil. Foi neste período difícil que o Rei Roberto Carlos e seu parceiro Erasmo Carlos que sempre admiraram Caetano Veloso compuseram a música Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos em homenagem a Caetano Veloso. Somente depois é que a sociedade veio a saber do fato (Roberto Carlos sempre foi apolítico).

ALGUMAS MÚSICAS TROPICALISTAS

Muitas foram as canções Tropicalistas que denunciaram a tentativa do povo, entre tantas citamos algumas pois deste universo musical que foi e é o Movimento Tropicalista é impossível relatar todas. Para o nosso desfile, escolhemos as principais no nosso ponto de vista e pesquisas do nosso Departamento Cultural:

Alegria, Alegria de Caetano Veloso e Domingo no Parque de Gilberto Gil (músicas que introduziram as guitarras elétricas nos festivais de MMPB e deram o início ao movimento Tropicalista), Geléia Real de Gilberto Gil e Torquato Neto (mistura de várias facções), Batmacumba de Gilberto Gil e Caetano Veloso, Hino ao Sr. do Bonfim de J. Wanderley e P. Pilar (músicas em homenagem ao torrão dos percussores da Tropicália), Tropicália de Caetano Veloso, Parque Industrial de Tom Zé (crítica aos governantes que tentavam enganar os pobres e miseráveis do Brasil), Mamãe Coragem de Torquato Neto e Caetano Veloso (mensagem às mães que estavam preocupadas com seus filhos que estavam saindo de casa para ter sua vida própria "estudante, jovens em geral que formaram uma nova classe, os hippies"), Soy Loco Pôr Ti América de Gilberto Gil e Capinem (homenagem aos povos latinos das Américas principalmente a Ernesto Chê Guevara), Bby - "... você precisa não sei leia na minha camisa, baby, baby..." de Caetano Veloso (crítica aos produtos e a língua estrangeira que estavam sendo empurrados "goela" abaixo dos brasileiros pelos governantes). Era o final da Tropicália. Vale ressaltar que foram os Mutantes (que tinha Rita Lee como intérprete) com roupas verde e preta a banda que acompanhou Caetano Veloso quando o mesmo defendeu a música Proibido Proibir no festival de MMPB do qual os mesmos foram vaiados sem parar e a platéia demonstrando um descontentamento total virou-se de costas para o palco, os Mutantes em protesto também fizeram o mesmo gesto e viraram-se de costas para a platéia. Rogério Duprat (maestro) sempre participou como arranjador da maioria das músicas dos Tropicalistas sendo o mesmo de formação clássica e acadêmica.

Para os Tropicalistas: "O corpo é tão importante quanto a voz, a roupa é tão importante quanto a letra, o corpo está para a voz, assim como a roupa está para a letra..."

Muitos membros do G.R.S.C. Escola de Samba Pérola Negra viveram este momento histórico e contestador; movimento que sempre denunciou a injustiça social, sem perder o equilíbrio e o sonho da paz. Sonho este que nunca deve ser abandonado pelos seres humanos, quer da nossa pátria, quer do mundo.

Viva a Paz...

 


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