O continente africano é considerado o grande berço da humanidade. O território da atual Angola é habitado desde a pré-história como atestam vestígios encontrados na região de Luanda. Os primeiros a instalarem-se foram os Bochimanes - grandes caçadores, de cor acastanhada. No início do século VI d.C. povos mais evoluídos, de cor negra, inseridos tecnologicamente na idade dos metais, empreenderam uma das maiores migrações da história. Eram os Bantus e vieram do norte. Esses povos ao chegarem a Angola, encontraram os Bochimanes e outros grupos mais primitivos, impondo-lhes facilmente a sua tecnologia da metalurgia, cerâmica e agricultura. A instalação dos Bantus decorreu ao longo de muitos séculos, gerando diversos grupos que viriam a se estabilizar-se em etnias que perduram aos dias de hoje. A primeira grande unidade política do território, passaria à história como Reino do Congo. O reino do Congo dividia-se em seis províncias e contava ainda com alguns reinos tributários, como o Ndongo, ao Sul.
O comércio era a principal atividade, baseada numa fortíssima produção agrícola e numa crescente exploração mineira. Em 1482, as caravelas portuguesas, comandadas por Diogo Cão, chegaram ao Congo.
Ao chegar foram bem acolhidos pelo governador local do reino do Congo, que estabeleceu relações comerciais regulares com os colonizadores. O reino do Ndongo governado pelo Ngola (Rei) era o mais importante. Daí também a origem do nome do país. Ngola Kiluang reinava quando da chegadas dos portugueses e com uma política de coligação com estados vizinhos, viria a resistir aos estrangeiros durantes várias décadas, Acabaria por morrer decapitado, em Luanda anos mais tarde, o Ndongo ressurgiria com a tomada do poder por Jinga Mbandi, imortalizada como Rainha Jinga.
Entretanto a Rainha Jinga empreendeu várias viagens e finalmente em 1635, conseguiu formar uma grande coligação entre vários estados. Política ardilosa, soube conter os portugueses com acordos bem preparados. A frente da poderosa coligação, Jinga rechaçou os portugueses para posições mais recuadas.
Entretanto, Portugal fora ocupado pela Espanha, ficando com as terras de além-mar volta ao plano secundário. Os holandeses aproveitar-se-iam dessa situação e tomariam Luanda em 1641. Jinga fez dos holandeses seus aliados, aumentando a força da coligação e reduzindo os portugueses seus aliados, aumentando a força da coligação e reduzindo os portugueses a Massangano, praça estes ocupada fortemente e de onde partiam esporadicamente para as guerras de Kuata! Kuata (captura de escravos). Os escravos de Angola eram fundamentais para o desenvolvimento da colônia do Brasil e seu tráfico encontrava-se parado. O tráfico de escravos passou a ser um grande negócio, interessando aos portugueses e africanos, mas provocou um esvaziamento de mão-de-obra do campo, a agricultura decaiu, causando grande instabilidade social e política.
Este tipo de comércio atravessou séculos. Os navios brasileiros eram os mais numerosos nos portos de Luanda e Benguela. Angola, colônia portuguesa era de fato, Colônia do Brasil, contraditoriamente, outra colônia portuguesa.
Forte influência brasileira era também exercida pelos jesuítas nos domínios da religião e da educação.
Houve um declínio da coligação; a falta do aliado holandês e das suas armas de fogo e a posição de Correia de Sá vibraram um duro golpe na moral das forças autóctones. Jinga morreu em 1663. Dois anos mais tarde, o rei de Congo, empenharia todas suas forças para retomar a ilha de Luanda, ocupada por Correia de Sá, saindo derrotado e perdendo a independência. O reino de Ndongo seria igualmente submetido à Coroa Portuguesa.
A partir de 1764, a Angola, de uma sociedade escravista, passou-se gradualmente a uma sociedade a produzir o que consumia.
Em 1850, Luanda já era uma grande cidade, repleta de firmas comerciais e que exportava conjuntamente com Benguela, óleos de palma e amendoim, cera, goma copal, madeiras, marfim, algodão, café e cacau, dentre outros produtos. Milho, tabaco, carne seca e farinha de mandioca começariam igualmente a ser produzidos localmente.
Estava a nascer a burguesia angolana! Entretanto, em 1836, o tráfico de escravos era abolido em 1844, os portos de Angola seriam abertos aos navios estrangeiros.
Já no século XX a Angola amarga duas traições da história. A primeira em 1975, quando conquistou a independência depois de 14 anos de guerra contra o colonizador português e não teve tempo de comemorar, pois: a MPLA (Movimento Popular para Libertação de Angola), Unita (União Nacional para Independência Total de Angola) e FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola), os três grupos guerrilheiros que brigavam pela liberdade, continuaram a brigar entre si, com mais força do que nunca. A FNLA abandonou a luta, deixando o MPLA, no poder, e a Unita, na oposição, mergulhados na guerra civil.
Em 1992, a história traiu a Angola pela segunda vez, na forma de um acordo de paz entre o MPLA e a Unita, que levou à realização das primeiras eleições do país. A euforia cívica acabou quando a Unita não aceitou a derrota nas urnas e lançou o país numa guerra ainda mais sangrenta. Apesar de tudo as crianças de Angola insistiam em sorrir ainda que com os dentes de leite estragados e os cantos dos lábios meio comidos pela sarna. No acampamento do Viana, perto de Angola, meninos e meninas anjos iluminados cantavam, em português: "Se eu pudesses voava/ ao encontro da paz/ abandonava essa guerra/ ficava do lado da paz".
A Angola de hoje é um país com mais de 13 milhões de habitantes, (sendo que noventa e cinco por cento de sua população é negra), tem como sua capital Luanda, sua língua oficial é o português e ainda existem várias línguas nacionais como Quicongo, Kibundo, Umbundo, Ganguela, Luanda-Tchokwe. Um país a caminho do progresso e do desenvolvimento. A paz conseguiu impor-se como única solução para um país tão sacrificado, país este onde contém um subsolo com 35 dos 45 minerais mais importantes do comércio mundial, entre quais se destacam o petróleo, diamante e o gás natural, há também grandes reservas de ferro, ouro, cobre e rochas ornamentais, mas tanta riqueza não a livra da miséria constante nos musseks (versão angolana das favelas), pois, o lucro de quase tudo o que produz não fica pra si e sim para os países chamados de primeiro mundo que os exploram.
Tristeza à parte, hoje a negritude angolana é mais feliz, felicidade que transborda em arte como a da máscara azul de Angola, que como a maioria da arte africana, não são criações meramente estéticas, elas tem um papel importante em rituais culturais representando a vida e a morte, a passagem da infância para a vida adulta, a celebração de uma nova colheita e o começo de uma estação de caça.
Cada etnia em Angola tem seus próprios traços artísticos e culturais. Talvez a parte mais famosa da arte angolana é o pensador de Cokwe, uma obra-prima e tendo também o carnaval como uma de suas culturas mais expressivas onde homens e mulheres se fantasiam de fidalgos, reis e rainhas lembrando os portugueses que até pouco tempo ali comandavam. Aqui no Brasil a cultura angolana é conhecida pelo jogo de Angola, ou seja, a capoeira que os escravos trouxeram na sua bagagem cultural e pela galinha D'angola, esta que segundo a lenda afro-brasileira, como mostra a criação do mundo na tradição Nagô-Yorubá, Oxalá havia criado a Terra, quando percebeu que seu tamanho era pequeno mandou a galinha d'angola ciscar e ciscando espalhou a terra, que cresceu de tamanho. A galinha d'angola também é citada no candomblé como símbolo de sacrifício: "É o bicho que foi feito". Contam que em uma cidade, faz muito tempo ficaram apavoradas, pediram a Oxalá proteção e ele mandou fazer um Ebó. Mandou pintar uma galinha preta com Efum. Depois disse que era pra soltar no mercado. A morte se assustou e foi embora.
E hoje a Escola de Samba Unidos de Guaianases vem mostrar ao mundo um pouco da história e cultura deste país chamado Angola que consegue mostrar com dignidade ao longo de sua trajetória que através da ótica do coração e do amor é possível sim vencer guerras e lutar contra injustiças e preconceitos.