Quem pensa que o
champanha é a única bebida associada à paixão e ao
romance, então é provável que nunca tenha tomado uma
taça de vinho ao lado da sua amada, gerando
sentimentos calorosos e alegres.
Através dos milênios a
uva sempre foi o símbolo da abundância. Seus cachos
nos fornecem um líquido precioso, quase tão antigo
quanto o homem e sumamente apreciada entre os povos,
conquistando gregos e troianos, nobres e plebeus e
transformou-se em um insubstituível elemento de
prazer e alegria.
A origem do vinho é
muito remota. Os estudos de fósseis indicam que na
Europa, na era Terciária, já existiam plantações de
uvas selvagens. No entanto, os especialistas admitem
que a espécie atual tenha se propagado naquele
continente há mais de cem mil anos, oriunda da
Cólquida, região do Mar Negro. Essa espécie,
sobrepondo-se às plantas selvagens já existentes e
com elas mesclando, originou a grande variedade de
videiras que constituí o patrimônio da vinicultura
européia. Assim não se pode fixar uma data em que o
homem começou a utilizar a videira.
Com toda segurança, a
uva já era cultivada no Egito e o primeiro a
cultivá-la, ou o fruto da parreira, foi Osíris, como
testemunham os cálices com os quais se oferecia
vinhos aos deuses. Além disso, foi descoberto um
relevo em Tebas no qual estão representados dois
escravos colhendo cachos de uva do mesmo modo como
fazem os viticultores atuais.
O vinho era bem
conhecido pelas civilizações cretenses, como
demonstram os vasos de cerâmica descobertos nos
subterrâneos do Palácio de Cnossos, onde eram
conservados os vinhos e azeites.
Para os hebreus a vide
também é uma bebida milenar: o Cântico dos Cânticos,
livro da Bíblia atribuído a Salomão, louva o perfume
das vinhas reais ao mesmo tempo que lamenta os danos
que as raposas lhes causavam. Além disso, a Bíblia
conta como o patriarca Noé, que era agricultor,
trabalhou a terra, plantou uma vinha, extraiu vinho
da uva, bebeu o seu vinho e embriagou-se.
Na Roma Antiga, a
videira e o vinho eram de tal modo difundidos que à
península itálica chamavam Enotria, que significa
"terra do vinho". Adotando e adaptando a religião e
os mitos gregos, os romanos transformaram o helênico
Dionísio, Deus do Vinho, da embriagues, da colheita
e da fertilidade, em Baco, uma das divindades mais
cultuadas e prestigiadas da Roma Antiga.
O cristianismo, por
sua vez, também honrou o vinho como símbolo do
sangue de Jesus Cristo.
Um dos períodos áureos
do cultivo da videira situou-se entre os séculos
XVIII e XIV, quando muitos senhores feudais
obtiveram grandes fortunas com a viticultura, que
era então uma das mais rendosas atividades
agrícolas.
Ao lado da atividade
agrícola existe a industrial. Há pequenos e grandes
produtores. No Brasil, foram os italianos os
introdutores da festa da uva em nosso país. Eles
revivem nesta festa o culto ao Deus Baco romano e a
Dionísio grego, festejado intensamente na primavera,
pelos romanos e pelos gregos de antigamente.
Quando as belas
mocinhas vestidas a caráter servem nas barracas os
cachos de uvas, quando as garrafas são abertas ou
das pipas jorra o vinho saboroso... poucos conhecem
o trabalho que está atrás da efusão da vitória.
Foram os alemães os
primeiros a produzir vinho em Santa Catarina. Mas a
viticultura, apesar dos cuidados com a produção em
pleno verão, está em franco desenvolvimento em São
Paulo, Santa Catarina e principalmente no Rio Grande
do Sul. Bem dizem da terra dadivosa e boa do
Brasil... que em se plantando tudo dá.
Embora seja o vinho
uma bebida deliciosa e sumamente apreciada, devemos
nos precaver contra os excessos e sua conseqüências.