Corria a década de
60...
Tempos agitados
aqueles. O mundo "gritava". O povo queria ser
ouvido, incluído nas metas e prioridades, conseguir
a sua condição de cidadão.
Desgovernos são
contestados. Surgem slogans, se luta contra
instituições que governam para as elites
minoritárias, abominando a participação popular,
pré-determinando uma situação de exclusão social.
Em Paris (França), os
estudantes se organizam e barricadas são levantadas.
Grandes manifestações ocorrem, com reflexos em
várias partes do mundo. Simultaneamente temos a
Primavera de Praga e a Revolução Cultural Chinesa.
No Brasil, os
estudantes saem a luta, organizam grandes passeatas,
com destaque à realidade no Rio de Janeiro, com 1
milhão de pessoas gritando por liberdade, em tempos
de ditadura, censura e perseguições políticas.
Opositores são caçados, taxados de subversivos,
presos, torturados, desaparecem.
O ideal de igualdade
da Revolução Cubana embala a juventude
Latino-Americana junto à luta contra a dominação do
Imperialismo Americano.
Paralelamente, surgiu
o Movimento Hippye que aproximou com seu canto de
paz e amor a juventude mundial, com o surgimento de
ídolos musicais, políticos e artísticos.
Ao lado da falta da
Democracia, no Brasil foi o tempo dos Grandes
Festivais, onde os compositores encontravam
"espaços" para contestar a situação vigente (status
quo), o tropicalismo aflorava como versão brasileira
do Movimento Hippye, que pregava a convivência
pacífica e o fim das guerras.
Nessa época, o
Continente Sul-Americano era dominado por Ditaduras
Militares e os soldados serviam e viviam "pela
pátria" e sem razão, enquanto conviviam latifúndios
e a fome, com o povo acreditando ser capaz a vitória
do amor sobre os canhões.
Mas, "esperar não é
saber", e para obter uma sociedade melhor, tanto nas
ruas, campos e construções, todos somos soldados,
armados ou não, aprendendo uma nova lição. Afinal,
"Quem sabe faz a hora, não espera acontecer".
Nem todos os ideais
daquela época de 1968 foram alcançados. Se voltamos
a ter direito ao voto, estamos longe de atingir a
Democracia Social. Os latifúndios continuam
predominando, o desemprego cresce, e os baixos
investimentos em educação, saúde e moradia conduzem
o Brasil à triste condição de campeão das
desigualdades, onde os ricos concentram cada vez
mais as riquezas da nação e a grande maioria está
cada vez mais longe da condição de cidadãos.
No esporte o
Corinthians, clube que rompeu com a Elite e
preconceito racial, sendo o primeiro clube popular
brasileiro, une operários e estudantes, levando amor
e ideologia aos estádios, mesmo nas atuais
condições, quando o preconceito dos dirigentes
impedem a festa das arquibancadas, hoje sem
bandeiras, baterias e sem camisas.
Enfim, fica a certeza
de que a luta precisa continuar. As conquistas
sociais não são dádivas fornecidas pelos poderosos,
e sim, conquistadas com perseverança e muito amor:
"Pra Não Dizer Que Eu Não Falei das Flores".