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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.E.S. COLORADO DO BRÁS - CARNAVAL 1996
Enredo: Ao Mestre com Carinho, "Geraldo Filme"

O Grêmio Recreativo
Autores: Zé Preto, Everson (Sonn) e Paulinho Di Nagô

 

Esta é uma singela homenagem do Grêmio Recreativo Escola de Samba Colorado do Brás, ao eterno presidente do "Mundo do Samba" paulistano, o grande mestre "Geraldo Filme de Souza" - pseudônimo: "Geraldo Filme".

Transcrever a biografia do nosso professor é confundir-se com a história do samba e do próprio carnaval paulistano.

O título de "mestre", não é obra do acaso, foi conquistado através de um incessante trabalho - empunhando a bandeira da arte popular (o samba), seja junto ao poder público ou mesmo entre conflitos internos do samba, sempre dosado de grande sabedoria, idealismo e diplomacia.

"... Abram alas

Peço licença no acorde do cavaquinho

Viemos homenagear o baluarte

Nosso mestre com carinho"

UM POUCO DA HISTÓRIA

Geraldo Filme de Souza, nasceu aos 18/10/1927, no município de São João da Boa Vista - Estado de São Paulo. Menino ainda, chegou a Capital com seus 5 (cinco) anos de idade e aos 7 (sete), já era conhecido carinhosamente pelo apelido de "Negrinho das Marmitas", que cruzava as calçadas da "Barafonda" - hoje "Barra Funda", cantando os últimos sambas pronto para acompanhar os marmanjos na alegria do tríduo do Momo nos Blocos e Cordões da Barra Funda.

Dona Augusta Geralda, sua genitora, dona da pensão, de quem herdara metade do nome, na certidão: "Geraldo Filme de Souza", um "Filme" que ele achava ter algo com o italiano "Fiume", abrasileirado em algum cartório antepassado.

Geraldinho, naquele tempo era conhecido pelo apelido de "Negrinho das Marmitas", que fique claro: sem o sentido pejorativo, foi ficando cada vez mais ligado ao samba. Lá no Largo da Banana, as curriolas se juntavam pra esperar caminhão pra descarregar. Enquanto não vinha caminhão, jogavam "tiririca". E o "Negrinho das Marmitas", foi chegando na roda dos bambas.

"... Geraldo, segura o tombo

Na tiririca derrubou também caiu

Na Barra Funda foi Negrinho Marmiteiro

Pisou forte no terreiro"

Foi ficando taludo, apanhou, aprendeu a bater. Fez o nome "Geraldão da Barra Funda".

Trocando pernadas com bambas como Nenê da Vila Matilde, o legendário Pato N'água, Carlão do Peruche e outros responsáveis dignatários do samba paulistano.

"... Ai um novo bamba então surgiu"

Criado na Barra Funda, porém tinha amigos em todos os quadrantes do samba: Barra Funda - Campos Elíseos; Casa Verde - Parque Peruche; Liberdade - Rua da Glória e na Saracura a italianíssima Bixiga. Fase ainda que o samba paulistano desfilava como "cordão". Enfim onde houvesse o samba pesado, batuque vindo dos terreiros do café no interior do Estado. Ou seja o couro do surdo comendo, tamborins repicando, agogôs tilintando, o ronco da cuíca e os gemidos do cavaquinho, lá estava o "Geraldão da Barra Funda".

"... E no repicar da bateria

Rua da Glória, Paulistano era cordão

Embalou a Peruchada, Saracura tradição"

Já na categoria de Escola de Samba, defendeu o pavilhão da Escola de Samba Unidos do Peruche, foi fundador da Escola de Samba Paulistano da Glória (ex-cordão). Compositor autor do samba-enredo: "Solano Vento Forte Africano", e diretor de carnaval da Escola de Samba Vai-Vai.

Fiel defensor, da sua etnia "a raça negra" seus orixás e da cultura maior "o samba paulistano". Dedicou-se sempre com suas posições extremadas - no sentido do samba manter identidade, unidade, respeito e dignidade.

"... Mandinga forte

Ninguém vai me derrubar

Vento forte africano

Peço a benção aos Orixás"

Da parceria nos palcos com Plínio Marcos, resultou 01 (um) LP solo - "Nas Quebradas do Mundaréu" 1.974, estando ao seu lado além do Plínio Marcos, Zeca da Casa Verde, Tuniquinho Batuqueiro e o próprio Geraldo Filme. Duas peças teatrais a "Balbina de Yansã", e "Nossa Gente, Nossa Música" - "Pagodeiros da Paulicéia", musical que lotava os teatros, onde ao seu lado só tinha bambas da categoria de Talismã, Tuniquinho Batuqueiro, Zeca da Casa Verde e outros.

Ingressou em movimentos de arte no Embu das Artes, juntamente com "Solano Trindade".

Participou do movimento para criação da feira na Praça da República, ao lado de Ranulfo Lira, Deodato, Solano Trindade, Dalmo Ferreira e Renato Corrêa de Castro.

"... Nas quebradas do Mundaréu

Teatro, arte negra e poesia"

Em seu repertório, deixou uma coletânea de mais de 100 (cem) músicas.

Suas composições mais famosas são: "Silêncio no Bixiga", "Vai no Bixiga pra Ver", "A Morte de Chico Preto" e "Tradição", que foram gravadas por Clementina de Jesus, Germano Matias, Demônios da Garoa e Beth Carvalho em seu LP - canta o samba de São Paulo, gravou dois sambas de autoria de Geraldo Filme, "Silêncio no Bixiga" - samba composto em homenagem ao seu grande amigo Pato N'água e o samba "Tradição", ambos extraídos de seu LP solo - gravado em maio/80 pelo Selo Eldorado.

Foi o primeiro presidente da UESP - União das Escolas de Samba Paulistanas.

Em vida, recebeu inúmeras homenagens, destacando-se as:

1.974 - Sambista Imortal - G.R.C.E.S. Mocidade Alegre

1.984 - Baluarte do Samba Paulistano - Sec. Esp. Turismo

1.987 - Placa de Ouro (50 anos de samba) - Anhembi

1.987 - Placa de Prata (50 anos de samba) - PMSP

1.987 - Troféu (50 anos de samba) - Anhembi

"... Na Paulicéia

Cinqüentenário do Sambista Imortal"

Engajou-se ao quadro de funcionário da Anhembi - Centro de Feiras e Congressos, dando assim grande contribuição como coordenador de carnaval de bairros de São Paulo.

Em seu trabalho junto a esta coordenação sempre incentivou as bandas carnavalescas as pequenas escolas e os blocos carnavalescos. Defendeu várias propostas para organização e recuperação do carnaval de rua de São Paulo. Cidade em que ele amou e eternizou com seus sambas.

"... Vamos levantar sua bandeira

Do Filme que enfocamos neste carnaval"

É impossível falar-se do samba de São Paulo sem falar em "Geraldo Filme"

Há registro de suas obras musicais e de sua história, em um livro de "Sergio Cabral", que está no MIS - Museu de Imagem e Som. Há um número da Revista Cultura do MEC, com reportagens dedicada a ele.

Protagonizou o Programa Ensaio, criado e dirigido por Fernando Faro, na TV Cultura - Canal 2.

É mestre, você sempre evitou ser enredo ao vivo, porém nós, seus súditos mandamos essa mensagem para o além. Lembrando que "Quilombrás", faz parte do enredo do seu e do nosso samba.

Muito obrigado pelo carinho, por tudo que nos ensinou, e dentro do possível continue nos enviando o seu Axé.

"... Mande um axé lá do céu

Vê se descansa em paz

Sou Colorado, sou guerreiro Quilombrás".

NOTA DO REDATOR

Tiririca: Dança com troca de pernadas, assimila-se a Capoeira, regionalmente chamada "Tiririca".

Quilombrás: Tema-enredo do G.R.E.S. Colorado do Brás - 1.994 - de autoria do grande mestre "Geraldo Filme.

 


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