Esta é uma
singela homenagem do Grêmio Recreativo Escola de Samba Colorado do Brás,
ao eterno presidente do "Mundo do Samba" paulistano, o grande mestre
"Geraldo Filme de Souza" - pseudônimo: "Geraldo Filme".
Transcrever
a biografia do nosso professor é confundir-se com a história do samba e
do próprio carnaval paulistano.
O título de
"mestre", não é obra do acaso, foi conquistado através de um incessante
trabalho - empunhando a bandeira da arte popular (o samba), seja junto
ao poder público ou mesmo entre conflitos internos do samba, sempre
dosado de grande sabedoria, idealismo e diplomacia.
"... Abram
alas
Peço licença
no acorde do cavaquinho
Viemos
homenagear o baluarte
Nosso mestre
com carinho"
UM POUCO
DA HISTÓRIA
Geraldo
Filme de Souza, nasceu aos 18/10/1927, no município de São João da Boa
Vista - Estado de São Paulo. Menino ainda, chegou a Capital com seus 5
(cinco) anos de idade e aos 7 (sete), já era conhecido carinhosamente
pelo apelido de "Negrinho das Marmitas", que cruzava as calçadas da "Barafonda"
- hoje "Barra Funda", cantando os últimos sambas pronto para acompanhar
os marmanjos na alegria do tríduo do Momo nos Blocos e Cordões da Barra
Funda.
Dona Augusta
Geralda, sua genitora, dona da pensão, de quem herdara metade do nome,
na certidão: "Geraldo Filme de Souza", um "Filme" que ele achava ter
algo com o italiano "Fiume", abrasileirado em algum cartório
antepassado.
Geraldinho,
naquele tempo era conhecido pelo apelido de "Negrinho das Marmitas", que
fique claro: sem o sentido pejorativo, foi ficando cada vez mais ligado
ao samba. Lá no Largo da Banana, as curriolas se juntavam pra esperar
caminhão pra descarregar. Enquanto não vinha caminhão, jogavam
"tiririca". E o "Negrinho das Marmitas", foi chegando na roda dos
bambas.
"...
Geraldo, segura o tombo
Na tiririca
derrubou também caiu
Na Barra
Funda foi Negrinho Marmiteiro
Pisou forte
no terreiro"
Foi ficando
taludo, apanhou, aprendeu a bater. Fez o nome "Geraldão da Barra Funda".
Trocando
pernadas com bambas como Nenê da Vila Matilde, o legendário Pato N'água,
Carlão do Peruche e outros responsáveis dignatários do samba paulistano.
"... Ai um
novo bamba então surgiu"
Criado na
Barra Funda, porém tinha amigos em todos os quadrantes do samba: Barra
Funda - Campos Elíseos; Casa Verde - Parque Peruche; Liberdade - Rua da
Glória e na Saracura a italianíssima Bixiga. Fase ainda que o samba
paulistano desfilava como "cordão". Enfim onde houvesse o samba pesado,
batuque vindo dos terreiros do café no interior do Estado. Ou seja o
couro do surdo comendo, tamborins repicando, agogôs tilintando, o ronco
da cuíca e os gemidos do cavaquinho, lá estava o "Geraldão da Barra
Funda".
"... E no
repicar da bateria
Rua da
Glória, Paulistano era cordão
Embalou a
Peruchada, Saracura tradição"
Já na
categoria de Escola de Samba, defendeu o pavilhão da Escola de Samba
Unidos do Peruche, foi fundador da Escola de Samba Paulistano da Glória
(ex-cordão). Compositor autor do samba-enredo: "Solano Vento Forte
Africano", e diretor de carnaval da Escola de Samba Vai-Vai.
Fiel
defensor, da sua etnia "a raça negra" seus orixás e da cultura maior "o
samba paulistano". Dedicou-se sempre com suas posições extremadas - no
sentido do samba manter identidade, unidade, respeito e dignidade.
"...
Mandinga forte
Ninguém vai
me derrubar
Vento forte
africano
Peço a
benção aos Orixás"
Da parceria
nos palcos com Plínio Marcos, resultou 01 (um) LP solo - "Nas Quebradas
do Mundaréu" 1.974, estando ao seu lado além do Plínio Marcos, Zeca da
Casa Verde, Tuniquinho Batuqueiro e o próprio Geraldo Filme. Duas peças
teatrais a "Balbina de Yansã", e "Nossa Gente, Nossa Música" -
"Pagodeiros da Paulicéia", musical que lotava os teatros, onde ao seu
lado só tinha bambas da categoria de Talismã, Tuniquinho Batuqueiro,
Zeca da Casa Verde e outros.
Ingressou em
movimentos de arte no Embu das Artes, juntamente com "Solano Trindade".
Participou
do movimento para criação da feira na Praça da República, ao lado de
Ranulfo Lira, Deodato, Solano Trindade, Dalmo Ferreira e Renato Corrêa
de Castro.
"... Nas
quebradas do Mundaréu
Teatro, arte
negra e poesia"
Em seu
repertório, deixou uma coletânea de mais de 100 (cem) músicas.
Suas
composições mais famosas são: "Silêncio no Bixiga", "Vai no Bixiga pra
Ver", "A Morte de Chico Preto" e "Tradição", que foram gravadas por
Clementina de Jesus, Germano Matias, Demônios da Garoa e Beth Carvalho
em seu LP - canta o samba de São Paulo, gravou dois sambas de autoria de
Geraldo Filme, "Silêncio no Bixiga" - samba composto em homenagem ao seu
grande amigo Pato N'água e o samba "Tradição", ambos extraídos de seu LP
solo - gravado em maio/80 pelo Selo Eldorado.
Foi o
primeiro presidente da UESP - União das Escolas de Samba Paulistanas.
Em vida,
recebeu inúmeras homenagens, destacando-se as:
1.974 -
Sambista Imortal - G.R.C.E.S. Mocidade Alegre
1.984 -
Baluarte do Samba Paulistano - Sec. Esp. Turismo
1.987 -
Placa de Ouro (50 anos de samba) - Anhembi
1.987 -
Placa de Prata (50 anos de samba) - PMSP
1.987 -
Troféu (50 anos de samba) - Anhembi
"... Na
Paulicéia
Cinqüentenário do Sambista Imortal"
Engajou-se
ao quadro de funcionário da Anhembi - Centro de Feiras e Congressos,
dando assim grande contribuição como coordenador de carnaval de bairros
de São Paulo.
Em seu
trabalho junto a esta coordenação sempre incentivou as bandas
carnavalescas as pequenas escolas e os blocos carnavalescos. Defendeu
várias propostas para organização e recuperação do carnaval de rua de
São Paulo. Cidade em que ele amou e eternizou com seus sambas.
"... Vamos
levantar sua bandeira
Do Filme que
enfocamos neste carnaval"
É impossível
falar-se do samba de São Paulo sem falar em "Geraldo Filme"
Há registro
de suas obras musicais e de sua história, em um livro de "Sergio
Cabral", que está no MIS - Museu de Imagem e Som. Há um número da
Revista Cultura do MEC, com reportagens dedicada a ele.
Protagonizou
o Programa Ensaio, criado e dirigido por Fernando Faro, na TV Cultura -
Canal 2.
É mestre,
você sempre evitou ser enredo ao vivo, porém nós, seus súditos mandamos
essa mensagem para o além. Lembrando que "Quilombrás", faz parte do
enredo do seu e do nosso samba.
Muito
obrigado pelo carinho, por tudo que nos ensinou, e dentro do possível
continue nos enviando o seu Axé.
"... Mande
um axé lá do céu
Vê se
descansa em paz
Sou
Colorado, sou guerreiro Quilombrás".
NOTA DO
REDATOR
Tiririca:
Dança com troca de pernadas, assimila-se a Capoeira, regionalmente
chamada "Tiririca".
Quilombrás:
Tema-enredo do G.R.E.S. Colorado do Brás - 1.994 - de autoria do grande
mestre "Geraldo Filme.
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