1ª Parte:
- Histórico sobre a
cerveja;
- Egito, a bebida mandada pelos deuses;
- Grécia antiga; - Roma, sonhos de Calígula;
- Bárbaros, a bebida predileta;
- Idade Média, os monges;
- Evolução química da cerveja;
- A bebida alcoólica que conquistou o mundo.
2ª Parte:
- Cerveja no Brasil;
- Cerveja, o combustível da ilusão.
A CERVEJA
BIER (alemão), BEER (inglês), ZITO (grego), PIVO (tcheco), OL (sueco), BIRO (japonês), BIRRA (italiano), BIÈRE (francês): essas são as denominações que a cerveja recebe em várias partes do mundo.
A cerveja é o resultado da fermentação alcoólica preparada do mosto de cereal maltado. Apesar de os historiadores ainda não terem chegado a um consenso sobre a verdadeira origem da cerveja, a verdade admitida por todos é que ela pode ser considerada a bebida mais alcoólica mais antiga da história da humanidade.
Nas ruínas de Nínive foi encontrada uma tábua uniforme assíria cujas inscrições traduzidas em 1926, pelo professor norte-americano Paul Hopkins, especialista em Assiriologia, dia que a parte da carga encontrada na Arca de Noé era de cerveja.
Na Bíblia, entretanto, não há nenhuma referência a este particular. Sumérios, assírios, babilônicos e outros povos do início da humanidade conheciam esta bebida desde oito mil anos antes de Cristo.
Para nenhum povo da antiguidade, por mais que consumissem cerveja, ela foi tão significativa e importante como para os egípcios. Além de ter uma função litúrgica determinada no banquete oferecido aos mortos ilustres, a cerveja era bebida nacional deste povo. As mulheres que fabricavam a cerveja tornavam-se sacerdotisas pois esta bebida era oferecida como libação aos deuses.
À tão nobre bebida, os egípcios só poderiam atribuir origem divina.
Osíris casou-se com sua irmã Ísis e passaram a reinar o povo do Egito, que nessa época vivia num estado de barbárie, de canibalismo, mas foi educado e libertado para formar uma nação poderosa. Ísis descobriu o trigo e a cevada, que cresciam em abundância, e ensinou o povo a cultiva-los como alimento básico de seu sustento, abandonando o canibalismo.
Osíris, por sua vez, mostrou como colher os frutos das árvores que eram bons alimentos para o povo, o qual também aprendeu com Ísis a fermentar a cevada para a produção de cerveja. Ambos receberam do povo como forma de agradecimento muita riqueza.
Na Grécia, um povo que habitualmente consumia vinho, já se fazia cerveja por volta do ano 700 a.C. Aristóteles também em seus escritos falou na cerveja, que nessa época os gregos consumiam aos potes.
A disseminação da cerveja se deu com o Império Romano, que se encarregou de leva-lo para todos os cantos onde ainda não era conhecida. Julio César, segundo relatos, era um grande admirador da cerveja. Realizava grandes festas para seus comandantes servindo-lhes cerveja em taças de ouro finamente trabalhadas. Consta que, após os grandes bacanais, Julio César presenteava suas parceiras com jóias esplendorosas, afogando-as em seguida em tonéis de cerveja. Daí por diante, em qualquer região onde a cerveja fosse produzida, seu uso se tornava logo nacional.
Entre os chamados povos bárbaros, vikings e germanos, também tinha a cerveja um sabor sagrado. A fabricavam em seus barcos de guerra. Após as batalhas, eles tomavam-na em homenagem a Odin.
Na Idade Média eram, sobretudo, os mosteiros o lugar onde melhor se fabricava a cerveja.
Carlos Magno, imperador de toda a Europa Ocidental, para ter uma cerveja de alta qualidade mandava que trouxessem para seus domínios todo monge cervejeiro cujo produto fosse considerado muito bom. Seus adversários costumavam atacá-lo ferozmente, dizendo dar mais atenção a seus mestres cervejeiros do que a seus ministros de guerra.
Com os trabalhos de Lavoisier, começou a evolução química da cerveja, pois estudou-se a fermentação alcoólica de todos os líquidos nos quais ela passa. No início do século XIX, Payen isola a diastase (fermento solúvel), hoje chamada de amilase, que transforma o amido em açúcar de cerveja germinada. Tal era ainda precária a situação em 1871, quando Pasteur, que já fizera seus admiráveis estudos sobre fermentação, entendeu de estudar um meio que desse à indústria francesa superioridade na fabricação de cerveja, mais até que a dos alemães.
Para estudar o assunto, Pasteur se transportou para uma cervejaria francesa onde, em pouco tempo e com seus métodos de esterilização, conseguiu produzir uma cerveja de alta qualidade que poderia ser encontrada em qualquer botequim de Paris, passando a ser considerada uma das melhores cervejas.
A partir daí, a cerveja contribuiu bastante para a revolução industrial desencadeada nesta época.
Tradicionalmente a Europa é grande produtora e consumidora de cerveja. Foi aí que se aperfeiçoaram as técnicas de fabricação, possibilitando a alta qualidade do produto. A cerveja é a segunda bebida mais consumida no mundo, perdendo apenas para o chá, que é a bebida popular das regiões mais populosas do planeta como China, Japão e Índia.
Entre os europeus, os alemães são os maiores produtores e consumidores da bebida, além de terem tradição de séculos na arte da cerveja que os leva a se considerar os criadores da cerveja moderna (com suas mais de 1.500 fábricas de cerveja e 3 mil marcas produzidas) é em Munique que está situada a única universidade de cerveja do mundo: o curso tem duração de quatro anos, formando-se 350 alunos/ano.
A cerveja é tão arraigada na cultura alemã que influencia a arquitetura, os cantos e a dança.
A Alemanha foi a maior propulsora da cerveja no mundo.
A CERVEJA NO BRASIL
Ao contrário de alguns países, no Brasil a cerveja começou a ser difundida no final do século XIX. Até então os comerciantes portugueses não tinham interesse nenhum por esta bebida. Com a vinda da Família Real para o Brasil, novos costumes foram se formando na sociedade colonial de então. Na época de Dom Pedro I, grande apreciador de cerveja, os brasileiros começaram a interessar pela cerveja importada, pois até então as cervejas brasileiras eram produtos rústicos produzidos no "fundo de quintal", que eram chamadas "marca barbante", daí o dito popular.
A primeira fábrica de cerveja, com todos os requisitos técnicos indispensáveis, foi fundada em 1888: era a Manufatura de Cerveja Brahma, Villigier e Cia.
A segunda cervejaria de porte foi a Cia. Antártica Paulista, fundada em 1891, autorizada a funcionar por decreto assinado pelo então Presidente da República Marechal Deodoro da Fonseca. Ambas contribuíram para o desenvolvimento cultural, econômico e social do país.
Em suas várias fórmulas, clara ou escura, forte ou fraca, é encontrada em todo território nacional e em qualquer lugar das cidades, como em campos de futebol, bares, clubes, etc, independentemente de classe social e para o sambista comemorar.