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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.S.E.S. IMPÉRIO DE CASA VERDE - CARNAVAL 2004
Enredo: O Novo Espelho de Narciso. Um Delírio Sobre os Heróis da Mitologia Paulistana

Carnavalescos
Carnavalescos: Paulo Führo e Victor Santos

 

O ano de 2004 marcará mais um jubileu do município de São Paulo. Celebraremos os 450 anos de uma cidade capaz de desafiar o poder das palavras.

 

São Paulo é concreto! Poesia! Abstrato! Ter! Poder! Prazer! Grito! Independência! Revolução! Feroz! Antropologia! Gastronomia! Liberdade! Ditadura! Democracia! Pajés! Jesuítas! Babalorixás! Barões! Café! Matarazzos! Indústria! Proletariado! Reivindicação! Riqueza! Pobreza! Luta de Classes! Idéias! Artes! Monumentos! Subversão! Ciência! Coração e descoberta! Saúde! Feminismo! Máquinas! Saudades, européias e nordestinas! Migrantes! Imigrantes! Desterrados! Bandeirantes! Aço! Moda! Elegância! Camelôs! Arquitetura! Modernidade! Neurose! Teatro! Arena! Shopping Center! Direito! Passeata! Progresso! Musicalidade! Choro! Oração!

 

Palavras tentando definir o indefinido! - Compulsão! Apelidos...Paulicéia Desvairada! Terra da Garoa! Jardins de Luxo! Boca do Lixo! Terra em Transe! Cinema Novo! - Dias nova-iorquinos: cotação da Bolsa... Noites tropicais: túneis e minhocões...

 

Aqui Tudo aconteceu! Aqui Tudo acontece! E o porvir é parido pelas praças e esquinas! Daqui sopram os ventos que inflam as velas dos “ships” que fazem o Brasil navegar...

 

São Paulo, a crítica cruel: se não está aqui não existe!

 

Cidade das exclamações, onde nada nasceu para ficar escondido!

 

Argumentação

Pensando na grandeza desta cidade-gigante, e no seu momento histórico, sui generis em que celebramos os seus 450 anos bem vividos, o Império de Casa Verde optou por um enredo comparativo. Afinal, a cidade vive mergulhada num universo de comparações e metáforas.

 

Buscamos na Grécia Clássica elementos capazes de ilustrar a magnitude desta cidade-encanto. Fomos buscar no berço da civilização ocidental, mitos e heróis capazes de refletirem a magia desta cidade nascida aos pés do cruzeiro e adorada como divindade pagã.

 

Trata-se de um enredo livre, permitindo margem ao delírio, respeitando assim, a essência dos desfiles carnavalescos: fazer sonhar.

 

Será a fusão entre mitos gregos e as grandes personalidades de São Paulo. Desejamos dar uma visão panorâmica e alegórica da cidade, sem fazer de desfile uma simples enumeração de fatos e personalidades, É uma homenagem através dos olhos de uma Agremiação carnavalesca.

 

Por que a Grécia Clássica?

Porque é São Paulo!

 

Nesta cidade tudo é discutível, tudo é possível de realização. Aqui a arte ainda se deixa encontrar! Quando tentam prende-la as regras acadêmicas ela subverte os conceitos e passa a pichar os monumentos num misto de rebeldia e inovação.

 

São Paulo se permite interpretar de todas as maneiras, e nós escolhemos o fantástico.

A Grécia Clássica é o pano de fundo por ser considerada o berço da civilização ocidental moderna e contemporânea. São Paulo é um grande quando pós moderno, mas sua moldura é clássica. Rmos de Azevedo e o Teatro municipal são a prova desta nossa necessidade carnavalesca de fundir o real com o mágico. Ramos de Azevedo fez a moldura Neo-cládo quadro que vinha sendo pintado, e as gerações seguintes deram pinceladas, mas a tela ainda continua aceitando contribuições, novas tendências, novas atitudes.

 

É importante lembrar que esta cidade foi fundada sob a luz da cruz, da espada e do teatro.

 

A Cruz hoje convive com a estrela de David, o alcorão, os pontos da umbanda, as pembas do candomblé e todos os símbolos religiosos.

 

A espada se transformou em capitalismo, ufanismo, neo liberalismo e 11 de setembro. Punhais para se continuar dominando com uma crueldade travestida de globalização.

 

O teatro, a principio foi usado como maneira de conversão-dominação, mas libertou-se. O aparelho ideológico de José de Anchieta (o Apostolo e Rei dos baixinhos do Brasil) para converter os curumins abandonou os átrios e ganhou as ruas. Tornou-se libertário, mas não surtou. Manteve-se fiel a sua vocação. Aqui Édipo e Macunaíma animam os palcos e questionam inteligências. Conflituam-se, sem jamais se confrontarem.

 

Na Grécia Clássica se vivia a democracia. E para se gozar deste privilegio era preciso ser varão e livre. E hoje, quem é livre? Quem pode ser chamado de cidadão?

 

São Paulo é o berço da civilização que ainda está por vir. Aqui existe a efervecência humana que se mostra através dos repentistas na praça do falecido Mappim que ressuscitou como Extra. A vida é reinventada pelos colombianos vendedores de artesanato do Vale do Anhangabaú, pelo brilho dos prédios da Berrine e pelo colorido das cruzes da vila formosa. São Paulo exala conceitos, cheira a eternidade e tem os olhos voltados para o novo conservando uma tradição quatrocentona.

 

São Paulo é um grande caledoscópio colorido expandido beleza seja através dos cultos do Pai Élcio de Oxalá, nos confins da Zona Leste ou nos desfiles de Herchcovitch em pleno Faschion Week.

 

São Paulo é uma cidade grávida de futuro. Nosso modus viventi é o útero onde crescem os fetos da nova civilização em forma de tribos coloridas. Somos a cidade brasileira que influenciará as civilizações que hoje são apenas devaneios futuristas.

 

A Grécia no Enredo sobre São Paulo

Um ponto que nos levou a crer na Grécia como excelente pano de fundo para homenagear São Paulo foi a Mitologia. Histórias fantásticas, na verdade quase enredos de Escolas de Samba, que tinham como finalidades esclarecer, de forma alegórica, os segredos do humano.

 

São Paulo possui mitos como Francisco Matarazzo. Mario de Andrade, Dr Zerbinni, Cacilda Becker, Berta Lutz, Airton Sena...Heróis que se transformaram em mitos. Eles serão homenageados em comparações com mitos e heróis gregos. Nosso enredo é uma apologia a eternidade desta Paulicéia Desvairada.

 

Ainda colocaremos na avenida o Hades. Senhor dos subterrâneos. Nós filhos da paulicéia tivemos que viver nos subterrâneos todas as vezes que ditadores tomaram as rédias deste país. Ironicamente nenhum deles era paulistano. Somos os heróis da resistência: 32, 64, 72, 84...

 

A Grécia Clássica caracterizou-se também pelo respeito e incentivo aos esportes. São Paulo é o celeiro dos heróis-atletas. As grandes festas do Olimpo se repetem todos os finais de semana nos estádios e nos ginásios desta cidade.

 

Todo paulistano é um Hércules

Fechando o motivo principal pelo qual a Grécia será o pano de fundo de nosso enredo em homenagem a esta cidade-Logos é porque São Paulo é habitada por Hércules. Cada morador desta cidade precisa vencer não apenas 12 trabalhos, mas 365 trabalhos por ano. Somos milhões de divindades anônimas refletidas neste novo espelho de Narciso; a cidade-flor de concreto e aço, a cidade de São Paulo.

 


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