A origem de Palmares é anterior à 1.600;
não se sabe exatamente o ano. Sabe-se que os escravos de um engenho se
rebelaram, e tomaram o engenho. Ficaram então diante de um problema; se
ficassem no engenho, seriam esmagados pelas tropas do governo. Se
levantassem aldeias no litoral, ficariam livres por um certo tempo, mas
seriam apanhados mais cedo ou mais tarde pelos capitães do mato
(profissionais na perseguição à escravos fugidos, que recebiam pagamento
em troca da entrega dos negos a seus antigos senhores). Os escravos
decidiram então ir para uma desconhecida. Perigosa e temida pelos
brancos: a região de Palmares. O nome "Palmares" foi dado porque havia
mata fechada, sem luz, cheia de mosquitos e animais perigosos. A
floresta se estendia por muitas serras, cercadas por precipícios.
Homens, mulheres e crianças caminharam por muito tempo pela floresta,
até escolher um lugar para fundar uma aldeia. O lugar escolhido, na
Serra da Barriga, foi o início da República dos Palmares.
CRESCIMENTO DAS POVOAÇÕES
No começo, viviam de caça, pesca, coleta
de frutos. Para os africanos isso era voltar para trás, pois na África
tinham sido povos agricultores, pastores, artesão, comerciantes e
artistas. Agora, em Palmares, podiam criar, com seu conhecimento o que
era necessário ao Quilombo.
Tanto a preparação da terra para a
plantação, como também as colheitas eram comemoradas com festas. Das
palmeiras, utilizavam o fruto para comer, faziam óleo para iluminação,
faziam azeite, manteiga e criavam animais domésticos como galinhas e
porcos.
DEFESA DAS POVOAÇÕES
Havia várias povoações na região de
Palmares. Todas elas tinham defesa militar popular. Cada povoação era
formada por fileiras de estacas, formando cercas resistentes. Algumas
eram cercadas por muros de pedra. Eram cercadas também por fossos, com
estrepes, prontos a espetar os perseguidos que neles caíssem.
A POPULAÇÃO DE PALMARES
Desde seu início, Palmares estava aberto a
todos os perseguidos pelo sistema colonial. Vinham para Palmares negros
com as mais diferentes origens africanas, inclusive com diferentes
tradições religiosas e de costumes. Vinham índios, vinham brancos
pobres, vinham mestiços. Os quilombolas não tinham preconceito de cor ou
raça.
O que os unia era o fato de que todos eram
pobres, oprimidos explorados. E criaram Palmares, uma sociedade sem
exploração se sem miséria. E também sem preconceito, isso é uma coisa
importante pra gente reparar:
"nas sociedades onde não existe divisão
entre ricos e pobres, onde não há explorador nem explorado, também não
existe preconceito de cor ou raça. Onde existe o preconceito, existe
também algum tipo de desigualdade social".
A necessidade de sobreviver em um local
difícil, de matas e precipícios e de se defender dos ataques
portugueses, levava os palmarinos a descer a serra e procurar mais
gente. Eles iam para plantações buscar homens e mulheres, fossem negras,
índias, mulatas ou brancas. Muitas mulheres livres fugiam
espontaneamente com eles. Os palmarinos iam também para as cidades,
buscar armas, munição e ferramentas de trabalho. Muitos índios
abandonavam missões dos jesuítas e iam para Palmares.
"Folga nego, branco não vem cá, se vier o
diabo há de levar, folga nego, branco não vem cá, se ele vier pau há de
levar".
ORGANIZAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA
Havia leis rigorosas, com pena de morte
para roubo, adultério, homicídio e deserção.
A língua falada era uma língua própria,
misturando português, línguas africanas e indígenas.
Na religião combinavam elementos das
religiões africanas e cristãs. As capelas tinham imagens dos dois tipos.
Palmares colocou a libertação acima da
religião. Tudo que poderia dividir, foi modificado, como a língua e a
religião.
Zumbi nasceu em Palmares, em 1.665. Foi
feito prisioneiro ainda recém-nascido, e entregue a um padre. O padre o
fez coroinha; ensinou-lhe latim e português, aos quinze anos, Zumbi
fugiu para Palmares. Mas voltou algumas vezes a Porto Calvo, onde morava
o padre, para visitá-lo. Muito jovem ainda, Zumbi já era chefe de uma
das povoações. Na época do acordo feito com Ganga-Zumba, 1.678, Zumbi
era também chefe das forças armadas de Palmares.
Para Zumbi, o mais importante não era
viver livre, mas libertar todos os negros ainda escravos.
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