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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.B.C. IMPERIAIS UNIDOS DA VILA PALMEIRA - CARNAVAL 1995
Enredo: O Que Meu Samba Tem

O Grêmio Recreativo
Autor: Mestre Lagrila

 

Cores e luzes enfeitam a cidade, e na grande avenida o espaço está aberto para que lá passem o atavismo popular refeito em canto e dança, e escorra a alegria represada durante um ano inteiro, dos morros, por entre barracos e vielas estreitas, salpicadas de poças e pobreza, vão descendo damas engalanadas, nobres com tricórnios emplumados e peitilhos de renda cara, cavalheiros de ternos bem cortados, bengala e chapéu coco, baianas de imensas sais e jovens em mínimos trajes purpurinizados, deixando à mostra formas insuspeitas, contidas até a véspera.

Parece uma visão surrealista que tomando definição e forma pouco a pouco. O estivador de ontem, hoje é um personagem vivo que varou uma das páginas de nossa história.

A lavadeira de diálogo intimo com a bacia, a água e a bica, surge com elegância num figurino que lhe redime a tristeza e o desconforto. E lá vão eles carregando o destino comum de ser povo, e mais que isto, de ser guardião e intérprete dessa criação do povo, nascida da necessidade de expressar a variada garra de sentimentos, vividos e acumulados.

Pelos elevadores dos bairros urbanos, vão descendo escravos, índios e figuras da nossa mitologia mestiça, adornados com drapeados e contas brilhantes, escondendo o sisudo gerente de empresa, ou a conformada funcionária pública.

Vão todos, e eles também são povo ao encontro das descendências sob o signo do mágico momento, contar cantando na grande avenida, fragmentos do imenso mosaico, que vem sendo montado a quase quatro séculos.

Ai está o abre-alas com o nome da nossa entidade e o título do tema proposto. Lindo, maravilhoso, perfeitamente confeccionado e que para efeito de concurso é contado como alegoria, sua ausência no desfile, o bloco perde pontos.

Ouça então o surdo de marcação, surge a bateria excelente sob todos os aspectos, é o grande pilar sobre o qual se assentam a evolução e harmonia. Entenda-se como harmonia o canto uníssono total, e não o canto polifônico como nos ensina a definição acadêmica. Esta pequena, mas fundamental diferença, já prejudicou muitos Blocos no desfile porque o julgador do quesito a ignora.

Formada pela seção rítmica, mais rica do que se tem notícia, a bateria, não é simplesmente o ajuntamento de várias dezenas de instrumentos, reproduzidas às centenas.

É mais, cada um tem sua função específica e importante do grave e respeitável surdo de marcação ao leve e brejeiro tamborim. É a soma de todos os sons que impulsionam e faz a saia da baiana rodas mais forte, a porta-estandarte a desenhar ricos arabescos no ar, e o passista castiga o chão com espasmos de prazer.

 


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