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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.B.C. NÃO EMPURRA QUE É PIOR - CARNAVAL 1998
Enredo: Sai Prá Lá Olho Grande

O Grêmio Recreativo
Autora: Andréa Diniz

 

Crença milenar e universal, o mau-olhado incorporou-se à cultura brasileira onde se espalha através de numerosas crendices e práticas de sentido mágico, benéficas e maléficas. Amuletos e talismãs, figas e gnomos desmancham possíveis desastres ou oferecem esperanças aos que dessa forma preenchem suas ânsias de caráter religioso.

Olho grande, mau-olhado ou olho gordo são crendices populares atribuídas a certos indivíduos de influir sobre pessoas, animais, plantas e objetos causando-lhes perda, morte e mal-estar, que na linguagem do povo é sinônimo de maléfico magnético, por acreditar-se que alguns mortais tenham a faculdade de transmitir, através do olhar, fluídos perigosos e nocivos.

Tal poder é conhecido sob muitos nomes: fascínio, feitiço, jetatura, mal-de-olho, meu-olho, olho gordo, olho grande, olho grosso, olho-de-mata-pinto, olho ruim, olho-seca-pimenteira, olho-seca-telha, quebranto, etc...

É uma doença inexplicável que aparece de repente, entra no corpo e não se sabe como tem início nem mesmo se percebe no começo, mas quando chega ao conhecimento já é tarde. O desfalecimento, a indisposição, o emagrecimento, a moleza, e a sonolência são sinais reveladores. A depender da pessoa visada, muito quebranto é logo cortado de imediato, neste caso diz-se que a pessoa está com o corpo fechado ou curado contra o mal.

Quando se pretende tomar precauções contra o mal, deve-se por atrás da porta da frente da casa uma ferradura de sete pregos, ou dois galhos de arruda em forma de cruz e presos por uma ferradura, ou ainda, um copo virgem com água atrás da mesma porta e mudar a água de sete em sete dias, e mais, fazer uma cruz com os dedos ao cruzar com alguém capaz de tal prática.

Dizem que o mal olhado é um fenômeno não muito bem esclarecido, mas o povo já os classificam em três categorias. Primeiro o olho da inveja e cobiça, mais conhecido como o "olho-seca-telha", que põe o olhado por vontade própria, sem sentir o que está fazendo, o segundo é não olhar o Santíssimo na hora da missa. Quem assim procede tem olho mau por querer, e o último e mais inocente é o que nasce em ano bissexto, trazendo consigo uma série de fatores contrários, bota olhado nos outros, mas não pega de ninguém.

Quem possuí o mal olhado não deve se culpar, pois ele nasce com o indivíduo e está nos olhos ou no sangue e não deixa o portador ir para adiante, nem permite que os outros sigam o seu caminho.

As benzedora são geralmente os meios mais procurados pelas pessoas para se livrarem desse mal. Os benzedeiros geralmente são pessoas idosas que usam raminhos de certas ervas para esses ensalmos e pajelanças, além dessa prevenção usa-se correntes com diversos fetiches, amuletos e talismã: corninhos, meia-luas, corcunda, elefante, figa, isola, etc.

A figa é dos amuletos o mais vulgar, tem formato de mão fechada, colocado o polegar entre o indicador e o dedo médio - é uma representação do ato sexual e pode ser de várias cores: preta que livra do mau-olhado; a vermelha dá sorte, amarela boa para memória; a rosa significa recordação e a verde cor de arruda e da esperança.

O isola ou mão cornuda é uma mão fechada com os dedos indicador e mínimo estirados paralelamente, imitando os dois cornos ou chifres, imagens da força, da potência, da fecundação, da abundância e do crescimento.

O amuleto é um objeto mágico passivo, defendendo seu possuidor contra influências maléficas e o talismã é uma força ativa, suscetível de ser dirigido pelo dono e determinando uma ação direta, pondo à disposição do seu portador o serviço de entidades mágicas, ou facilitando a realização de todos os desejos.

Para muitos, essas forças do mal são explicadas pela sugestionalidade e para o comum dos homens, só podem ser causadas por espíritos maus ou são artes do diabo e seus bruxos e feiticeiros.

A partir de então muitas experiências científicas de modernos laboratórios de psicologia vêm rompendo preconceitos e tabus, chegando à conclusão de que o mau-olhado que se lança como olhar de inveja, de ódio ou de vingança nada mais é que a energia mental fluindo dos olhos do malfeitor em direção ao objeto ou pessoa que se deseja o mal.

 


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