A história da Barroca Zona Sul está diretamente ligada à Sebastião Eduardo do
Amaral, este era o nome do mineiro "Pé Rachado" que veio de Minas
Gerais com apenas 18 anos para a paulicéia em busca de dias melhores para trabalhar
no ofício de pedreiro nas grandes construtoras. Em Varginha aos 14 anos já organizava
um bloco chamado "Voz do Morro"; ao chegar a São Paulo, deparou-se
no bairro do Bixiga, um grande reduto de negros na época que acabara de dar
luz ao Cordão Vai-Vai. Como havia poucos instrumentos na bateria, Pé só ingressou
um ano depois, em 1931 onde iniciou tocando contra surdo e posteriormente tornou-se
apitador da bateria. Com seu jeito organizador, se tornou o primeiro presidente
da alvinegra da Bela Vista e expulsou os maus elementos do samba, já que na
época a marginalidade era forte e precisava de um grande líder, e Pé brigou
até com Patonágua (maior apitador dos tempos de cordão) que apesar de ser ótimo
de ouvido era péssimo em disciplina.
Pé Rachado se tornou uma das principais personalidades da história da alvinegra
do Bixiga, e foi ele quem deu oito campeonatos ao Vai-Vai de 60 a 67, um marco
histórico no carnaval de São Paulo. Ajudou a fundar a Confederação
das escolas de samba e cordões e posteriormente e federação.
Além da Vai-Vai, Pé desde Minas tinha uma paixão, a Mangueira do Rio, onde era
batuqueiro e lá aprendeu muito inclusive em matéria de ritmo foi ele que trouxe
a batida de caixa da Manga para a Vai-Vai, e essa batida foi aperfeiçoada futuramente
na escola que fundaria.Porém intrigas no inicio dos anos 70, fizeram com que
Pé nomeasse José Jambo Filho (Chiclé) como presidente em 1972 e em 1973 Pé Rachado
definitivamente se afastou da já Escola de Samba Vai-Vai.
No carnaval de 1974 coordenou a harmonia da Camisa Verde e Branco, do amigo
Inocêncio Tobias (Mulata) sagrando-se campeão pela verde e branco da Barra Funda.
Morador da periferia de São Paulo, no bairro de Vila Mariana, rua Padre Machado
onde existiam muitos sambistas que se dividiam: na parte de cima do morro, eram
Vai-Vai (abrigava a Ala Cuíca de Ouro principal ala da Vai-Vai na época) e na
baixada na região da rua Santo Irineu eram Camisa Verde e Branco e Acadêmicos
do Ipiranga.
Como o bairro já havia abrigado duas escolas, o Brinco de Ouro e o Garotos de
Vila (em 1974 ambas já estavam extintas) e a rapaziada se deslocava a outras
escolas, ou batucavam no campo "Barroca" da Portuguesinha de Vila
Mariana, no dia 07 de Agosto de 1974 na Rua Padre Machado, numero 42, o famoso
"vilão" onde residem até hoje mais de 50 famílias
nasceu o Grêmio Recreativo Cultural Esportivo Beneficente Escola e Faculdade
do Samba Barroca Zona Sul, com as cores verde e rosa em homenagem a Mangueira,
quando Pé Rachado mesmo com seus 56 anos de idade, reuniu em sua humilde casa
seus filhos Binha, Bira e Lobão, sua prima Lurdes do Amaral (a mãe da Barroca)
e os seus seguidores Ednei, Zé Carlinhos, Zé Francisco, Tornado, Carlos Alberto
Amaral (Galocha), Miguel Lopes Filho, Norberto Amaral Filho, Aracendi Amaral,
Pedro Paulo Camilo, Encida Maria Novaes Ferreira, Maria Aparecida Amaral, Vera
Lucia Amaral, Lurdes Amaral (a mãe da Barroca), Clélia Aparecida Mariano, Áurea
Lúcia Amaral, Francisco Fabiano Júnior (Chiquinho), Gregório, Tamborim, Dorinho
Marques, João Márcio, José A. Almeida, Valcir, Céia, Wilson e Marina (o primeiro
casal de mestre sala de porta bandeira vindos do Camisa Verde e Branco) estes
em sua maioria da Ala Cuíca de Ouro da Vai-Vai.
O primeiro ensaio aconteceu no campo do Brahma na Padre Machado com Santo Irineo
onde Mestre Binha reuniu a molecada da área para formar a bateria que foi considerada
a melhor de São Paulo sendo formada apenas pôr garotos somados a experientes
batuqueiros do Vai-Vai e do Camisa Verde e Branco.
O nome Barroca é originário de um campo
de terra que seus integrantes frequentavam de uma equipe de futebol de várzea,
a Portuguesinha, na Vila Mariana, chamado de campo da barroca que abrigava os
batuqueiros da escola para animadas rodas de samba aos finais de semana.
Campeã do primeiro desfile que participou no Grupo III em 1975 (desfile na Lapa),
repetiu a façanha em 1976 e venceu o Grupo II, alcançou o Grupo I em 1977 onde
se firmou como uma grande escola, e
nesse ano inaugurou uma quadra enorme tendo como ponto de partida seu batismo
feito pela Estação Primeira de Mangueira tendo como padrinhos Mestre Cartola
e sua esposa Dona Zica. Em 1979 a Nação
Barroca presidida pelo saudoso Osmar César de Carvalho fundador da FESEC e na
época presidente da UESP, adotou o vermelho
e branco e nessa época Mestre Fubá e Mestre Bolão comandaram o bom ritmo da
bateria nota 30. Seus marcantes carnavais nos anos 80 foram "Futebol no
Carnaval" em 82, "75 Anos de Imigração Japonesa no Brasil" em
83 e "Chico Rei" em 85 um carnaval todo artesanal com materiais como
bambu, palha e barro graças a inteligência de um ex mestre-sala do carnaval
de São Paulo, o Mestre Batucada. Em 1986 depois de alguns bons resultados foi
desalojada da quadra e rebaixada. Passou a ensaiar na Rua Santo Irineo e em
1987 foi campeã do Grupo II tirando nota máxima em 9
dos 10 quesitos em julgamento, voltando assim em 1988 ao grupo principal
presidida por Eumar Meireles Barbosa. Em 1990 presidida por Geraldo Sampaio
Neto (Borjão) com o enredo "Segredo do Amor"
alcançou o quarto lugar que é sua melhor colocação no grupo especial
e a escola consegue a atual quadra no bairro da Água Funda. Nesse período muitas
perdas aconteceram: a saída de Eumar e Batucada e as mortes de: Beth porta bandeira,
Osmar César de Carvalho, Pé Rachado, Mestre Fubá e Mario Millonga
da harmonia abalaram muito a escola no decorrer dos anos 90.
Em 1994 a Barroca Zona Sul mesmo com dificuldades desfilou muito bem,
porém acabou sendo rebaixada para o Grupo 1. De 95 a 96 foi presidida por José
Augusto Faustino (Baio), em 1997 voltou ser presidida pôr Borjão que em 2002
com o enredo "A Magia dos Jardins da Verde e Rosa" voltou a conquistar
um título e a fazer parte das grandes escolas de São Paulo.
Vale lembrar que a Barroca originou entidades como os blocos Flor de Liz e Me
Engana que eu Gosto e as escolas São Paulo Zona Sul e Raiz da Zona Sul.
Não é por acaso que consta em seu estatuto o termo
"Faculdade do Samba", pois seus fundadores na época eram muito
respeitados em outras escolas, verdadeiros professores do samba.
Muitos sambistas iniciaram na verde e rosa: Eumar Meirelles/ Osmar Cesar de
Carvalho/ Batucada/ Gabi/ Vivi/ Tonheca/ Paulo Henrique/ Nena/ Dinei/ Robson
de Oliveira/ Mestre Dilley, entre outros.
A escola sempre foi conhecida pela fama de sua
"Bateria Nota 30" que de 1979 a 1990 só tirou nota máxima comandada
pelo Mestre Fubá.
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