Você Nego
Éto uma explosão no samba da alegria contagiante e ritmo que conquistou
as passarelas...
A você Nego
Éto, conhecido por várias gerações de sambistas de todo Itaim Paulista;
da sua Escola, sua amada e querida escola...
E o sonho de
Nego Éto, dentro destes pontos foram de grande importância, embora a
idéia tivesse surgida de uma foto de um carnaval passado.
Assim,
concluímos que tal tema poderia dar um desfile carnavalesco com um
visual belíssimo e fato-contínuo analisamos a importância do personagem
e pelo que se verá em páginas que seguem no desdobrar do tema, período
do episódio, este Sonho de Nego Éto é mais que um sonho de um autêntico
fruto desta Escola e que está dividido em etapas seguidas:
A
FINALIDADE DOS SONHOS
Serão
fantasias lembradas de maneira difusa e logo esquecidas?
Serão visões
do futuro ou revelações profundas do nosso inconsciente liberto, durante
o sono?
O sonho é
uma necessidade biológica... sabe-se em que até animais sonham... uns
mais, outros menos. É que se o animal for impedido de sonhar ou tiver
seus sonhos interrompidos poderá vir a adoecer e mesmo levado à morte.
Como somos
considerados os animais mais evoluídos, nada mais que justo que sonhemos
mais que os outros, podendo estabelecer polêmicas quanto às
interpretações dos sonhos, mas isto é um problema dos cientistas e não
nosso.
Nós do povo
sabemos que o sonho tem seu significado.
NEGO ÉTO
Nego Éto foi
um personagem muito importante na história carnavalesca da Primeira do
Itaim; foi um dos mais autênticos sambistas deste bairro que fornece
sambistas para as mais diversas escolas de samba da grande São Paulo.
Nego Éto nos
deixou no carnaval de 1977, ano triste para a nossa querida Escola, mas
ficou a lembrança de um sambista... sambista que agora dorme seu
sono-eterno e que talvez sonha com sua tão querida Escola de Samba.
Nego Éto
você tinha um sonho de ser inspiração de novos sambistas e hoje esta é a
inspiração dos componentes, dos fãs desta Primeira e como prova, estamos
a recordar justamente - Você Nego Éto.
Nossos
aplausos são feitos em pé, cabeça erguida, lembrando você, sempre pronto
para outro carnaval - mas a vida é esta e ninguém é eterno, nem mesmo um
autêntico, legítimo sambista, como foi você Nego Éto, é a fatalidade da
vida, existe uma lacuna, sua ausência, mas sua Escola querida continua a
ser amada.
Para nós,
você está dormindo sob nossa bandeira, e sonha com o desfile de carnaval
deste ano de 1997, onde é o personagem efetivo, real - em nossas
lembranças.
Hoje vamos
cantar para o mundo, o sonho do sambista que muito deixou saudades -
recordação de você Nego Éto.
RELATO DO
SONHO DE NEGO ÉTO
Madrugada de
segunda-feira de carnaval. Manhã, Nego Éto regressa à sua moradia. Ainda
de modo ecoante em seus ouvidos o som da bateria confundem-se com o
canto e vozes dos sambistas, em sua mente as imagens das linhas
cabrochas, o esvoaçar das bandeiras, o garbo dos mestres-salas, a
elegância da porta-bandeira, permanece nos olhos do sambista na
madrugada da segunda-feira... é o dizer da imponência rotunda do Rei
Momo.
Aos poucos o
cansaço, a fadiga, a fraqueza toma conta do nosso personagem que
adormece. Morfeu - Deus do Sono - da liberdade - da fantasia que tudo vê
e tudo sabe no achegamento a Nego Éto, como prêmio pelo talento e
dedicação à sua eterna Escola, toma-o pelos braços e o leva para o reino
encantado do sonho e da fantasia.
Que tributo;
que homenagem poderia receber Nego Éto? Senão ter Morfeu como o
mestre-de-cerimônia na maior e mais notável festa que é o carnaval do
Brasil - um desfile para ele, especialmente feito para ele - o maior
sambista da terra.
PRIMEIRA
PARTE
Nego Éto
sendo recebido no reinado de Morfeu, onde ocupa o lugar de honra. Lugar
privilegiado, vê surgir no início da avenida a sua Escola de Samba que
em um passe de mágica surge toda acabada, vitoriosa, linda. O cantar do
povo sobre às calçadas, arquibancadas no aplauso na vibração, é a
libertação total é o carnaval brasileiro.
SEGUNDA
PARTE - EVOCAÇÃO DAS MÁSCARAS E FANTASIAS
Houve tempo
em que eram belas, em outros horrorosas com barbas ou cabelos, com
orelhas - trágica ou satírica - até que por motivo outro não
necessitavam de maiores explicações as autoridades impediram do uso de
máscaras nas ruas.
As fantasias
eram bonitas.
Arlequins,
pierrots, colombinas - eternos amantes - dominós de seda, cetim ou de
algodãozinho.
E o comando
à folia um - único rei - que nunca foi contrariado pela sua autoridade,
pelos seus súditos - Sua Majestade o Rei Momo.
TERCEIRA
PARTE - O SONHO DAS ESMERALDAS
Fernão Dias
Paes, destemido bandeirante paulista, dedicou grande parte de sua vida à
procura das preciosas esmeraldas.
Morfeu
mostra ao sambista Nego Éto, toda ânsia, todo o desejo ardente com que o
sonhador procurava as pedras preciosas da cor-da-garapa e que
infelizmente, nunca as encontrou.
QUARTA
PARTE - O DESENCANTO DA COBRA NORATO
O deus
mitológico mostra ao sambista sonhador, Nego Éto - o desencanto da Cobra
Norato.
Conta a
lenda que uma índia, quando se banhava em um paraná no Cachoeri, entre
os rios - Amazonas e Trombetas no município de Úbidos foi fecundada por
uma cobra grande.
Nasceram um
menino e uma menina em que a mãe ao um conselho do Pajé os atirou ao
rio, onde se criaram, se transformando em cobras d'água. O menino
(Norato ou Hono-rato) e a menina (Maria-Caninana),
QUINTA
PARTE - O LEQUE E A BANDEIRA
Depois dos
moleques-de-recados o leque foi o grande cúmplice dos namorados.
Disfarçava os olhares, gestos e expressões com o endereço certo. Usado
pelos homens em salões era a suprema galanteria.
O
complemento indispensável para os mestres-salas, gestos elegantes e
vestimentas pomposas, dançando como as porta-bandeiras.
A atual
porte-bandeira tem origem remota. A partir das festas populares do
Brasil Colonial e dos enterros, dignitários negros mortos em solo
brasileiro.
Tanto em uma
como outra ocasião, diferentes tribos africanas que para cá vieram, se
identificando por meios de um pedaço de pau, cuja ponta era presa em um
pequeno ou grande pedaço de pano.
SEXTA
PARTE - A APOTEOSE DAS CORES E O DESPERTAR DO NEGO ÉTO
Quando os
primeiros raios de sol vêm anunciar a chegada do dia Nego Éto vai aos
poucos despertando de seu sonho maravilhoso, mas Nego Éto não despertou
mas todos nós, vimos quando na sua face ficou uma expressão de alegria e
felicidade que lhe foi na alma e nós todos os sambistas que hoje estamos
vivendo este sonho, que um dia você também viveu.
Que sonho
maravilhoso! Viva o Carnaval Brasileiro! Viva o Sonho de Nego Éto.
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