INTRODUÇÃO

Criada para ser o principal método de iluminação, a vela vem no decorrer dos séculos tendo diversas menções de uso e de significado, passando no cenário religioso e pagão, sendo produzida de inúmeros tamanhos e matérias primas. Hoje com um intuito diferenciado do qual foi inventada, mas com um clamor místico ou ate mesmo decorativo, a vela se mantem acesa e muito presente na atualidade, e através de suas chamas reveladoras que desbravaremos sua trajetória.

ENREDO

Uma espécie de combustível para a chama, a vela foi criada como fonte primária de luminosidade, mas no transcorrer do tempo, foi ganhando um sentido místico. Povos da idade média acreditavam que era possível fazer previsões através da observação das suas chamas. Uma maneira de seus deuses revelarem o futuro ou ate mesmo suas vontades, um canal de comunicação entre o real e o sobrenatural.

Não há transcrições exatas de quando foram criadas, mas foram encontradas pinturas primitivas em cavernas, que narram à existência de um foco de luz, feito de gordura animal e fibras de plantas que serviam de pavio, uma espécie de vela rudimentar.

Ainda na idade média, além de serem usadas para clarear igrejas, conventos, salões de um modo geral, o clero instituiu-a como um ícone no rito da igreja. As velas sagradas eram utilizadas como forma de afugentar espíritos, uma maneira de purificar, tornar sagrado. Essas chamas que para a Igreja tem a finalidade de purificar, para a dinastia chinesa tinham um sentido científico, pois, por intermédio da sua queima cadenciada, era medido o passar do tempo. O relógio de cera foi um dos primeiros métodos de contagem das horas.
Na civilização Egípcia também escreveu sua historia. Os Egípcios acendiam velas, pois acreditavam que assim obteriam respostas durante o sono.

Com tanta importância, para tantos povos e culturas, os artesões observaram que sua fabricação era algo estável e lucrativo. Mediante a essa observação, anexaram a elas a função também de decorar. As velas decorativas se tornaram objetos de luxos, principalmente as confeccionadas com cera de colmeia de abelhas, por ser uma matéria prima mais escassa, e por emanar uma luz mais brilhante. Além do componente pelo qual a vela foi feita, outro aspecto que poderia encarecer o seu valor, era o material usado para fazer os trabalhados suportes, que variava entre madeira, prata ou ouro. Elaboradas com todo requinte, logo foi associada como um adorno no jogo da sedução, um objeto indispensável num encontro a dois. Afinal de contas quem nunca viveu um romance a luz de velas­?

Na Grécia antiga, era elemento indispensável nos rituais de fé dedicados a adoração à deusa Artêmis, divindade da caça. Segundo a sua mitologia, Artêmis era representada pela a figura da lua, que lá do céu protegia a terra. Desse rito surgiu um costume que ainda nos dias de hoje praticamos, a utilização da vela de aniversário. O bolo no formato arredondado simbolizava a lua cheia e a fumaça das velas caracterizavas as preces elevadas aos céus. Atualmente quando desejamos parabéns para você, e logo após o pedido paga-se a velinha, faz- se menção a ideia grega, que diz que os pedidos assim como as preces são direcionados a Deus através da fumaça.

A igreja Católica na cerimonia do batismo acende o círio, que é um tipo de vela grande que simboliza o próprio cristo. Nessa representação a chama e comparada à fé que passa de padrinho para o afilhado com o compromisso de sempre mantê-la inflamada em seu coração. Em grande parte do seu rico calendário litúrgico, a vela esta presente. Nas romarias fiéis carregam em suas mãos, para agradecerem as graças concebidas e fazerem alusão à passagem bíblica onde retrata a necessidade de sermos luz para o mundo. Assim como os católicos outras religiões também tem a cultura de dedicar velas a seus entes queridos já falecidos. A chama do adeus é uma súplica pelo perdão dos pecados cometidos e um pedido para que sejam acolhidos no reino celeste.

Com o mundo mais corrido, mais competitivo, há pessoas que recorrem a elas para terem um momento de paz interior, um momento de desaceleração. As velas aromáticas associadas ao um ambiente favorável conseguem transportar a alma humana para um encontro consigo mesma.

No cenário do samba também ganhou destaque. Um grupo de sambista nos anos 2000 juntou-se e fundou uma roda de samba chamada o samba da vela. Assim como a dinastia chinesa, eles utilizam a vela como cronometro, onde o show se inicia quando a vela e acesa e dura o tempo de sua consumação.

Dentre séculos e séculos de existência, mudou de função, de formato, de cores, mas sempre se manteve “acesa” na vida do homem.