A Vila Maria, um bairro muito antigo, tem
sua origem em meados do ano de 1856, com a primeira escritura de venda
efetuada por José Bento de Moraes ao Dr. Joaquim Floriano de Araújo
Cintra, pela quantia de cinco contos de réis. A partir daquele ano, o
sítio Bela Vista passou a ser objeto de várias vendas. Tendo muitos
proprietários no decorrer do tempo. Sua fundação oficial data de 17 de
janeiro de 1917, através da Cia. Paulista de Terrenos que era formada
principalmente pelos diretores Eduardo Fonseca Cotching, Alberto Byngton
e Guilherme Cotching. No ano de 1918 foi construída a ponte de madeira
que passou a ligar o bairro ao Belenzinho. Logo após, foram colocados os
postes de madeiras para a ligação da rede elétrica. Em 1923 é inaugurada
a linha de bonde número 34, cujo percurso era da Praça da Sé até a Praça
Santo Eduardo. A primeira capela do Bairro foi a de Nossa Senhora dos
Navegantes, construída em 1922.
Em 01/08/1923 é fundado o primeiro clube:
"Vila Maria Futebol Clube" atual Sociedade Esportiva e Recreativa Vila
Maria, sendo a primeira sede na Avenida Guilherme Cotching, 670. Fundada
em 1950, a Escola de Samba Unidos de Vila Maria, nasceu de uma
brincadeira entre amigos que desfilavam pelas ruas de Vila Maria, Brás e
Pari. A escola se chamava Unidos do Morro de Vila Maria até 1971. Foi
oficializada apenas em 10/01/1954 e sempre participou dos desfiles
oficiais da cidade. Registra-se nos anais do Carnaval de São Paulo, que
na década de 60 era uma das melhores escolas de samba, sendo premiada
pelo Prefeito Faria Lima, com o "Apito de Ouro" em razão da excelente
bateria do Mestre Batucada. Entre seus fundadores, lembramos de Benedito
Nascimento, o "Dito Caipira", João Brasil, Emanuel, José Penteado,
Zezimo de Vila Maria, Valdete Brandão e não podemos esquecer do João
Franco o "Xangô" compositor, cantor e ator, foi um dos personagens mais
fortes em prol das filiadas da Federação das Escolas de Samba e Cordões
Carnavalescos de São Paulo. Atuando como coordenador e membro de uma
diretoria composta por nomes de alto gabarito no campo da Cultura
Popular, como Moraes Sarmento, Vicente Leporace, Romão Gomes Portão,
Carlos Alberto Caetano, Alberto Alves da Silva, Sebastião Eduardo Amaral
e Deolinda Madre.
Como ator, a oportunidade surgiu quando
estava apresentando a peça "Os Escravos" na antiga TV Educadora
Paulista, atual TV Gazeta, teve participação importante em mais de 14
filmes: "Macumba em Alta", "Casinha Pequenina", "Uma Pulga na Balança",
"Convite ao Pecado"...
Xangô participou também de várias peças
teatrais,sendo um dos atores mais antigos do Teatro Piolim e um dos
trabalhos que ali apresentou foi "Escrava Isaura" e no Teatro Municipal,
atuou junto com Maria Della Costa e Graça Mello na peça "O Anjo Negro".
Sua ala de compositores contou com nomes
famosos como: Talismã, Tuniquinho Batuqueiro, Carlão da Vila, Bob Júnior
e Nelson 8. Na caminhada de seus carnavais obteve todos resultados como
em 1984 com o enredo "Carnaval Festa do Povo", o enredo "A Lenda da
Noite" de Tito Arantes Filho deu o terceiro lugar no carnaval de 1983 no
Grupo 3. Campeão do Grupo 2 em 1998 com "Uma Viagem à Atlântida", a
escola começou uma carreira vitoriosa em 2000, chegando ao Grupo
Especial em 2002, com o inesquecível enredo: "Intolerância Não! Viva e
Deixe Viver!" e hoje, é uma das maiores potências do carnaval paulistano
e merece esta linda homenagem da Comunidade Independente do Imirim. Como
diz o samba exaltação: "Foi lá que me criei e aprendi a batucar! Quantas
saudades eu sinto de você. Oh, minha Vila Maria, eu não posso te
esquecer..."
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