Resplandece os tambores da África ancestral, o negro que aqui tingiu o chão com seu
sangue hoje abre as portas da memória, quebra as correntes da opressão e canta a história do
café... Brotava em nossas terras o negro ouro, após o giro da moenda no ciclo da cana o café
se tornou nosso bem maior, colaborando assim para o avanço econômico do Brasil. No
canto que emana dos cafezais, ouvimos as histórias destes negros...
" nasci em Angola, Angola quem me criou
Sou filho de Moçambique, sou negro sinhô
Vovó não quer casca de coco no terreiro
Para não lembrar dos tempos de cativeiro"
São nossas pretas velhas narrando na fumaça de seus cachimbos e no aroma que
surgi dos bules de café... Contam histórias de antigamente, e se benzendo vão debulhando os
grãos deste negro que viajou o mundo para aqui se tornar Rei.
"Na oração, que desaterra...
Terra, das vozes que rezam nos cafezais... Vela.
A terra canto que ecoa das senzalas...
Alma que soca os grãos no pilão... Torra, Pai João"
O AROMA CONTANDO AS HISTÓRIAS NAS SENZALAS...
Este sagrado Grão que nasceu no encanto das mil e uma noites atravessou a história e
fincou raízes no Brasil, a nossa natureza tão sabia que é tratou logo de cuidar, fazer com que
a terra e o luar o encanta-se e apaixonando-se se espalhou como mar. Foi transformador na
vida de muitos que o debulharam a suor e sol quente, foi descansando ao serenar do luar que
seu sabor nos encantou como um beijo de amor. Este mesmo produto de cor escura foi
responsável pela economia, virou negro ouro nas Minas Gerais, alimentou e aqueceu a
nobreza.
A LIBERDADE SOBRE OS OLHOS DA JUSTIÇA E DA FÉ.
A arte, o barroco e a cultura literária se tornaram mais presentes e o café foi o
condutor nestas transformações culturais. Esteve presente nas batalhas pelo poder, foi
precursor no grito de liberdade e sobre a justiça de XANGÔ viu a negra cor ser livre. Seu
canto de clamor se ouvia junto ao povo em alegria, que em oração e fé diante da devoção a
santa dos pretos do Rosário se libertou.
"Salve a negra herança... O zazi ê o zazi ,
o zazi e manhangole manhangola"
Mais tarde abraçou a imigração e uniu povos em torno da mesa, é o povo vindo do
velho mundo semeando sua história . Seu aroma despertou o povo para as revoluções
industriais, impulsionou e fez brotar uma nova terra.
O GALO CANTOU... O SERTANEJO DESPERTA PARA UM NOVO DIA.
"enquanto uns fazem guerra,
trazendo fome e tristeza
Minha luta é com a terra para
não faltar pão na mesa" (Joel Marques e Maracaí)
O galo cantou e o dia nem raiou, desperta o lavrador, acende o fogo e ferve o café,
senta a mesa e come com bolo de fubá, "Eta saudade da roça". O café encantou os
sertanejos, abriu as portas da exportação e do conhecimento, Saboroso e libertador não se
rendeu.
E também para esticar a conversa após as refeições. Hoje, o samba, homenageia o
café! Os sambistas celebram e eternizam este Grão de real valor! A viola e as mãos cansadas
da lavoura se junta aos pandeiros, chocalhos e surdos de primeira, para unir a cultura do
sambista com as histórias contada por estes negros, numa grande festa de celebração ao
negro ouro. E neste palco iluminado, por confetes e serpentinas, a UNIDOS DE SÃO
LUCAS celebra! Vem homenagear essa figura notória, sabor presente em nossa vida que
viveu e ouviu muitas histórias e seu aroma nos acorda para mais um dia de lida, para mais
uma inspiração a busca real por nossa vitória.
E o sonho que viajou na fumaça dos cachimbos das pretas velhas, emana história,
traz no peito paixões um clarim de poesia diante de meus olhos, negro ouro de fantástico
sabor. No cativeiro, suor, sangue e mandinga e hoje angolas e regionais no ar giram. A flor
da África afrodisíaca Em orações dadivas da fé resplandece todas as manhãs em comunhão e
o brasileiro que tem Fama de hospitaleiro e cordial sempre nos convida para um cafezinho
para quebrar o gelo nas reuniões.
Trazemos força, música, cor e magia. Da dor mais drástica, tortura física O canto
negro não se calou e se irradia.
"somos todos irmãos diante da mesa tomando nosso café" |