São
Paulo, ainda era uma criança, aqui se denominavam os Campos de
Ipiratininga e na Zona Leste...
Viviam
centenas de tribos de variados locais... uns vinham em longas caminhadas
de localidades distantes... Lá estavam, Guaporés, Carijós, Guiaúnas,
Tupiguajés, Goitacazes, Tupinambás, mas, uma tribo se faz marcante em
sua vivência... Os índios Guaianazes oriundos da Ilha Grande no
Litoral... subiram a serra e se alojaram nos altos morros da família
Lageado. Entre vivências, no misto de batalhas sangrentas e rituais de
festa... Essa tribo marca a real certidão, ou seja, o nascimento de um
Bairro. Se no passado eles enfrentaram colonizadores... hoje enfrentamos
o descaso e problemas da nossa realidade.
Hoje,
feito de índios Guaianazes, surge nos braços da evolução a aldeia
Folha Verde da esperança... Temos fé e confiança em nossa população
para melhores dias para o nosso Bairro, as vilas se unem num grande
ritual de festa em homenagem a essa tribo que tanto cuidou desse chão,
e conscientiza a população que um bairro melhor começa com a atitude
de cada filho desse chão. Avante... filhos de Guaianases, feito um
guerrilheiro da esperança, somos orgulhosos do nosso lugar... nosso
bairro... nossa aldeia.
PARTE
I - Sobre a flora encantada nos altos do Lageado Velho... O Eldorado dos
Índios Guayanas... Guayapa... Guaianazes!
Oriundos
da Ilha Grande, caminharam muito em direção aos morros altos no
extremo leste, denominado hoje Alto Tietê. Entre cascatas e cachoeiras
das extremidades de Jacareí, Guararema, chegam em um morro alto, de
natureza exuberante, pássaros e borboletas bailando na pureza do mais
puro ar. Juntaram-se às tribos locais... Aqui se viam Guararemas,
Guaranis, Carijós Piquerubis e tribos primitivas tupinambás por
excelência... Como os respeitados Caicangues. Os Guaianazes, não
construíam ocas, cavavam tumbas no chão, cobriam de pele e se
alojavam. A caça e a pesca eram constantes atividades diárias...
Batalhas sangrentas se davam no coração da mata, com a chegada da
família Lageado, que empregava muitos índios e de fato não pagavam
para isso... Sempre dominando um espaço a mais nas localidades.
Ferozes
e feridos... Só queriam um lugar tranquilo para viver...
Na
época o extremo Leste Paulistano sofria com as invasões gananciosas e
brigas de senhores por teras. Os índios Guaianazes se mudavam de
região à região, sempre tentando sair dos conflitos... Eram teimosos
e irritados, e não aceitavam ter patrões, se vestiam com diferenciadas
peles de animais. Poucos aceitavam catequizar-se. Os Guaiás, ou
Guaia-Cunha eram respeitados por diversas tribos... Pelos costumes e
sabedoria trazidos de além mar.
Um
ritual praticado, se fez presente nas danças em festas quando aparecia
a Lua Cheia. Aruanã moça nova na aldeia, era enfeitada pelos mestres e
dançava ao som dos curumins... Pelos tambores Tupiniquins. Pela manhã
ela trazia um penacho de pássaro silvestre feito em 30 luas novas...
Por índias da tribo. Na última lua era feita essa festa e coroavam a
primeira pessoa desconhecida de outra tribo que apareceria através das
árvores Caingues trazendo as bençãos de Tupã para a aldeia. Ritual
bem festejado junto as tribos locais... Mas aos poucos foram notados
mais casarões além da família Lageado... E assim, aos poucos eles
impediam as pajelanças, e a beleza dos antigos rituais.
PARTE
II - A Ganância Chega em Terras Guaiás, A Chegada da Ordem Jesuíta e
as Famílias Tradicionais.
O
lugar foi passagem para o imperador D. Pedro II, aos poucos as vilas iam
surgindo e sufocavam a cultura indigena local. Até então se denominava
Lageado Velho, em breve o local ficou conhecido como Novo Lageado. O
Lageado Novo, começou a prosperar com a chegada dos imigrantes
italianos a partir de 1876, 1891, 1900, 1906, 1912 e 1920. Ergueu-se a
Capela de Santa Cruz em 1861. Aos poucos nasciam as vila que recebiam
famílias tradicionais européias. Na Fazenda Santa Hetelvina, estavam
os austríacos e alemães. Chegam famílias tradicionais, Bueno, Moura,
Gianetti, e outras, todos descendentes de imigrantes. Aqui, portugueses
erguiam empórios, pousadas, e armazéns, engajados nas instalações
jesuítas, que aos poucos nasciam as vilas...
Vila
Yolanda 1926, Vila Princesa Isabel 1928, entre outras. Em 1875, a
construção da estrada de ferro, se fazia o principal caminho para o
Rio de Janeiro, chamado de caminho para o café de Mogi das Cruzes... A
Estrada férrea, trouxe progresso à região. Progresso esse que de vez
fazia desaparecer o arsenal de culturas populares dos saudosos índios
Guaianazes.
PARTE
III - Nos Braços da Modernidade... Todo Filho de Guaianazes é um
Índio da Aldeia Folha Verde da Esperança... Por Dias Melhores em Nosso
Bairro
Como
o sopro do vento... Se foram os índios Guaianazes. Deixaram como
exemplo a luta e coragem, pelo ideal de viver bem, de amar a nossa
terra, e não se entregar jamais. Hoje em forma de aldeia da esperança
todo morador de Guaianases, e um índio guerreiro levantando a bandeira
da felicidade. Na nossa aldeia tem gente de todas as tribos: sambistas,
roqueiros, operários, times de futebol, várias culturas, de crenças
mil, ou seja, gente que faz o dia de Guaianases vibrar logo ao
amanhecer, com o vai e vem das lotações rumo à dignidade do
trabalhador ou o agitado trem do desafio diário, do cotidiano de São
Paulo. Trazemos a poesia no peito e estampada em nossas emoções um
povo feliz, que festeja a cada rua asfaltada, a cada obra feita... É
preciso bem mais... Saúde, educação, habitação, em prol desse povo
tão simples e digno, estamos sempre a lutar pedindo às autoridades
vejam a nossa realidade, e nossa Guaianases precisa bem mais. Hoje na
aldeia da felicidade, em verde, azul e branco, a Folha Verde vem exaltar
o orgulho que nos fazem vibrar... Guaianases, minha tribo, meu lugar.
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