É carnaval!
A comitiva da jovem vai partir.
Nosso ponteiro munido de seu berrante anuncia aos quatro cantos do mundo, que tem
boi no carnaval.
E é atravez do simbolismo e do misticismo da figura do boi, que conduziremos nosso enredo. Passando por mitologias, manifestações populares, culturais e religiosas, ao passar do tempo das civilizações, com suas heranças e suas crencas.porque o boi sempre exerceu sobre a humanidade um fascínio que se estende por séculos e séculos nas mais variadas culturas.
No antigo egito, os sacerdotes sempre anunciavam a encarnação de osiris, o deus da criação. No boi ápis, fazendo com que o mesmo mugisse oráculos aos seus dedicados discipulos. Da mesma forma, na antiga grécia,encontramos na figura do boi, motivo de bravura para seus heróis, o boi minotauro, o boi grego da miulogia, tendo sido gerado com corpo de homem e cabeça de touro. Entretanto, o misticismo, o simbolismo e as crenças do boi, não ficaram restritas apenas a poucas civilizações.
Na roma antiga. O boi já foi moeda. Sua efígie cunhada em bronze valia um boi, se transformando consequentemente em moeda que passava de mão em mão.
Na índia contudo, os hindus, eternizaram seu fascínio pelo boi concedendo-lhe o titulo de animal sagrado por ter carregado o deus shiva em suas peregrinações, como também, por ter levado buda ás suas pregações. E, assim vai a comitiva da jovem, com seus bois sempre protegidos pelos deuses, e cultuados pela humanidade.
E, foi nessa viagem pela historia das civilizações, que ouvimos contar que em pernambuco na época da colonização, numa verdadeira auto afirmação de poder, maurício de nassau, por uma ponte faria um boi voar.realmente o boi atravessou a ponte de um lado para o outro
pendurado numa corda entre dois prédios. Mas era um boi de pano, e não um animal. Ou seja, um verdadeiro 171 que enganou o pessoal.
De estado em estado, vamos de pernambuco para o maranhão, e no giro do compasso do nosso laço, vamos laçar o boi mais rico do brasil, o bumba meu boi com suas vestes em veludo preto, todo trabalhado com bordados coloridos de todas as formas e matizes, trabalho esse de extrema dedicação e carinho de inúmeros artesãos, que dura o ano todo, para a comemoração do auto popular, do bumba meu boi.
Contudo, apesar de todo misticismo do boi, esse animal ao mesmo tempo em que é símbolo de vida, também é de morte. Como comprovam as touradas de madri, tão comtempladas pela multidão espanhola, quando ovaciona o heróico toureiro, num grito uníssono de "ole".
Mas, nossa comitiva não para, segue adiante ao som contundente de um berrante, acompanhado pelo gemido das tradicionais rodas do carro de boi, entoando a famosa cantiga:
• carro de boi
• que não geme não é boi
• carro de boi
• boméogemedor
isto portanto, vem provar que no brasil, a influencia do boi em varias manifestações, se deve a herança cultural de nossos colonizadores. E, essa herança multi cultural pode ser observada nas varias manifestações culturais e folclóricas no pais. Como já pudemos constatar com o bumba meu boi no maranhão, e o episódio de maurício de nassau em pernambuco. Todavia, outras expressões culturais, celebram a riqueza do simbolismo do boi em nosso país. Como se fez demonstrar o decreto de nosso imperador. Decretando a criação de um selo postal, denominado "selo olho de boi", cuja fama e importância chegariam a outras terras e passaria a ser objeto de conquista dos maiores filatelistas.
Contudo, além dessa conquista histórica relativa ao selo, podemos constatar outras heranças culturais, cada vez mais presente em nosso dia a dia. Como a astrologia, tão consultada diariamente, atravéz dos seus doze signos, e sendo um deles o signo de touro, considerado um signo de personalidade marcante e forte.
Da astrologia passamos para uma cantiga forte de ninar. Que ainda embala o sono de muita molecada, com seu verso: boi, boi, boi, boi da cara preta...
No embalo da cantiga de ninar, vamos até santa catarina, onde encontramos o boi de mamão ou boi de pano catarinense, herança deixada pelos jesuítas e que envolve a filosofia da ressureição.
Da terra catarinense, partimos para o norte mais especificamente para o estado do amazonas na cidade de parintins, a tão famosa ilha de tupinambarana. A ilha singular não só pela sua beleza natural amazônica, mas sim, por ser protagonista de um dos espetáculos mais bonitos da terra: o encontro na arena dos bois bumbás, garantido e caprichoso. Razão porque, reúne anualmente multidões selva adentro, para ouvir, cantar e participar das contagiantes toadas do bois, com uma rivalidade ferrenha entre os dois bois, cuja rivalidade se resume numa só frase: se garante no seu que eu capricho no meu.
Desafios à parte, entretanto, o que podemos constatar também, é a criatividade e o espirito jocoso do nosso povo, ao criar ditados, tendo como personagem central a figura do boi, tais como:
• você é meu e o boi não lambe.
• dou um boi prá não entrar numa briga, e uma boiada prá não sair.
• essa historia é boi com abóbora.
• isso é conversa prá boi dormir.
Contudo, existe um ditado que além desses que já fizeram historia, um outro que se torna cada vez mais popular.
É o que diz: do boi se aproveita tudo menos o berro. Mas, tal acertiva em nosso caso não se concretiza. Razão porque, a comitiva da jovem, guardou o berro, para ao som eletrizante de nosso berrante, berrar em alto e bom som: "segura o laço que esse boi é campeão". |