O Grêmio Recreativo Cultural e Social Escola de Samba Unidos de Vila Maria dá continuidade as comemorações de seus sessenta anos de existência (Bodas de diamantes) trazendo para o Carnaval de 2015 o enredo “Só os diamantes são eternos, na química divina”.
Nesse pensamento, olhamos para essa pedra de grande valor e refletimos que ela atraiu na história da humanidade sentimentos de ódio, vaidade, luxúria e traições. Basta lembrarmo-nos de histórias envolvendo grandes paixões, gangsters, tráfico de diamantes ou valises abarrotadas com essas pedras de grande valor.
Como pode uma pedra envolver os mais variados tipos de sentimentos e ações?
Mas não é só de sentimentos ruins que essa pedra atraiu o olhar da humanidade. Pelo contrário, os gregos a chamavam de “Adamas” (o inconquistável). Para eles, os diamantes eram considerados com faíscas de estrelas caídas do céu sobre a terra. Dizia-se também que o fogo nele refletido era a chama do amor (o diamante vermelho é considerado o diamante da paixão), e que seriam os diamantes lágrimas dos deuses.
Embora os diamantes existam a milhares e milhares de anos, o primeiro registro que se tem conhecimento foi na Índia há cerca de três mil anos. Eles eram utilizados como talismãs em adereços para distinguir as castas.
Até o século XVII, os diamantes na sua maioria foram comercializados no mundo tendo como sua origem a mina de Golconda na Índia. Desta mina forma extraídos famosos diamantes do mundo como o Kon-i-Noor (integra parte das joias da Coroa da Inglaterra), e o Orloff (patrimônio das joias da Coroa Russa)
Por ser a pedra símbolo do amor eterno vamos nos reportar ao maior monumento ao amor eterno, o Taj Mahal.
Numa época em que os imperadores da Índia tinham dezenas de mulheres e centenas de concubinas, Shah Jahan dedicou-se a amar apenas uma mulher, sua esposa Mumtaz Mahal. Com ela, o imperador teve quatorze filhos sendo, o parto do último a causa de sua morte. Inconsolável pela perda o imperador decide construir um mausoléu à altura do amor que ele sentia. A construção durou 22 anos e foram consumidos 500 kg de ouro e o mesmo montante em diamantes e turquesas. O mármore utilizado em sua construção é translúcido e permite que o interior fique sempre claro durante o dia. Além disso, sua cor altera conforme a incidência da luz do sol sendo azulado durante o amanhecer, branco, rosado e amarelado ao entardecer. Em noite de luza cheia, o Taj Mahal refletido no espelho d’água à sua frente é negro e inspirou o imperador a construir no lado oposto a réplica do mausoléu na cor que o espelho d’água projetava e que seria lá o seu túmulo, porém o imperador foi deposto por seu filho e seu sonho não foi concretizado.
Embora o diamante seja a única pedra preciosa composta de um único elemento o carbono, ele tem a mesma composição do grafite que parece ser seu antônimo. Enquanto o grafite é sem brilho, cinzento e quebradiço, o diamante é de brilho infinito, reflete cores variadas em seus prismas e, é a gema mais dura que se tem conhecimento, pois só um diamante é capaz de cortar ou riscar outro.
No século XVIII, mais precisamente em 1725, após a descoberta de diamantes no Arraial do Tijuco (atual cidade de Diamantina – Minas Gerais), o Brasil ainda colônia de Portugal, quebra a tradição da Índia e, durante os 150 anos seguintes alcança a posição de maior produtor mundial de diamantes. Foi nessa época que uma escrava de nome Francisca da Silva, a Chica da Silva viveu como rainha sob os olhos apaixonados do Contratador de diamantes da Coroa Portuguesa João Fernandes de Oliveira que a alforriou e viveu com ela sem matrimônio oficial durante quinze anos.
O maior diamante brasileiro encontrado leva o nome do então Presidente da Republica Getulio Dornelles Vargas e foi encontrado em 13 de agosto de 1938. O diamante pesava 726,6 quilates e foi encontrado no rio Santo Antonio, em Coromandel – Minas Gerais. Por algum tempo ele foi considerado o quarto maior do mundo ocupando hoje, o posto de sétimo na lista dos maiores.
Ainda existem minas de diamantes em Minas Gerais, Mato Grosso, Maranhão, Piauí, Pará e Paraná. Porém os olhos se voltam hoje para a Chapada dos Diamantes na Bahia que espera no primeiro trimestre de 2015 extrair 225 mil quilates de diamantes na mina de Braúna, em Nordestina no semiárido baiano.
A África atualmente, é o maior produtor de diamantes do mundo sendo a África do Sul seu maior representante e, por ter sido lá encontrado o maior diamante do mundo. Com 3106 quilates, esse deu origem a 105 pedras de menor tamanho. Entre elas está o diamante Cullinan I, conhecido como “Estrela da África”. Este, com 530,20 quilates adorna o cetro do Rei Eduardo VII, que está na Torre de Londres.
Embora essas pedras de brilho intenso nos encantem os olhos existem outros tipos de diamantes altamente importantes e valiosos, porém sem nenhuma valia para sua utilização na joalheria e sim, para perfurações de petróleo, cortes de vidro, ferro e aço, aplicação em indústrias automobilísticas e tantas outras. Nesse segmento, a Rússia é rica nesse tipo de extração. Recentemente, a Rússia revelou ao mundo a existência de minas de diamantes conhecidos como impactites e são duas vezes mais rígidos que os diamantes normais usados para fins industriais. Essa excelência se dá por serem maiores em seu tamanho como por seu corte abrasivo. Essa mina que fica nos limites da Sibéria foi criada por um asteroide que caiu na terra há 35 milhões de anos criando uma zona de impacto de 100 km de diâmetro.
Se analisarmos que, um quilate de diamante representa um peso igual a duzentos miligramas podemos perceber que os diamantes segundo sua transparência e dureza podem atingir valores elevadíssimos que os tornam invejáveis atraindo para eles os mais variados sentimentos como a mensagem que ele possa conter num anel de noivado de um amor eterno, inspirar joalheiros nas mais exóticas e inusitadas peças, inspirar musicas de duplo sentido como o sucesso dos Beatles “Lucy and Sky with Diamonds”, uma canção transformadora como “Diamante” de Damares ou num tema de filme como “Diamonds are Forever” de Shirley Bassey. Ele pode inspirar nome de raças de animais como o “Diamond Horse” ou o “Diamond Gold”,
O diamante inspira também roteiristas de filmes como “007, Al Capone, Diamantes de Sangue, Só os diamantes são eternos, Bonequinha de luxo ou Titanic” entre tantos.
Porém, ao olharmos para essa pedra e a compararmos com o mundo perante o universo e a humanidade podemos perceber que não só o planeta terra como o homem que o habita é como um diamante. O carbono submetido a altas temperaturas como as de um vulcão se transforma em diamante assim como o mundo e o homem submetido à uma química divina vive sua constante modificação. Não só o carbono se transforma na pedra mais brilhante sob a química divina, assim acontece com a terra modificando-se constantemente no dia e na noite, nas estações do ano e o homem, que de sua natureza pré-histórica transformou-se no que é hoje. O néctar colhido pelas abelhas transforma-se em mel, as lagartas em coloridas borboletas, o humilde que, descobrindo em si o diamante que existe nele transforma-se em noticia pois, foi com sua luta, lagrimas, privações, fé e provações que o fez vencedor.
Dessa forma, devemos compreender que, somos carvões submetidos à uma química divina capaz de nos transformar numa joia de brilho intenso. Observemos que o formato de nossos corações se parece com um diamante e o devemos lapidar todos os dias de nossas vidas praticando boas e justas ações com o meio ambiente e com os seres humanos transformando-nos assim na joia linda e mais brilhante.
Deixe, portanto acontecer essa metamorfose em você, pois ela é a química divina acontecendo em sua vida.
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