|    Herança de menino caiçara Marcas na areia deixada pelos pés como “tapir”
 Que a água mais teimosa não apaga
 A espuma sorrateira das ondas
 Que leva e traz as nossas lembranças
 Num bailado sincronizado
 Ao som da pedra que canta
 Bendita terra de Nossa Senhora
 Tudo em ti é poesia
 Pelo chão, assim como as flores
 Brota em seu ventre imaculado
 Registros de expedições e náufragos
 Desde a antropofagia solene dos homens nus
 À catequização dos mesmos pelos jesuítas
 O capítulo inaugural da nossa história
 Amazônia paulista
 Entre rios enviesados contemplamos a tua grandeza
 Nas formas e nas cores
 Branco, Preto e da Conceição até a Boca da Barra
 Natureza esplêndida que margeia o sonho do pescador
 Em canoas de fé e esperança “Rio Acima”
 E sua fauna, que de longe nos fita
 Mesmo acanhada tange beleza nos manguezais
 Da aurora ao entardecer
 E a noite dengosa cintila o luar
 No espelho hipnótico das tuas águas
 Que seduz desde o mar
 Horizonte ornado por ilhas de perigos e encantamento
 Oceano que também nos reserva riquezas
 O ouro negro das tuas profundezas
 Certeza de um futuro promissor
 Seduzidos,
 Pintores desnudam sua alma com pinceladas vorazes
 Paixão em nuances da mais bela aquarela
 Por Calixto, tu és o retrato fiel do paraíso
 Por Emygdio, a arte primitiva te consagra
 E pelo ar, a evidência do amor que vem pela brisa
 Refrescando a vida dos que em ti adormecem
 A cama de Anchieta
 Recanto precioso
 Aconchego Deus
 E dele, sentimos a cálida presença
 Se manifestar em tudo que vemos
 Do alto da ladeira do convento
 Ou envoltos a velas e flores na Gruta de Lourdes
 Pela cidade, nítidas, são a tua morada
 Neste legado de Abarebebê
 E do teu povo ingênuo, incide a crença pelas ruas
 O amor contagiante dos devotos em procissão
 Pela imagem da padroeira
 Relíquia da Matriz de Sant’Anna
 A Nossa Senhora da Conceição
 Alem da fé, a tradição nos revela
 Pelos fiéis também os festejos
 Que abrem as portas para o reisado
 Na Madrugada de um belo cortejo
 E o boa-noite verdadeiro, esperado por quem não dorme
 É a prenda mais preciosa ao recebê-lo
 São João Baptista igualmente é lembrando
 No mês festivo de junho
 Praça com bandeirolas te enfeitam
 Músicas, comidas e folguedos
 Porém existe a maior delas
 A festa que apresenta a Corte Imperial
 Tem cuscuz de arroz na Noite da Soca
 E um café da manhã na mais linda Alvorada
 E o capitão aparece triunfal na Erguida do Mastro
 Para saudar romeiros com graça imponente
 Emocionado com a Divina Bandeira
 Em louvor ao Espírito Santo
 Muito tenhamos a dizer sobre ti
 Ao decifrar teu tesouro mais secreto
 As tuas mulheres de areia,
 Teu cenário paradisíaco, teu solo fértil
 Teus filhos gentis
 Que realçam a beleza das coisas
 De forma única e genuína
 Fazendo parecer tudo maior e mais vistoso
 Uma dádiva recorrente
 Que nos gestos simples conquista
 Os que chegam de peito aberto
 Ciceronianos por tua atmosfera acolhedora
 Pois bem, a felicidade foi o jeito fiel que encontramos
 Para narrar e fazer jus a tua essência
 Pois é assim que sentimos ao lado dos teus
 Nas prosas , nos mergulhos a beira mar
 Na Praia dos sonhos e dos pescadores,
 No leito do rio pescando a atração principal
 Da moqueca saborosa que irá oferecer
 E Abraçando poetas, artistas, pessoas comuns...
 Em bares, em rodas de samba e em domingos familiares
 Talvez se mostre pouco, a nossa homenagem
 Para descortinar os teus encantos
 Todavia quem sabe, estaria reservado pra nós
 Embalados pelo fascínio, esta tarefa sublime
 Este presente de Deus
 Por isso....
 A pedra que canta também samba
 Itanhaém, hoje a Pérola é você!
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