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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.E.S. UNIÃO DA VILA ALBERTINA - CARNAVAL 2010
Enredo: Aplausos aos Nossos Heróis

O Grêmio Recreativo
Autor: Jorge Marques

 

INTRODUÇÃO

No ano de 2010 a União da Vila Albertina traz à avenida uma justa homenagem a algumas pessoas que transpuseram barreiras, venceram adversidades, lutaram e se sacrificaram por seus ideais. Pessoas que não se contentaram em simplesmente seguir padrões. Verdadeiros heróis que com garra, coragem, dedicação e generosidade ajudaram e ainda ajudam a construir a história do nosso país.

HERÓIS DE ONTEM: CUJAS LUTAS E CAUSAS AJUDARAM A CONSTRUIR A HISTÓRIA DO NOSSO PAÍS

ZUMBI, O REI DE PALMARES

No ano de 1655, no Estado de Alagoas, nasceu um dos maiores líderes negros do Brasil: Zumbi dos Palmares. Recém-nascido, Zumbi foi tomado de sua mãe, feito prisioneiro e entregue a um padre chamado Antônio Melo, que o batizou com o nome de Francisco. Sob os cuidados do Padre Antônio, tornou-se coroinha, estudou latim e português até fugir de volta para o quilombo em 1670.

Aos 25 anos de idade, Zumbi torna-se líder do Quilombo dos Palmares, comandando a resistência negra contra as tropas do governo. Sua capacidade de liderança e organização fez dele e do Quilombo muito conhecidos, mostrando o quanto a comunidade negra unida poderia ser forte perante a opressão da escravidão. Sua coragem foi demonstrada até os últimos momentos de vida, quando foi traído, perseguido e morto em seu esconderijo.

Zumbi não defendia apenas a liberdade, mas também a criação de uma sociedade com novos valores, conceitos renovados de cidadania e direitos que realmente atendessem a todos, preceitos estes, que praticava com todos os moradores do Quilombo.

ANTÔNIO CONSELHEIRO: O SALVADOR DOS POBRES E EXCLUÍDOS

Nascido no dia 13 de março de 1830, na Vila Quixeramobim, interior do Ceará, Antônio Vicente Mendes Maciel, também chamado Antônio dos Mares, Irmão Antônio, Santo Antônio Aparecido, Santo Conselheiro, Bom Jesus Conselheiro, Senhor do Bonfim, Bom Jesus ou, simplesmente, Antônio Conselheiro.

Líder religioso dos sertões do Nordeste do final do século XIX, comerciante sem êxito, mestre-escola sem diploma, advogado não bacharelado, arquiteto e construtor de capelas e açudes sem formação superior, beato malvisto pela Igreja, pregador sem púlpito, moralista-cristão apaixonado, peregrino errante, administrador autodidata, idealizador e organizador de uma curiosa experiência social de inspiração comunitária.

No Ceará - sua terra natal - Conselheiro passou os anos vernais de sua existência e de lá partiu para uma vida nômade pelos sertões nordestinos, após o fim de seu casamento, em conseqüência  da descoberta da infidelidade da esposa. Figura carismática adquiriu uma dimensão messiânica que atraiu milhares de sertanejos, entre camponeses, índios e escravos recém-libertos, graças às suas pregações religiosas e conselhos que confortava os que vinham a seu encontro.

Em junho de 1893 Conselheiro e seus seguidores chegam e se estabelecem no município de Monte Santo, Província da Bahia, no povoado conhecido como Canudos, local escolhido para a fundação o seu Belo Monte. Canudos prosperou e se tornou incômoda para as autoridades políticas e religiosas locais, que procuravam um pretexto para acabar com ela. Um problema comercial acerca de uma compra de madeira na cidade de Juazeiro deu motivo para que uma tropa de soldados da polícia baiana investisse contra os seguidores do Conselheiro em novembro de 1896.

A derrota dos policiais deu início a um conflito que ficou conhecido como Guerra de Canudos e assumiu enormes proporções. Mobilizaram-se tropas do exército em três expedições militares que, enfrentando enorme resistência da população promoveram um massacre no arraial. O confronto estendeu-se até 5 de outubro de 1897, quando o exército tomou o arraial.

Antônio Conselheiro faleceu, conforme depoimento de sobreviventes, em 22 de setembro de 1897 vitimado por uma caminheira (disenteria), segundo uns, ou por um ferimento provocado por estilhaço de granada, de acordo com outros e, junto com ele, foram-se o sonho de um sertão diferente e a utopia de uma sociedade mais justa.

TIRADENTES: O MÁRTIR DA INDEPENDÊNCIA, PATRONO CÍVICO DO BRASIL

Líder da Inconfidência Mineira e primeiro mártir da Independência do Brasil, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, nasceu em Minas Gerais em 1746. Antes mesmo de freqüentar a escola, já havia aprendido a ler e escrever com a mãe. Órfão de mãe e pai desde a juventude, ficou sob a tutela de um tio até a maioridade, quando resolveu conhecer o Brasil.

Já adulto, foi tropeiro, mascate e dentista (daí o apelido), diz-se que tinha a habilidade de extrair dentes e colocar novos que ele mesmo fazia. Trabalhou em mineração e tentou a carreira militar, chegando ao ponto de alferes no Regimento de Cavalaria Regular. Foi na tropa que Tiradentes entrou em contato com as idéias iluministas, que o entusiasmaram e inspirariam a Inconfidência Mineira, primeira revolta no Brasil Colônia a manifestar sua intenção de romper laços com Portugal, marcando o início do processo de emancipação política do Brasil.

A revolta foi motivada ainda pela decisão da coroa de cobrar a derrama, uma dívida em atraso. A Inconfidência Mineira foi delatada, em 1789, por Joaquim Silvério dos Reis, Tiradentes não contava com influências políticas ou econômicas suficientes para reduzir a sua pena. Alguns filhos da aristocracia foram condenados a penas mais brandas quando houve o julgamento dos inconfidentes em 1792. Os castigos podiam ser, por exemplo, o açoite em praça pública ou o desterro. A Tiradentes - e apenas a ele, entre todos os membros da Inconfidência - restou a execução, em 21 de abril de 1792, e ainda a exposição de partes de seu corpo em postes da estrada que ligava o Rio de Janeiro à Minas Gerais. Sua casa foi queimada, seus bens foram confiscados e seus descendentes foram declarados infames.

Com a morte de Tiradentes, o Estado português queria demonstrar uma punição exemplar para desencorajar qualquer revolta contra o regime colonial. Tiradentes, após 30 anos, tornou-se mártir da Independência e da República.

HERÓIS DE HOJE: SÍMBOLOS DE LUTA PELAS CAUSAS EM VOGA NA ATUALIDADE

O SÍMBOLO DA LUTA PELA PRESERVAÇÃO DO "PULMÃO DO MUNDO"

"No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estivesse lutando para salvar a floresta amazônica. Agora, percebi que estaca lutando para salvar a humanidade". Chico Mendes

Pobre e iletrado, o pai de Chico Mendes ganhava a vida extraindo látex das seringueiras na floresta amazônica. Aos nove anos, o garoto Francisco Alves Mendes Filho também entrou para a profissão de seringueiro: era sua única opção, já que lhe foi negada a oportunidade de estudar. Até 1970, os donos da terra nos seringais não permitiam a existência de escolas. Chico só foi aprender a ler aos 20 anos de idade.

Indignado com as condições de vida dos trabalhadores e dos moradores da região amazônica, tornou-se um líder do movimento de resistência pacífica. Defensor da floresta e dos direitos dos seringueiros, ele organizou os trabalhadores para protegerem o ambiente, suas casas e famílias contra a violência e a destruição dos fazendeiros, ganhando apoio internacional.

Fundou o movimento sindical no Acre em 1975, com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia. Participando ativamente das lutas dos seringueiros para impedir desmatamentos, montou o Conselho Nacional de Seringueiros, uma organização não-governamental criada para defender as condições de vida e trabalho das comunidades que dependem da floresta.

Organizava também várias ações em defesa da posse da terra pelos habitantes nativos. Em 1977 participou da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, e foi eleito vereador pelo MDB local. Recebe então as primeiras ameaças de morte, por parte dos fazendeiros, e começa a ter problemas com seu próprio partido, que não se identificava com suas lutas. Em 1979, Chico Mendes reúne lideranças sindicais, populares e religiosas na Câmara Municipal, transformando-a em um grande foro de debates. Liderou o 1º Encontro Nacional dos Seringueiros, em outubro de 1985, durante o qual foi criado o COnselho Nacional dos Seringueiros (CNS), que se tornou a principal referência da categoria. Sob sua liderança a luta dos seringueiros pela preservação do seu modo de vida adquiriu grande repercussão nacional e internacional. Após a desapropiação do Seringal Cachoeira, em Xapuri, propriedade de Darly Alves da Silva, agravaram-se as ameaças de morte contra Chico Mendes que por várias vezes denuncia publicamente os nomes de seus prováveis responsáveis. Deixa claro às autoridades policiais e governamentais que corre risco de vida e que necessita de garantias. No 3º Congresso Nacional da CUT, volta a denunciar sua situação, similar à de vários outros líderes de trabalhadores rurais em todo o país. Atribuí a responsabilidade pela violência à UDR. A tese que apresenta em nome do Sindicato de Xapuri, Em Defesa dos Povos da Floresta, é aprovada por aclamação pelos quase seis mil delegados presentes. Ao término do Congresso, Mendes é eleito suplente da direção nacional da CUT.

Em 22 de dezembro de 1988 uma bala desferida por assassinos ligados à UDR pensou calar essa voz cujos ecos continuam a repercutir ainda entre nós.

BETINHO: O HERÓI DA SOLIDARIEDADE E DA CIDADANIA

Nascido em 3 de novembro de 1935, em Minas Gerais, formou-se nos cursos de Sociologia, Política e de Administração Pública na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Minas Gerais. Exerceu funções de coordenação e assessoria no Ministério da Educação e Cultura e na Superintendência de Reforma Agrária, além de elaborar estudos sobre a estrutura social brasileira para a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), da ONU. Data desse período também a sua presença nos movimentos operários brasileiros. Com o golpe de 64, passou a atuar na resistência contra a ditadura militar, dirigindo organizações de cunho democrático no combate ao regime que se instalava. Foi exilado do país por três vezes retornando duas vezes ilegalmente ao Brasil. Com o crescimento dos movimentos pela democratização dos meios de comunicação no Brasil, seu nome tornou-se um dos símbolos da campanha pela anistia. Em 1979, retornou ao país e envolveu-se inteiramente nas lutas sociais e políticas, sempre se propondo a ampliar a democracia e a justiça social. A natureza não foi benevolente com o cidadão Betinho. Hemofílico, contraiu a AIDS em uma das inúmeras transfusões de sangue a que era obrigado a se submeter. Presidiu a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS - ABIA, fundada , em 1986, preocupada com a organização da defesa dos direitos das pessoas portadoras do HIV ou doentes com AIDS. No ano de 1994, lançou a Campanha "Natal Sem Fome", que arrecadou, no primeiro ano, 600 toneladas de alimentos. Em agosto do mesmo ano fez um pronunciamento na ONU, na reunião preparatória para a Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Social. Houve, ainda, dois momentos marcantes: a Caminhada pela Paz do Movimento Reage Rio, em novembro de 1995; e o desfile no carnaval de 1996, quando Betinho foi enredo da Escola de Samba Império Serrano, no Rio de Janeiro onde Betinho compareceu mesmo debilitado e comoveu toda a Sapucaí.

Após muita luta, morreu aos 61 anos, em 9 de agosto do mesmo ano, em sua casa, no bairro do Botafogo. O corpo do sociólogo foi cremado e, a seu pedido, as cinzas foram espalhadas em seu sítio em Itatiaia.

HERÓIS DE SEMPRE: LUTAM DIARIAMENTE SEJA PELO BEM ESTAR DO PRÓXIMO, SEJA POR SUA PRÓPRIA SOBREVIVÊNCIA

BOMBEIROS: ANJOS DO FOGO, LUTANDO PELA PRESERVAÇÃO DA VIDA, DO MEIO AMBIENTE E DO PATRIMÔNIO

Eles já foram chamados de Anjos do Fogo, Salvadores de Vidas, especialistas em incêndio e tantos outros nomes e títulos respeitosos. Mas é o nome Bombeiro que os identifica como profissionais dos incêndios e de outros tipos de acidentes.

A profissão de bombeiro iniciou, oficialmente, no Brasil, em 2 de julho de 1856, quando o Imperador Dom Pedro II, assinou o Decreto Imperial número 1.775, que regulamentava o serviço de extinção do fogo. Até então, quando acontecia um incêndio, tocavam os sinos, e homens, mulheres e crianças formavam filas junto ao poço mais próximo para tirar a água e, de mão em mão, os baldes iam passando até chegar ao local do incêndio.

Foi em respeito a esta data original que, em 2 de julho de 1954, o governo brasileiro instituiu o Dia do Bombeiro, para homenagear os "Anjos do Fogo".

Hoje, o Corpo de Bombeiros, é profissionalizado e se ocupa não apenas com o combate a incêndios, mas, também, com atividades de prevenção e instalações de sistemas de combate ao fogo e salvamento de vidas. Além das organizações militares e profissionais dos Bombeiros, funciona, em muitas comunidades, o trabalho voluntário.

"Um por todos e todos por um. Em nome de Deus e em defesa do próximo"

MÉDICOS: ABNEGAÇÃO E ALTERIDADE NA LUTA PARA SALVAR VIDAS

"Prometo que, ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência".

Fragmento do Juramento de Hipócrates

Desde a origem da espécie, o homem procurou remédio contra ferimentos e doenças. Vestígios do neolítico mostram que já se conheciam as propriedades curativas de agentes naturais como a luz solar, o frio, o calor e a água. Vinte séculos antes da era cristã, faziam-se no Egito operações como a trepanação do crânio. Papiros escritos entre 1.700 e 1.200 a.C., alguns dos quais copiavam outros muito mais antigos, mostram que para efetuar um diagnóstico os egípcios já empregavam as indicações oferecidas pelo pulso, pela palpitação e pela musculação, e detectavam diversas doenças do abdome, amídalas, olhos, coração, baço e fígado.

Sabe-se que os gregos foram os pioneiros no estudo dos sintomas das doenças. Eles tiveram como mestre Hipócrates (considerado até hoje o pai da medicina).

No século XIX todo o conhecimento ficou mais apurado após a invenção do microscópio acromático. Com esta invenção, Louis Pasteur conseguiu um enorme avanço para medicina, ao descobrir que as bactérias são as responsáveis pela causa de grande parte das doenças. Felizmente, a medicina atual dispõe de inúmeras drogas capazes de curar, controlar e até mesmo de evitar inúmeras doenças. Aparelhos eletrônicos sofisticados são capazes de fazer um diagnóstico apurado, passando informações importantes sobre o paciente. Os avanços nesta área são rápidos e possibilitam um vida cada vez melhor para as pessoas.

O médico, mais que um mero profissional, é um herói, um guardião da saúde especialmente preparado para trazer vidas a luz e cuidar delas, para que tenham uma existência sadia.

Nossa última e não menos justa homenagem, é a esses heróis que surgiram da mistura de raças, que acordam cedo para construir esse país enquanto os representantes dos setores médio e alto da sociedade ainda dormem; que pegam trem e pelo menos dois ônibus para chegar ao trabalho e assim garantir o sustento de sua família com o "belo" salário mínimo.

Nossa homenagem é aos heróis da resistência, que resistem à fome, miséria, doenças, preconceito, injustiças e mesmo diante de tanto descaso daqueles que foram escolhidos para representá-los, se permitem sorrir, cantar, ter esperança e se mostram verdadeiros vencedores já que superam as adversidades e promovem a mais magnífica e democrática das festas: o Carnaval.

Aplausos aos nossos grandes heróis: o povo brasileiro!!!

 


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