INTRODUÇÃO
No ano de 2010 a União da Vila Albertina
traz à avenida uma justa homenagem a algumas pessoas que transpuseram
barreiras, venceram adversidades, lutaram e se sacrificaram por seus
ideais. Pessoas que não se contentaram em simplesmente seguir padrões.
Verdadeiros heróis que com garra, coragem, dedicação e generosidade
ajudaram e ainda ajudam a construir a história do nosso país.
HERÓIS DE ONTEM: CUJAS LUTAS E CAUSAS
AJUDARAM A CONSTRUIR A HISTÓRIA DO NOSSO PAÍS
ZUMBI, O REI DE PALMARES
No ano de 1655, no Estado de Alagoas,
nasceu um dos maiores líderes negros do Brasil: Zumbi dos Palmares.
Recém-nascido, Zumbi foi tomado de sua mãe, feito prisioneiro e entregue
a um padre chamado Antônio Melo, que o batizou com o nome de Francisco.
Sob os cuidados do Padre Antônio, tornou-se coroinha, estudou latim e
português até fugir de volta para o quilombo em 1670.
Aos 25 anos de idade, Zumbi torna-se líder
do Quilombo dos Palmares, comandando a resistência negra contra as
tropas do governo. Sua capacidade de liderança e organização fez dele e
do Quilombo muito conhecidos, mostrando o quanto a comunidade negra
unida poderia ser forte perante a opressão da escravidão. Sua coragem
foi demonstrada até os últimos momentos de vida, quando foi traído,
perseguido e morto em seu esconderijo.
Zumbi não defendia apenas a liberdade, mas
também a criação de uma sociedade com novos valores, conceitos renovados
de cidadania e direitos que realmente atendessem a todos, preceitos
estes, que praticava com todos os moradores do Quilombo.
ANTÔNIO CONSELHEIRO: O SALVADOR DOS
POBRES E EXCLUÍDOS
Nascido no dia 13 de março de 1830, na
Vila Quixeramobim, interior do Ceará, Antônio Vicente Mendes Maciel,
também chamado Antônio dos Mares, Irmão Antônio, Santo Antônio
Aparecido, Santo Conselheiro, Bom Jesus Conselheiro, Senhor do Bonfim,
Bom Jesus ou, simplesmente, Antônio Conselheiro.
Líder
religioso dos sertões do Nordeste do final do século XIX, comerciante
sem êxito, mestre-escola sem diploma, advogado não bacharelado,
arquiteto e construtor de capelas e açudes sem formação superior, beato
malvisto pela Igreja, pregador sem púlpito, moralista-cristão
apaixonado, peregrino errante, administrador autodidata, idealizador e
organizador de uma curiosa experiência social de inspiração comunitária.
No Ceará
- sua terra natal - Conselheiro passou os anos vernais de sua existência
e de lá partiu para uma vida nômade pelos sertões nordestinos, após o
fim de seu casamento, em conseqüência da descoberta da
infidelidade da esposa. Figura carismática adquiriu uma dimensão
messiânica que atraiu milhares de sertanejos, entre camponeses, índios e
escravos recém-libertos, graças às suas pregações religiosas e conselhos
que confortava os que vinham a seu encontro.
Em junho de 1893
Conselheiro e seus seguidores chegam e se estabelecem no município de
Monte Santo, Província da Bahia, no povoado conhecido como Canudos,
local escolhido para a fundação o seu Belo Monte. Canudos prosperou e se
tornou incômoda para as autoridades políticas e religiosas locais, que
procuravam um pretexto para acabar com ela. Um problema comercial acerca
de uma compra de madeira na cidade de Juazeiro deu motivo para que uma
tropa de soldados da polícia baiana investisse contra os seguidores do
Conselheiro em novembro de 1896.
A derrota dos policiais
deu início a um conflito que ficou conhecido como Guerra de Canudos e
assumiu enormes proporções. Mobilizaram-se tropas do exército em três
expedições militares que, enfrentando enorme resistência da população
promoveram um massacre no arraial. O confronto estendeu-se até 5 de
outubro de 1897, quando o exército tomou o arraial.
Antônio Conselheiro faleceu, conforme
depoimento de sobreviventes, em 22 de setembro de 1897 vitimado por uma
caminheira (disenteria), segundo
uns, ou por um ferimento provocado por estilhaço de granada, de acordo
com outros e, junto com ele, foram-se o sonho de um sertão diferente e a
utopia de uma sociedade mais justa.
TIRADENTES: O
MÁRTIR DA INDEPENDÊNCIA, PATRONO CÍVICO DO BRASIL
Líder da
Inconfidência Mineira e primeiro mártir da Independência do Brasil,
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, nasceu em Minas Gerais em
1746. Antes mesmo de freqüentar a escola, já havia aprendido a ler e
escrever com a mãe. Órfão de mãe e pai desde a juventude, ficou sob a
tutela de um tio até a maioridade, quando resolveu conhecer o Brasil.
Já adulto, foi tropeiro, mascate e
dentista (daí o apelido), diz-se que tinha a habilidade de extrair
dentes e colocar novos que ele mesmo fazia. Trabalhou em mineração e
tentou a carreira militar, chegando ao ponto de alferes no Regimento de
Cavalaria Regular. Foi na tropa que Tiradentes entrou em contato com as
idéias iluministas, que o entusiasmaram e inspirariam a Inconfidência
Mineira, primeira revolta no Brasil Colônia a manifestar sua intenção de
romper laços com Portugal, marcando o início do processo de emancipação
política do Brasil.
A revolta foi motivada ainda pela decisão
da coroa de cobrar a derrama, uma dívida em atraso. A Inconfidência
Mineira foi delatada, em 1789, por Joaquim Silvério dos Reis, Tiradentes
não contava com influências políticas ou econômicas suficientes para
reduzir a sua pena. Alguns filhos da aristocracia foram condenados a
penas mais brandas quando houve o julgamento dos inconfidentes em 1792.
Os castigos podiam ser, por exemplo, o açoite em praça pública ou o
desterro. A Tiradentes - e apenas a ele, entre todos os membros da
Inconfidência - restou a execução, em 21 de abril de 1792, e ainda a
exposição de partes de seu corpo em postes da estrada que ligava o Rio
de Janeiro à Minas Gerais. Sua casa foi queimada, seus bens foram
confiscados e seus descendentes foram declarados infames.
Com a morte de Tiradentes, o Estado
português queria demonstrar uma punição exemplar para desencorajar
qualquer revolta contra o regime colonial. Tiradentes, após 30 anos,
tornou-se mártir da Independência e da República.
HERÓIS DE HOJE: SÍMBOLOS DE LUTA PELAS
CAUSAS EM VOGA NA ATUALIDADE
O SÍMBOLO DA LUTA PELA PRESERVAÇÃO DO
"PULMÃO DO MUNDO"
"No começo pensei que estivesse lutando
para salvar seringueiras, depois pensei que estivesse lutando para
salvar a floresta amazônica. Agora, percebi que estaca lutando para
salvar a humanidade". Chico Mendes
Pobre e iletrado, o pai de Chico Mendes
ganhava a vida extraindo látex das seringueiras na floresta amazônica.
Aos nove anos, o garoto Francisco Alves Mendes Filho também entrou para
a profissão de seringueiro: era sua única opção, já que lhe foi negada a
oportunidade de estudar. Até 1970, os donos da terra nos seringais não
permitiam a existência de escolas. Chico só foi aprender a ler aos 20
anos de idade.
Indignado com as condições de vida dos trabalhadores e dos moradores da
região amazônica, tornou-se um líder do movimento de resistência
pacífica. Defensor da floresta e dos direitos dos seringueiros, ele
organizou os trabalhadores para protegerem o ambiente, suas casas e
famílias contra a violência e a destruição dos fazendeiros, ganhando
apoio internacional.
Fundou o movimento sindical no Acre em 1975, com o Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Brasiléia. Participando ativamente das lutas dos
seringueiros para impedir desmatamentos, montou o Conselho Nacional de
Seringueiros, uma organização não-governamental criada para defender as
condições de vida e trabalho das comunidades que dependem da floresta.
Organizava também várias ações em defesa da posse da terra pelos
habitantes nativos. Em 1977 participou da fundação do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Xapuri, e foi eleito vereador pelo MDB local.
Recebe então as primeiras ameaças de morte, por parte dos fazendeiros, e
começa a ter problemas com seu próprio partido, que não se identificava
com suas lutas. Em 1979, Chico Mendes reúne lideranças sindicais,
populares e religiosas na Câmara Municipal, transformando-a em um grande
foro de debates. Liderou o 1º Encontro Nacional dos Seringueiros, em
outubro de 1985, durante o qual foi criado o COnselho Nacional dos
Seringueiros (CNS), que se tornou a principal referência da categoria.
Sob sua liderança a luta dos seringueiros pela preservação do seu modo
de vida adquiriu grande repercussão nacional e internacional. Após a
desapropiação do Seringal Cachoeira, em Xapuri, propriedade de Darly
Alves da Silva, agravaram-se as ameaças de morte contra Chico Mendes que
por várias vezes denuncia publicamente os nomes de seus prováveis
responsáveis. Deixa claro às autoridades policiais e governamentais que
corre risco de vida e que necessita de garantias. No 3º Congresso
Nacional da CUT, volta a denunciar sua situação, similar à de vários
outros líderes de trabalhadores rurais em todo o país. Atribuí a
responsabilidade pela violência à UDR. A tese que apresenta em nome do
Sindicato de Xapuri, Em Defesa dos Povos da Floresta, é aprovada por
aclamação pelos quase seis mil delegados presentes. Ao término do
Congresso, Mendes é eleito suplente da direção nacional da CUT.
Em 22 de dezembro de 1988 uma bala
desferida por assassinos ligados à UDR pensou calar essa voz cujos ecos
continuam a repercutir ainda entre nós.
BETINHO: O HERÓI DA SOLIDARIEDADE E DA
CIDADANIA
Nascido em 3 de novembro de 1935, em Minas
Gerais, formou-se nos cursos de Sociologia, Política e de Administração
Pública na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Minas
Gerais. Exerceu funções de coordenação e assessoria no Ministério da
Educação e Cultura e na Superintendência de Reforma Agrária, além de
elaborar estudos sobre a estrutura social brasileira para a Comissão
Econômica para a América Latina (Cepal), da ONU. Data desse período
também a sua presença nos movimentos operários brasileiros. Com o golpe
de 64, passou a atuar na resistência contra a ditadura militar,
dirigindo organizações de cunho democrático no combate ao regime que se
instalava. Foi exilado do país por três vezes retornando duas vezes
ilegalmente ao Brasil. Com o crescimento dos movimentos pela
democratização dos meios de comunicação no Brasil, seu nome tornou-se um
dos símbolos da campanha pela anistia. Em 1979, retornou ao país e
envolveu-se inteiramente nas lutas sociais e políticas, sempre se
propondo a ampliar a democracia e a justiça social. A natureza não foi
benevolente com o cidadão Betinho. Hemofílico, contraiu a AIDS em uma
das inúmeras transfusões de sangue a que era obrigado a se submeter.
Presidiu a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS - ABIA,
fundada , em 1986, preocupada com a organização da defesa dos direitos
das pessoas portadoras do HIV ou doentes com AIDS. No ano de 1994,
lançou a Campanha "Natal Sem Fome", que arrecadou, no primeiro ano, 600
toneladas de alimentos. Em agosto do mesmo ano fez um pronunciamento na
ONU, na reunião preparatória para a Conferência Mundial sobre o
Desenvolvimento Social. Houve, ainda, dois momentos marcantes: a
Caminhada pela Paz do Movimento Reage Rio, em novembro de 1995; e o
desfile no carnaval de 1996, quando Betinho foi enredo da Escola de
Samba Império Serrano, no Rio de Janeiro onde Betinho compareceu mesmo
debilitado e comoveu toda a Sapucaí.
Após muita luta, morreu aos 61 anos, em 9
de agosto do mesmo ano, em sua casa, no bairro do Botafogo. O corpo do
sociólogo foi cremado e, a seu pedido, as cinzas foram espalhadas em seu
sítio em Itatiaia.
HERÓIS DE SEMPRE: LUTAM DIARIAMENTE
SEJA PELO BEM ESTAR DO PRÓXIMO, SEJA POR SUA PRÓPRIA SOBREVIVÊNCIA
BOMBEIROS: ANJOS DO FOGO, LUTANDO PELA
PRESERVAÇÃO DA VIDA, DO MEIO AMBIENTE E DO PATRIMÔNIO
Eles já foram chamados de Anjos do Fogo,
Salvadores de Vidas, especialistas em incêndio e tantos outros nomes e
títulos respeitosos. Mas é o nome Bombeiro que os identifica como
profissionais dos incêndios e de outros tipos de acidentes.
A profissão de bombeiro iniciou,
oficialmente, no Brasil, em 2 de julho de 1856, quando o Imperador Dom
Pedro II, assinou o Decreto Imperial número 1.775, que regulamentava o
serviço de extinção do fogo. Até então, quando acontecia um incêndio,
tocavam os sinos, e homens, mulheres e crianças formavam filas junto ao
poço mais próximo para tirar a água e, de mão em mão, os baldes iam
passando até chegar ao local do incêndio.
Foi em respeito a esta data original que, em 2 de julho de 1954, o
governo brasileiro instituiu o Dia do Bombeiro, para homenagear os
"Anjos do Fogo".
Hoje, o Corpo de Bombeiros, é
profissionalizado e se ocupa não apenas com o combate a incêndios, mas,
também, com atividades de prevenção e instalações de sistemas de combate
ao fogo e salvamento de vidas. Além das organizações militares e
profissionais dos Bombeiros, funciona, em muitas comunidades, o trabalho
voluntário.
"Um por todos e todos por um. Em nome de
Deus e em defesa do próximo"
MÉDICOS: ABNEGAÇÃO E ALTERIDADE NA LUTA
PARA SALVAR VIDAS
"Prometo que, ao exercer a arte de curar,
mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da
ciência".
Fragmento do Juramento de Hipócrates
Desde a origem da espécie, o homem
procurou remédio contra ferimentos e doenças. Vestígios do neolítico
mostram que já se conheciam as propriedades curativas de agentes
naturais como a luz solar, o frio, o calor e a água. Vinte séculos antes
da era cristã, faziam-se no Egito operações como a trepanação do crânio.
Papiros escritos entre 1.700 e 1.200 a.C., alguns dos quais copiavam
outros muito mais antigos, mostram que para efetuar um diagnóstico os
egípcios já empregavam as indicações oferecidas pelo pulso, pela
palpitação e pela musculação, e detectavam diversas doenças do abdome,
amídalas, olhos, coração, baço e fígado.
Sabe-se que os gregos foram os pioneiros
no estudo dos sintomas das doenças. Eles tiveram como mestre Hipócrates
(considerado até hoje o pai da medicina).
No século XIX todo o conhecimento ficou
mais apurado após a invenção do microscópio acromático. Com esta
invenção, Louis Pasteur conseguiu um enorme avanço para medicina, ao
descobrir que as bactérias são as responsáveis pela causa de grande
parte das doenças. Felizmente, a medicina atual dispõe de inúmeras
drogas capazes de curar, controlar e até mesmo de evitar inúmeras
doenças. Aparelhos eletrônicos sofisticados são capazes de fazer um
diagnóstico apurado, passando informações importantes sobre o paciente.
Os avanços nesta área são rápidos e possibilitam um vida cada vez melhor
para as pessoas.
O médico, mais que um mero profissional, é
um herói, um guardião da saúde especialmente preparado para trazer vidas
a luz e cuidar delas, para que tenham uma existência sadia.
Nossa última e não menos justa homenagem,
é a esses heróis que surgiram da mistura de raças, que acordam cedo para
construir esse país enquanto os representantes dos setores médio e alto
da sociedade ainda dormem; que pegam trem e pelo menos dois ônibus para
chegar ao trabalho e assim garantir o sustento de sua família com o
"belo" salário mínimo.
Nossa homenagem é aos heróis da
resistência, que resistem à fome, miséria, doenças, preconceito,
injustiças e mesmo diante de tanto descaso daqueles que foram escolhidos
para representá-los, se permitem sorrir, cantar, ter esperança e se
mostram verdadeiros vencedores já que superam as adversidades e promovem
a mais magnífica e democrática das festas: o Carnaval.
Aplausos aos nossos grandes heróis: o povo
brasileiro!!!
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