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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.S.E.S. UNIDOS DE SÃO LUCAS - CARNAVAL 2010
Enredo: Araçatuba, nos Trilhos do Tempo, a Terra dos Araças

O Grêmio Recreativo
Autor:

 

Em dezembro de 1908 começa a delinear a história da cidade de Araçatuba, com a construção da estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Esta estrada do início do século vinte fez parte de uma política de interiorização do país e sua ligação com os outros países da América do Sul. Produto desta política que surgiu em Araçatuba uma estação, cravada no meio da mata, na terra dos indígenas Caiagangues, que o nome (Araçatuba) tem o significado de "abundância de araçás", esta fruta silvestre que todos nós conhecemos.

Com esta política de interiorização a população foi gradativamente substituída pelos imigrantes que a partir de 1920 começaram a desbravar esta terra e a desenvolver a cultura do café. Para as terras de Araçatuba colônias de japoneses e italianos se deslocaram, logo depois a imigração espanhola e portuguesa, chegando em 1930 ao número de aproximadamente 13.365 imigrantes.

O povoamento de Araçatuba por diferentes imigrantes, além de proporcionar sua integração, com a combinação de diversas culturas, levou também a um ecumenismo coexistindo diferentes manifestações religiosas. Assim, foi desde o início, com a primeira capela em 1912, seguido em 1922 pela Igreja Metodista, pelos japoneses com a Paróquia de Santo Estevão, templos budistas e terreiros de candomblé. Araçatuba sempre foi à terra do convívio da diversidade cultural, da diversidade religiosa e de forte inclinação para o progresso.

Foi justamente esta terra que proporcionava farturas que neste período, também em Araçatuba se proliferam os "Barões do Café" que desfilavam por uma cidade próspera as suas sinhazinhas.

A partir de 1930, dois fatos históricos deram contornos a nova mudança no contexto econômico e político de Araçatuba: primeiro a Revolução Constitucionalista, que teve na cidade a montagem de pelo menos dois batalhões que defenderam o estado e até hoje são contadas as suas bravuras; a segunda foi a introdução da cultura do algodão, já como reflexo da crise de 1929 que abalou o mundo e derrubou o preço do café no comércio internacional.

A agricultura sofreu com crises cíclicas, a inconstância dos preços internacionais, e a partir da década de 40 a região foi atingida por fortes geadas. Assim a melhor solução para o declínio da produção do café, além da associação de outras culturas, foi a transformação de vários campos em pastagens para gado.

O gado vinha de Goiás e Mato Grosso, chegava muito magro na cidade, o que fez os produtores desenvolverem técnicas e expertises na engorda bovina, tornando-se o maior centro produtivo de corte do Estado de São Paulo, o que na década de 60 torna a cidade conhecida como "A Cidade do Boi Gordo".

O crescimento da cidade sempre conviveu pacificamente com as margens e com as águas do Rio Tietê, que são limpas e se tornam fontes de energia e de vida.

Convivendo com a agropecuária e favorecimento pela topografia, solo e clima favorável, o cultivo de cana-de-açúcar também se desenvolve na cidade, que com mão de obra especializada e facilidade de escoamento da produção se tornou sede de um dos maiores terminais sucroalcooleiros do Estado, produzindo açúcar, tecnologia e combustível para o Brasil.

Do processo de leite à máquinas de lavar roupas, passando por extrato de tomate e conservas, móveis planejados, medicamentos fitoterápicos, equipamentos hospitalares, produtos químicos, instrumentação de alta tecnologia e confecções são atividades também desenvolvidas hoje na cidade, fruto do processo de industrialização que chegou à cidade de Araçatuba e do chamado progresso. Este progresso foi quem levou para Araçatuba o pioneirismo no asfaltamento de ruas em se tratando de uma cidade do interior paulista, são as ruas do progresso. Progresso esse que trouxe novas preocupações, como a preservação do meio ambiente, o que levou a cidade a desenvolver no seu território a coleta seletiva, impedindo que toda uma riqueza de produtos seja jogada no aterro sanitário, preservando a natureza e produzindo riquezas.

Araçatuba também é um grande centro regional estudantil, possuindo quatro universidades, uma fundação e diversas faculdades. É um grande pólo formador de mão-de-obra especializada, abrigando estudantes de todo o Brasil e formando mentes brilhantes. Talvez seja justamente esta característica que levou Araçatuba a ganhar diversos prêmios, títulos e prestígio.

Araçatuba apresenta grandes eventos no decorrer do ano, como a Festa do Boi Gordo, a Feicana, a Expo Araçatuba, a Motofest, o Baile do Bixo e Fantoledo. Essa alegria combina muito com o espírito de sua população que lotam as noites aos bates, restaurantes, sendo ainda uma nostálgica manifestação de boemia.

INTRODUÇÃO TEMÁTICA

(Texto fictício, usado como base para a montagem do desfile, e orientação aos compositores)

Entrei no túnel do tempo e viajei por décadas e histórias. Em 1908 encontramos uma estação pequena, mas que me chamou a atenção, pois era rodeada de uma mata, no meio da floresta e com pássaros a cantar. Tinha plantas frutíferas, principalmente uma que chamavam de Terra do Araçá - Araçatuba. A música dos pássaros me chamou a atenção, tanto quanto aquele simpático senhor, com seu uniforme e quepe gritando: "O trem vai sair, quem quiser viajar tem que entrar agora, a distância é curta e bonita, mas a viagem é longa e demorará décadas. Nossa escola entrou neste trem e sentamos na janelinha, pois queríamos observar cada detalhe da natureza, cada momento sublime da história. A primeira coisa que nos chamou a atenção foi que um povo diferente, vestido com penas, cocares e corpo pintado, na medida que o trem andava iam ficando para trás, sumindo, não na distância dos dormentes da ferrovia, mas no tempo. Aos poucos o som dos pássaros é totalmente encoberto pelo som da locomotiva e da janela não mais se via aquela vegetação nativa e sim uma outra, também de folhas verdes, mas com pequenos frutos vermelhos. O povo que se avista, era também diferente, com lenços amarrados à cabeça e chapéus de palha, cestos e peneiras de palha. Tinham uns com pele mais branca, outros de olhos puxado, misturados com outros com peles negras e de diferentes línguas japonesa, italiana, espanhola e portuguesa. Logo avistamos uma placa e percebemos que avançamos no caminho, estamos na década de 20. Estranhamente vemos construções se erguendo, uma maior do que a outra, que logo percebemos que é a casa da fé, primeiro uma capela, depois centro budistas, religiões africanas, rezas para Deuses, santos, budas e orixás: expressão das várias manifestações de fé".

Nossos olhos atentos à paisagem esbugalham-se ante as inúmeras plantas com pequenos frutos vermelhos, andando pelas carreiras barões e sinhazinhas ostentando luxo e riquezas no meio da lavoura. Antes que pensássemos em decifrar o motivo de tal progresso, a resposta veio de dentro do trem, quando aquele simpático senhor com umas xícaras na bandeja nos oferece: - querem café? Bastou uma gorpada para deliciarmo-nos com aquele sabor e viajarmos no aroma, mas não deu tempo de tomar o segundo gole, olhamos pela janela e avistamos um mar branco em meio a folhas verdes. Chamamos o simpático senhor e indagamos: Que mar é esse? De pronto e espantado ele responde é algodão, não perceberam que estamos na década de 30? Logo em seguida ele completa: -fechem as janelas, pois temos dois batalhões de soldados lá fora. Não se preocupem é só por precaução, pois eles não lutam contra nós, são soldados da revolução, são constitucionalistas. Passamos a olhar aquele batalhão com suas fardas, seus capacetes e suas armas.

Os batalhões passaram, a lavoura foi destruída. O simpático senhor passa, agarramos sua camisa, e perguntamos: - Senhor porque os soldados destruíram a lavoura de café? Sorrindo ele nos responde: -Não foram os soldados, e não existe lavoura que resista a uma tal de crise de 29 e agora essa geada da década de 40.

O trem avança e passa e a imagem é de um campo com vegetação baixa que vai até o horizonte, Nele tem uns animais diferentes daquela da floresta. No início uns animais magros, mas na medida que os anos vão passando eles vão ficando robustos, gordos. Chegamos na década de 50. Têm alguns homens vestidos com chapéus, montados em cavalos gritando: ô, ô... Xoô Boi-Gordo. Opa tem uma placa com os dizeres "1960 A Cidade do Boi Gordo".

O trem voa, na história e no tempo e a sinalização da rodovia nos alerta: estamos na década de 70. No rumo das placas, bem lá longe avistamos um imenso rio e milhares de pessoas bebendo da sua água, essa fonte de vida eles chamam de Tietê.

No campo começam a brotar umas varas. Mais uma vez socorremos ao simpático senhor para saber que mar de varas saindo da terra era aquele. Ele nunca disfarçava seu espanto com nossa ignorância e respondeu: é o açúcar que adoçou o teu café, é o combustível para aquelas locomotivas que vocês vêem lá fora, é um tal de próalcool.

Nosso olhar se volta para a janelinha e logo percebemos que a nossa volta tem milhares de pequenas locomotivas com rodas, e que aquela terra marrom foi substituída por uma cinzenta, escura que eles chamam de asfalto. Do outro lado, porém, avistamos umas torres esquisitas, que pelas suas bocas soltam fumaça. Acostumados com ficção ignorantes indagamos: -Senhor, aquilo não é um Dragão, não é fogueira, não são nuvens, então o que poderia ser? Ainda mantendo uma calma admirável, ele nos diz que é o processo de industrialização, são fábricas, tecelagem, e nos alerta: - vocês não viram a sinalização da década de 80 e 90 passar? É tudo isto que transforma a natureza no chamado progresso, mas agora percebemos que o lixo do luxo tem que ser reciclado para manter a natureza.

Nossa admiração por aquele simpático senhor aumenta, a curiosidade toma conta e resolvemos fazer uma última indagação: Senhor como o senhor sabe de tudo isto?

Ele nos responde: Nasci aqui, vivi aqui, amo esta terra, sou desta cidade e toda minha sabedoria vem dali - e nos aponta vários prédios. Passamos a ler os letreiros e ao lermos compreendemos. Em cada prédio lavrado alguns significados: universidade, colégio, escolas e educação. Todos os anos essa história é motivo de festas, comemorações, brindes e prêmios.

Logo aquele simpático senhor nos avisa: esta viagem termina aqui, para começar outra tão linda e próspera como esta. Descemos do trem e percebemos que não saímos do lugar mesmo viajando para tão longe: continuávamos na mesma linda e alegre cidade e na placa da estação estava escrito: 2010 Araçatuba Estação do Futuro.

 


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