FUNDAMENTAÇÃO DO ENREDO
O
Grêmio Recreativo Escola de
Samba União Imperial, este ano
vem, sob a proteção dos deuses
gregos, elucidar uma história
que desde os tempos mais
antigos, povos de todo o mundo
fabularam.
Contado, repetido e em evolução
constante por entre as estirpes,
ao mesmo tempo fabuloso e
familiar, o mito grego que
conheceremos forma um elo vivo
desde os tempos imemoriais.
E,
com a maravilhosa missão de
cantar e contar no Pólo Cultural
e Esportivo Grande Otelo esta
obra que tem Íris, a deusa do
arco-íris como protagonista, a
família Imperial narrará que a
filha de Taumas e Electra,
mensageira de Zeus e Hera, numa
luminosa inspiração fez das sete
cores a mais sublime criação. E
assim, firmou o culto humano às
suas mensagens, simbolizado pelo
significado destas cores.
A
heroína era conhecida em seu
reino por ser detentora da
fórmula que possibilitou a
criação das cores, mas também,
principalmente, por deixar o
Olimpo apenas para transmitir
ordenamentos divinos à raça
humana, livrando-a por vezes de
seus próprios vícios, o que faz
ser considerada sua conselheira.
Para inteirar esta conjunção
mitológica, evocaremos o
coadjuvante deste conto o
arco-íris, pois somente através
dele será possível alicerçar, e
também desvendar a originalidade
e solenidade das sete cores
maculadas nos céus por Íris.
Afinal, para os gregos, eram as
intercessões de Íris entre os
seres humanos que condicionava a
ligação entre os homens e os
deuses, simbolizada pelo
arco-íris.
Ainda, na antiguidade, era
sabido que somente após
sobreviver a uma tempestade, os
olhos teriam a alegria de
visualizar o arco-íris.
Todavia, quando tal fenômeno se
abatia com grande intensidade
sobre os mortais, isto
significava o desequilíbrio
moral do homem, ocasionado pela
quebra dos preceitos soberanos
(paixão, energia, fartura,
esperança, tranqüilidade,
harmonia e sabedoria)
delimitados pela deusa Íris,
conforme significado de cada uma
das sete cores.
Portanto, a aparição repentina
do arco-íris através de um
rastro de cores, conjeturava um
significado especial, que era o
sinal positivo de Íris, ao
surgir no céu caminhando pelo
arco formado por sete cores
(vermelho, laranja, amarelo,
verde, azul, anil, violeta) para
findar a tempestade e difundir
mensagens divinais aos homens,
sobrepondo seus inconfessos
vícios (cobiça (avareza),
soberba, luxúria, ira, inveja,
preguiça e gula), atos
responsáveis por escoriar a
ética e a moral, verdadeiros
causadores da destruição de uma
raça.
Por fim, é indispensável frisar
que cometer um desses sete
vícios não significava que a
redenção não poderia ser
alcançada, pois essas moléstias
poderiam ser purgadas por Íris
através das variáveis das sete
cores, e assim, o homem
realcançaria seu equilíbrio.
E
hoje, conduzido pela energia e
magia deste enredo, o Grêmio
Recreativo Escola de Samba União
Imperial adentra o Anhembi com
todo o seu esplendor e
galhardia.
SINOPSE DO ENREDO
A
CRIAÇÃO
A
perpetuação da figura de Íris se
deu à beira de uma singela
cachoeira de sete quedas, quando
o incessante vôo de uma
borboleta circundava seu
caldeirão.
Era chegado o momento do segredo
herdado de seus ancestrais
resplandecer. Então, naquele
instante a flutuante suprema
divindade aterrissou no
recipiente, e após adentrá-lo,
transformou-se em pura
pigmentação. Por sua vez, Íris
recolheu sete cálices daquela
água, sendo um deles de uma das
sete quedas, os adicionou a
substância oriunda do até então
ser alado, e assim, eis a origem
das sete cores.
Na
seqüência, a imagem da linda
deusa virgem foi agregadas um
par de asas e mantos brilhantes,
além de um aro de luz sobre sua
cabeça, para que assim, pudesse
deixar seu rastro nos céus,
legitimando sua função de
defensora de nobres ideais.
A
DESTRUIÇÃO
Ainda, segundo a lenda, a
sobreposição da crueldade dos
homens era algo real, porém
tangível pela bondade de Íris,
uma vez que não se tratava de
uma ameaça coletiva. Entretanto,
jamais a deusa do arco-íris
topava tal questão como trivial,
pois a injustiça e a ferocidade,
características dos seres
humanos inferiores, queriam que
figuras maléficas fossem
percebidas como uma
personificação da maldade
concreta, para que pudessem
justificar seus próprios
delitos.
Era curioso, como se via,
mortais se faziam deuses
"infligindo o uniforme maligno,
na tentativa de inverter papéis,
onde o mal seria o bem".
E,
naquela ótica infame, os vícios
possuíam sentido contrário: a
cobiça seria sábia previdência,
a soberba grandeza de alma, a
luxúria garantiria boa saúde
física e moral, a ira seria
marca de generosidade, a inveja
seria baixeza, enquanto que a
preguiça e a gula eram taxadas
de paradoxais.
Seria possível que seres
pensantes pudessem se iludir com
tais sofismas de uma minoria?
Seria possível que a música
adentrasse as cores? Eram
realmente dignos de lástima
aqueles que confiante naquelas
deduções degeneradas,
obstinavam-se em não compreender
que na luta misteriosamente
representada por Íris e seus
guardiões, profundo símbolo da
bondade, o bem triunfaria.
A
REDENÇÃO
Atos imundos da humanidade
buscaram invariavelmente
consumar a desonra da heroína do
arco-íris. Mas, foi através de
ritual inverso que o conjunto de
qualidades morais foi maculado.
Por isso, tabernáculos ruíram
diante da vergonha e o espírito
vivificante partiu para longe
dos escombros sem valor, mas
consigo levou para mais longe
ainda a enumeração das formas
malditas que a crença cega e
usurpadora dos homens criou.
Tão logo, a designação da
mensageira Íris foi servir de
redentora de todos esses vícios
capitais. A cobiça, que quando
desmedida levaria à destruição,
a soberba, ridícula pretensão de
superioridade, a luxúria,
ilustrada por desejos carnais
irrestritos, a ira, destruição
insana, a inveja demonstrada
pela sensação de inferioridade,
a preguiça, ícone do atraso de
vida e, por fim, a gula, efeito
de extremos, encontra seu espaço
no erro, que difere da verdade,
assim como as trevas da luz.